segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Em Recife, PT X PSB

Partidos estão em rota de colisão e crise deve ir além das eleições deste ano.

“PT joga Lula contra o Estado”, acusa PSB

Com a eleição cada vez mais “nacionalizada”, e em meio aos rumores sobre suposta mágoa de Lula com Eduardo, partidos vivem clima de tensão e PSB procura reagir

Sheila Borges

A campanha do Recife foi definitivamente nacionalizada. Está tomando uma dimensão maior a cada dia que passa, deixando evidente que o PT e o PSB estão em rota de colisão e que esse cenário não deve ficar restrito às eleições municipais deste ano. O PSB negava até agora que o fato de o governador Eduardo Campos ter lançado candidato próprio sem o apoio do PT tivesse abalado a relação que Eduardo sempre manteve com o ex-presidente Lula. O PT é que estaria alimentando uma mágoa, que não existiria. Mas declarações dadas ontem pelo presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, revelam, contudo, que a crise é concreta e está incomodando, e muito, os socialistas. Para eles, esses comentários, apesar de falsos, podem estremecer a relação institucional entre os governos estadual e federal.

Sem meias palavras, Sileno afirmou que o discurso de Humberto – de que há um estranhamento e um distanciamento entre as duas legendas – não tem fundamento, mas pode terminar prejudicando Pernambuco, já debitando ao PT qualquer tipo de problema futuro. Ao tentar acertar Eduardo, o PT estaria atingindo, consequentemente, o Estado, na visão do PSB. “A ansiedade de Humberto em ser candidato a todo custo está levando a se pagar um preço que a gente está vendo. Ele coloca Pernambuco contra a presidente Dilma e Lula. É um comportamento que a gente estranha porque esse rame-rame de ficar discutindo que Lula está com raiva de Eduardo não é verdadeiro”, argumentou.

Indagado quem mais estaria por trás desses comentários, além de Humberto, Sileno não detalhou e ainda tentou minimizar as declarações anteriores contra o petista. “Não digo que é Humberto que está fomentando, mas setores do partido estão fazendo isso. O PT paga um preço alto por isso. Agora se alimenta uma falsa ideia, colocando em risco a relação de Pernambuco com Dilma e Lula”.

Em nível nacional, as informações são de que o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro José Dirceu desaprovam a postura de Eduardo não só no Recife, mas em outros locais, como em Belo Horizonte, nos quais o PSB se descolou do PT para que o governador de Pernambuco possa começar a pavimentar o seu projeto de chegar à Presidência da República.

Candidato a vice-prefeito na chapa de Humberto, o petista João Paulo reconheceu ontem que a crise que começou no Recife se ampliou. “Tomou uma dimensão maior em função da nova conjuntura. a disputa local foi nacionalizada. Lula tem um projeto. Não acredito, contudo, que isso atinja Pernambuco. No máximo pode atingir a relação política e pessoal de Lula com Eduardo”, falou. Humberto também tentou desconstruir esse discurso do PSB. “De foram alguma haverá prejuízo para Pernambuco. Lula fez parcerias com os maiores adversários”.

Ainda dentro desse enfrentamento PT X PSB, Humberto acusou o adversário Geraldo Julio (PSB) de fazer uma campanha abastada, que configuraria abuso do poder econômico. Mesmo tentando evitar qualquer confronto político, o próprio Geraldo Julio não resistiu a rebater ontem o petista. “Estou tranquilo. Não há nada irregular e nossas contas estão divulgadas na internet. Inclusive, entre os limites de gastos divulgados, o meu não foi o maior”, revidou. Pelos dados levados ao TSE, a maior previsão de custos pertence a Humberto, que estipulou um teto de R$ 15 milhões. O socialista estimou R$ 8 milhões.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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