domingo, 29 de julho de 2012

Rio de Janeiro - nos bastidores da campanha, a batalha dos comitês

Paes e Rodrigo Maia têm maior estrutura financeira e já alugaram áreas na cidade; adversários reclamam de falta de recursos e apostam nas redes sociais

Cássio Bruno, Renato Onofre

Um espaço com 45.515 metros quadrados, 61 lojas disponíveis em um único prédio de dois pavimentos, amplo estacionamento, em Jacarepaguá. Assim é o comitê de campanha do prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição. A megaestrutura inclui desde a linha de montagem de placas de propaganda do peemedebista nos fundos do terreno até salas reservadas para a cúpula nomeada para a coordenação. O aluguel do imóvel pode chegar a R$ 800 mil por mês, segundo a imobiliária Renascença, responsável pela locação.

O comitê funciona no antigo Barra Car Auto Shopping, de venda de automóveis, na Avenida Ayrton Senna 6.000, no acesso da Linha Amarela. Paes registrou no Tribunal Regional Eleitoral despesas que podem chegar a R$ 25 milhões - R$ 2 milhões a mais do que a soma dos quatro adversários das principais coligações. Os 20 partidos da base aliada de Paes têm direito a uma sala no comitê. Cada sigla disponibiliza pelo menos dois representantes para se instalarem nos espaços.

Paes monta até gabinete de crise

De acordo com integrantes do PMDB, vão trabalhar no comitê cerca de 200 funcionários, divididos entre administração e infraestrutura. Nas ruas, durante os compromissos, Paes é acompanhado por uma tropa de choque de pelos 150 pessoas, que dão apoio e distribuem material de campanha, como O GLOBO constatou durante uma carreata na Zona Oeste.

A campanha de Paes também contratou uma empresa de comunicação digital para uma espécie de gabinete de crise. Do Rio e de Brasília, jornalistas e técnicos em informática acompanham o que é publicado sobre o prefeito na internet, principalmente nas redes sociais. Todos os adversários também são monitorados.

Ex-presidente da Assembleia Legislativa e presidente regional do PMDB, Jorge Picciani tem local especial no comitê. O coordenador do núcleo central da campanha de Paes é o vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz, presidente do diretório municipal do PMDB. Mas quem manda na campanha é o ex-chefe da Casa Civil do prefeito, Pedro Paulo, que, pela hierarquia, só está abaixo de Paes.

Questionado sobre o valor do aluguel do imóvel e o número de funcionários e cabos eleitorais, Pedro Paulo disse que tudo dependerá das doações que serão feitas. Sobre o valor do aluguel do imóvel, o ex-chefe da Casa Civil disse que está negociando com o proprietário:

- Queremos pagar entre R$ 50 mil e R$ 60 mil ao mês. Estamos pechinchando.

A imobiliária Renascença informou que a negociação da locação está sendo feita diretamente pelo dono do terreno com Paes. Em nota, o prefeito afirmou que o espaço não é de uso exclusivo de sua campanha e, sim, de todos os partidos da coligação. Além disso, diz, apenas parte do imóvel foi alugada como comitê.

Entre os adversários de Paes na corrida eleitoral, só mesmo quem conseguiu apresentar até agora uma estrutura de campanha foi o candidato do DEM, Rodrigo Maia, filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, que tem como vice Clarissa Garotinho (PR), filha dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus. Rodrigo é o segundo candidato que mais planeja ter gastos, R$ 9 milhões.

Quem comanda a campanha é o vereador Alexandre Cerruti (DEM). Até o momento, foi montado um comitê logístico em Benfica para recebimento e distribuição de materiais dos candidatos do DEM e do PR. Mesmo com um pouco mais de organização, até o início desta semana, o local, que custará R$ 18 mil por mês, ainda não tinha telefones e computadores.

- Temos a estrutura que é necessária para o momento. Seguimos a cartilha do Cesar de minimizar este tipo de gasto - explica Cerruti.

Três outros candidatos derrapam na falta de recursos. Marcelo Freixo (PSOL) se apega à militância e concentra esforços nas mídias sociais. Otavio Leite (PSDB) e Aspásia Camargo (PV) prometem usar recursos próprios.

Freixo tem 70 comitês comunitários

Marcelo Freixo, que projetou gastos de R$ 2,5 milhões, está usando a estrutura partidária do PSOL, na Lapa. O candidato conta ainda com os chamados comitês voluntários de militantes. Já são pelo menos 70.

- Nossa força está na militância. Esperam que as doações também venham - explica Freixo.

Quem está mais longe do seu objetivo é a verde Aspásia Camargo, que está usando a sede do PV como comitê. Ao TRE, a candidata informou que pretende gastar até R$ 7 milhões. Só que, até o momento, a folha 01 do registro de doação ainda não foi preenchida. Para a coordenação da campanha, a meta não será alcançada e já ameaça a produção de materiais.

- Estamos conversando com algumas empresas que se identificam com nossas ideias, mas não está fácil -explica o verde Paulo Senra, coordenador de eleições do PV.

No fim do túnel dos recursos está o deputado federal Otavio Leite (PSDB). Ele tirou do próprio bolso R$ 40 mil para começar a movimentar a campanha. Os recursos vão para a produção de televisão.

FONTE: O GLOBO

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