sábado, 11 de agosto de 2012

Número de empregados na indústria cai 1,2% no 1º semestre

Resultado para os trabalhadores é o pior desde 2009, auge da crise

Rennan Setti

A contração da atividade industrial já está fechando vagas: o número de empregados do setor caiu 1,2% no primeiro semestre do ano, informou ontem o IBGE. Foi o pior primeiro semestre para os trabalhadores desde 2009, auge da crise global, quando o emprego do setor foi reduzido em 4,8%. Em junho, houve a quarta queda mensal consecutiva no emprego da indústria, de 0,2%.

No segundo trimestre, a quantidade de postos de trabalho caiu 0,8% em relação aos primeiros três meses do ano. Nos últimos 12 meses, a redução foi de 0,6%.

Vagas caem mais em SP: 3,2%

Como o IBGE informou no início do mês, a produção industrial brasileira fechou o primeiro semestre com recuo de 3,8%. Comparado ao mesmo mês do ano passado, o resultado de junho mostra retração de 5,5%, a maior queda desde setembro de 2009.

Segundo dados divulgados ontem, o número de horas pagas também fechou menor no semestre, com queda de 1,9%. A quantidade de horas pagas está diretamente ligada a horas extras, e a queda prenuncia uma atividade mais fraca.

Já a folha de pagamento real reverteu, em julho, uma sequência de quedas: cresceu 2,5%. Mas, segundo o coordenador das pesquisas de indústria do IBGE, André Macedo, junho foi favorecido pela base de comparação depreciada dos últimos meses e pelo pagamento de bônus e participação nos lucros em alguns setores da indústria. Esse foi o único indicador que encerrou o semestre em expansão, de 3,5%.

- O mercado de trabalho está acompanhando o ritmo mais moderado da produção industrial. Não tinha como ser outra coisa. Mesmo que o dado de produção tenha sido positivo em junho (0,2%), ele não muda o comportamento geral de perdas no semestre - afirmou Macedo.

O semestre foi de perdas generalizadas na comparação com o mesmo período de 2011. Houve contração em nove dos 14 locais pesquisados e em 12 dos 18 setores investigados. São Paulo, que concentra cerca de 40% da indústria nacional, cortou 3,2% das vagas e foi o principal impacto negativo nos números da indústria. Depois vêm Nordeste, (-2,0%), Santa Catarina (-1,5%), Ceará (-3,2%) e Bahia (-2,8%). No Rio, houve queda de 0,6%. Já Paraná teve expansão de 3,3% no número de vagas, e em Minas Gerais, de 1,2%.

Entre os setores, a principal contribuição negativa veio do vestuário (redução de 7,6% nos empregos), produtos de metal (-5,2%), calçados e couro (-6,5%) e têxtil (-5,3%). Impediram uma queda maior os setores de alimentos e bebidas (expansão de 3,8% nos postos de trabalho), máquinas e equipamentos (2,2%) e indústrias extrativas (4,3%).

Sobre o segundo semestre, o economista do IBGE observou que ainda não está claro o cenário para o emprego.

FONTE: O GLOBO

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