sábado, 14 de julho de 2012

A resiliência de Russomanno:: Fernando Rodrigues

Há um fator até agora imponderável na disputa para prefeito na capital paulista. O candidato Celso Russomanno (PRB), que enfrenta uma pendência com a Justiça Eleitoral, tem sido dado como carta fora do baralho há meses, mas sua pontuação nas pesquisas de opinião não evanesce. Ao contrário.

No final do mês passado, Russomanno chegou a 24%. É o segundo colocado isolado. Tem três vezes mais do que qualquer um dos terceiros colocados, entre eles Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB). E está a sete pontos de distância do líder da disputa no momento, José Serra (PSDB), cuja marca é de 31%.

O senso comum é dizer que Russomanno é um candidato sem sustentação partidária sólida. Pertence ao PRB, uma legenda ligada a religiosos. Seu desempenho seria só por causa de sua presença em programa televisivos. Nada mais.

Tudo considerado, Russomanno estaria condenado a desidratar por completo em breve.

Ocorre que há dois anos o mesmo Russomanno não caiu ao chão quando foi candidato a governador de São Paulo. Em julho de 2010, ele chegou a 11% num levantamento do Datafolha. Depois, de fato caiu. Mas cravou nas urnas respeitáveis 5,4%. Na capital, teve 6,7% dos votos válidos.

A queda de Russomanno em 2010 foi grande. De julho até o dia da eleição, ele perdeu perto da metade dos seus pontos acumulados em pesquisas de opinião -ficou, porém, longe do zero. A se repetir esse cenário agora, ele cairá para algo próximo a 12% ou 13%. É um desempenho robusto e que pode impedir o progresso de alguns candidatos.

O maior prejudicado pode ser Fernando Haddad. Há uma profecia petista segundo a qual o candidato do partido sempre tem 25% dos votos em disputas paulistanas, no mínimo. Com tantos candidatos médios e com Russomanno teimando em não evaporar, sobra menos espaço de onde o PT possa arrancar apoios.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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