sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mensalão: 'Tenho mais o que fazer', afirma Lula

Ex-presidente diz que não está interessado no julgamento do mensalão; homenageado em evento em São Paulo, ele defendeu seu governo

José Maria Tomazela

Após ser homenageado ontem, em São Paulo, pelo setor de biodiesel, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desdenhou do início do julgamento do mensalão, escândalo que marcou seu primeiro mandato presidencial. "Tenho mais coisa para fazer do que isso. Quem tem de assistir são os advogados", afirmou Lula, ao ser perguntado se acompanharia o julgamento da ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente foi homenageado pela União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e pela Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio). Ao chegar pela manhã no hotel onde foi realizado o evento, na Vila Mariana, zona sul da capital, Lula se esquivou dos jornalistas e das perguntas sobre o julgamento em Brasília.

Durante a homenagem, a imprensa foi mantida à distância da mesa de cerimônia por um cordão de isolamento. Na saída, porém, o ex-presidente não teve como evitar a abordagem. Quando um repórter quis saber por que não assistiria ao início do julgamento, Lula retrucou: "Porque estou trabalhando, meu filho!"

Legado. No discurso, Lula defendeu o legado do seu governo, fez ataques indiretos a adversários políticos e criticou a imprensa. "Aqueles que achavam que o Brasil era pequeno, não sabia fazer coisas, era cachorro vira-lata, perderam. Esse País chegou a um patamar que ele nunca tinha vivido", afirmou a uma plateia de empresários, dirigentes de cooperativas e políticos, na maioria ligados ao PT.

O presidente compareceu à homenagem com as feições marcadas pelo tratamento de um câncer na laringe, que o deixou com uma pronunciada papada no pescoço.

Apesar de aparência fatigada e da voz ainda rouca, Lula exibiu bom humor e falou durante meia hora. Acabou fazendo coro aos presentes que, durante uma hora e meia, se revezaram ao microfone elogiando seu governo. "Esse País é grande, é de respeito e está tão bom que vamos ganhar a Olimpíada no futebol", afirmou.

Depois de criticar a imprensa, que, segundo ele, classificou como eleitoreiros programas como o Bolsa Família e o Luz para Todos, Lula disse que havia criado "uma Argentina" de novos consumidores. "Quarenta milhões elevaram de classe social, esse é o milagre desse País", afirmou.

"Esse País chegou a um patamar que nunca tinha vivido." Ao mencionar a crise financeira internacional, o ex-presidente disse que o Brasil vive um momento diferente de nações como Estados Unidos e os do bloco europeu.

"Podem estar certos de que o País vai terminar o ano crescendo."

"Inteiraço". O ex-presidente brincou com a própria situação, dizendo que tinha mais "papo" do que quando era presidente e, caso remédios e drenagem não resolvessem, iria ceder a papada para fazer biodiesel. Ele disse ter se preocupado em não passar uma imagem de pessoa doente, por isso vestira terno e gravata.

Respondendo a um empresário que havia sugerido sua volta ao Palácio do Planalto, ele disse que, apesar de ter gente que achava que, com o câncer, ele ia parar, estava "inteiraço" para ajudar a Dilma a ser eleita mais uma vez.

"Eu não preciso voltar, eu já voltei. Não vou parar (por cansa do câncer na laringe). Estou aqui inteiraço para ajudar a Dilma ser eleita mais uma vez."

Sugerindo sua proximidade com a presidente, Lula revelou ter falado com ela por telefone, quarta-feira, e reclamou de a ligação ter caído três vezes.

Colaborou Daiene Cardoso

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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