terça-feira, 14 de agosto de 2012

Em Pernambuco, sindicato ameaça parar o Estado

Grupo que já paralisa a refinaria de Suape fala em suspender obras como transposição e Arena da Copa.

Na ilegalidade. E ameaçando

Sindicato dos operários recupera força política, faz cobrança e diz que outras obras do PAC podem parar

Felipe Lima

O maior empreendimento em construção no Estado, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), permanece parado. Já são 13 dias sem atividade no canteiro de obras de 630 hectares. Hoje, 44 mil operários voltam ao Complexo de Suape orientados a bater o ponto, tomar café e cruzar os braços. Assim aconteceu ontem (leia matéria abaixo). Depois de uma racha na categoria, que rejeitou o próprio Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada em Pernambuco (Sintepav-PE) e provocou uma espécie de batalha campal na última quarta-feira, o problema voltou ao tradicional embate entre patrões e empregados. Ontem, agora amparado pela base, o Sintepav ameaçou parar todas as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Estado, incluindo transposição do São Francisco e a Transnordestina, além da Arena Pernambuco e da PetroquímicaSuape (PQS). A greve na refinaria e na petroquímica foi julgada ilegal pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região na última terça-feira.

O diálogo entre trabalhadores e empresas travou por causa da proposta patronal de descontar os dias parados no momento da rescisão. O Sintepav se manifestou contrário à ideia e, assim, renovou a empatia com os operários. E, claro, reuniu forças para endurecer na mesa de negociações.

Com isso, em menos de uma semana, o Sintepav passou de “vendido” a “companheiro”. Na semana passada, foi apedrejado ao orientar que os trabalhadores obedecessem à Justiça e voltassem ao trabalho. E agora, com panfletagem ontem pela manhã e discursos inflamados em defesa dos seus representados, voltou a ser aceito.

Para se ter uma ideia, ontem, operários do Consórcio Conest (formado pelas empresas Odebrecht e OAS), normalmente o mais inflamado nas manifestações contra o sindicato, começaram a rever o sentimento de revolta. “Eles estavam errados quando aprovaram o acordo naquela assembleia sem ninguém. Mas agora temos que impedir o desconto”, comentou um trabalhador, sem querer se identificar e fazendo referência à assembleia do último dia 27 quando o Sintepav fechou o acordo com as empresas prevendo 10,5% de aumento. Descontentes com o termos do acordo, parte dos operários, insuflada por lideranças que ninguém sabe ao certo quem são, promoveu o tumulto e baderna da semana passada.

Ontem, discretamente, alguns assessores da diretoria do sindicato também confidenciaram que a assembleia da forma como foi realizada terminou se mostrando “um erro”.

A maior crítica ao desconto é de que ele é uma desculpa para promover milhares de demissões.

Dentro da obra, especula-se que cinco mil homens estejam com o nome pronto para ser riscado da lista de funcionários dos 20 consórcios de empresas que constroem a Rnest. Outro ponto delicado é que, por sua característica de trabalhadores temporários, que saltam de obra em obra, a rescisão é vista como chance de fazer reserva financeira. Se o desconto de 14 dias for promovido, será praticamente um terço do salário subtraído. Como as remunerações são, em média, de R$ 1,5 mil, o abatimento seria de R$ 500. Aldo Amaral, presidente do Sintepav, comentou ontem a forma de agir de seus opositores: “Aquilo que aconteceu [quebra-quebra de quarta-feira foi banditismo. A maioria dos operários quer trabalhar”.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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