sábado, 4 de agosto de 2012

Estudantes dão apoio à greve das federais

Alunos de medicina da UFPE fizeram passeata no Centro, em solidariedade à paralisação nas universidades.

Alunos reforçam a greve de professores

Estudantes de medicina percorreram as ruas do Centro do Recife ontem para manifestar solidariedade aos grevistas. Categoria está de braços cruzados há 80 dias

Há 80 dias em greve e sem perspectiva de negociação, os professores e servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ganham cada vez mais apoio. Ontem, mais de 150 estudantes de medicina percorreram as ruas do Centro do Recife para manifestar solidariedade aos grevistas. No mesmo dia, em assembleia, a Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe) votou pela manutenção do movimento. Dos 180 professores presentes, 173 optaram pela continuidade, cinco foram contra e dois se abstiveram.

Preocupado com a duração da greve, o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, se comprometeu a buscar caminhos para reabrir a negociação entre a categoria e o governo. “A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) pediu uma audiência com o Ministério da Educação (MEC) para que as partes voltem a conversar e a gente possa encontrar um bom entendimento”, afirmou.

Para o presidente da Adufepe, José Luís Simões, a reabertura da negociação precisa ser imediata. “Queremos retomar o diálogo com a União para voltarmos às aulas, mas tem pontos que não abrimos mão”, disse. De acordo com o calendário acadêmico, o segundo semestre das federais teria início nesta segunda.

Questionado sobre uma sinalização para o fim da greve, Simões destacou que não é possível afirmar nada agora, pois a proposta do governo fere pontos cruciais para a categoria. “Estamos defendendo o futuro da universidade pública. Vamos defender a valorização da carreira, melhorias das condições de trabalho, mas o governo precisa reconhecer que está pisando na bola”, explicou.

Os pontos da proposta considerados “inegociáveis” são: autonomia universitária - pois a proposta do governo propõe a avaliação para progresso na carreira dos docentes, através de critérios estabelecidos pelo MEC - e reajuste salarial para todos os docentes, não apenas para os doutores no topo da carreira, que correspondem a 10% da categoria. Na UFPE, no universo de quase 2.400 professores, apenas 5% serão contemplados com o reajuste.

O ato promovido pelos estudantes de medicina também contou com a presença de representantes do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), alunos de outros cursos da UFPE, além de professores e servidores. Um caixão foi levado pelos participantes em protesto às recentes ações do governo federal.

Para Marcela Vieira Freire, aluna do 8º período de medicina, o manifesto foi organizado para apoiar a categoria e contra o silêncio do governo. “Caso o governo continue agindo desse jeito, ignorando a educação e a saúde pública, estaremos enterrando nossos direitos básicos. O caixão representa a morte da saúde e da educação”, explica.

Para simbolizar a indignação, os estudantes seguravam placas, semelhante a lápides, com o nome das instituições federais que estão em greve. Nos cartazes, as mensagens evidenciavam o descontentamento com a oferta oferecida pela União aos professores: “Sou estudante, sou lutador, eu apoio o professor, O SUS doente não ajuda a gente e Greve não é férias”.

O diretor do Simepe e ex-aluno da UFPE, Thiago Henrique, durante o ato reiterou a importância de chamar a atenção da sociedade para a desvalorização das universidades públicas. “Apoiamos integralmente o movimento dos professores. A grande luta hoje é pela qualidade do ensino público”, defendeu.

Entre os representantes dos professores, estava o cardiologista Lurildo Saraiva. Para o docente, a proposta do governo é extremamente humilhante e desvaloriza a categoria.

A caminhada seguiu tranquilamente pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Rua Dom Bosco, onde fica o Memorial de Medicina. Nos cruzamentos, o trânsito era rapidamente fechado para que os estudantes pudessem entregar panfletos e conscientizar a população sobre a importância do movimento.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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