domingo, 26 de agosto de 2012

Maioria acha que horário eleitoral deve ser mantido

O horário eleitoral obrigatório na televisão e no rádio deve ser mantido, na opinião de 64% da população da cidade de São Paulo, segundo pesquisa feita pelo Datafolha. No entanto, 34% dos entrevistados declaram que o formato do programa precisa ser repensado.

Já outros 32% dos paulistanos sugerem que o horário eleitoral seja extinto

Maioria em SP aprova horário eleitoral

Pesquisa Datafolha mostra que eleitores apoiam propaganda em rádio e TV; 34% defendem mudanças no formato

Ala dos partidários da extinção representa 32% do eleitorado; especialistas propõem alterações no modelo

Lucas Neves e Luiza Bandeira

SÃO PAULO - O horário eleitoral na TV e no rádio deve ser mantido, diz a maioria dos entrevistados de pesquisa Datafolha realizada na semana passada, em São Paulo. Mais da metade dos que apoiam a propaganda política, entretanto, acha preciso rever o formato.

De acordo com o levantamento, 64% da população pensa que a publicidade eleitoral deve continuar de algum modo. Esse índice se divide entre os 30% que avaliam que ela deve ficar como está e os 34% que afirmam que o modelo deve ser repensado. Outros 32% sugerem que o espaço seja extinto.

A pesquisa mostra ainda que 57% dos ouvidos declaram que assistirão ao programa. A maioria (62%) diz que o horário eleitoral influenciará na definição de seu voto.

Entre os mais ricos (renda familiar acima de dez salários mínimos), a impressão de que a propaganda eleitoral deveria ser abolida atinge seu índice mais alto (43%). É nesse mesmo grupo que a influência do horário eleitoral sobre o voto é menor -64% dizem que não é "nada importante".

Especialistas ouvidos pela Folha se dividem sobre a relevância da propaganda e propõem alternativas distintas para oxigenar o formato.

Carlos Ranulfo, professor do departamento de ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais, acha que, na disputa para cargos do Executivo, a propaganda é "fonte de informação valiosa", dado o baixo grau de informação do eleitorado.

"Os entrevistados podem até dizer que são contra [a publicidade], mas a veem, e isso altera o voto delas", diz Ranulfo, que faz ressalvas à forma como é usado o espaço dos candidatos ao Legislativo. "As pessoas assistem para rir. Ninguém tem tempo para dizer nada. Poderia haver debates no lugar."

Legendas de aluguel

O publicitário Paulo de Tarso Santos, que trabalhou nas campanhas de Lula em 1989 e 1994 e na de Marina Silva em 2010, também defende o modelo brasileiro, composto por comercias e programas em horários fixos.

Mas considera que o acesso ao horário eleitoral deveria ser reconsiderado, com mudanças no sistema de representatividade. "É preciso acabar com as legendas de aluguel, criadas para ganhar tempo de TV", diz, pontuando que o excesso de partidos atulha o espaço e favorece a ascensão de tipos folclóricos.

O cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, veterano de dezenas de campanhas, discorda. Para ele, bastaria veicular inserções. "Elas surpreendem o eleitor desinteressado do processo político, que não assiste ou ouve o programa e que é quem eventualmente define a eleição."

Outra solução aventada por Lavareda seria tornar semanal o horário eleitoral ou promover um rodízio de veiculação entre as emissoras.

Nem isso seria suficiente, na opinião de Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), para quem o horário político deveria ser extinto.

As emissoras, diz ele, deveriam ser orientadas por lei a promover debates e entrevistas com os candidatos. A divisão da exposição de cada um seria proporcional ao tamanho dos partidos. Nas eleições proporcionais, como não haveria tempo para sabatinar todos, cada partido indicaria um representante.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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