sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Operários da GM protestam e interditam Via Dutra

Objetivo é protestar contra início de desativação de fábrica em SP. Engarrafamentos chegaram a 13 km

Lino Rodrigues

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) Em resposta ao início da desativação do setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA), os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos interditaram ontem, por mais de uma hora, a Rodovia Presidente Dutra e pararam a produção de todo o complexo industrial durante o dia. Segundo o sindicato local, a manifestação foi uma forma de chamar a atenção da presidente Dilma Rousseff para que ela intervenha contra a ameaça de demissão dos 1.500 funcionários da unidade. Os trabalhadores retornam hoje ao trabalho.

A ocupação da Dutra, principal rodovia do país, estendeu-se de 6h20 às 7h30, na altura do quilômetro 141, e em frente aos portões das oito fábricas que fazem parte do complexo. O congestionamento, segundo a concessionária Nova Dutra, foi de 13 quilômetros no sentido Rio-SP e nove quilômetros no sentido SP-Rio. Além de bloquear a estrada, os trabalhadores queimaram pneus. Após a manifestação, eles realizaram nova assembleia e decidiram manter a mobilização até o fim do dia.

Sindicato envia carta à presidente

Funcionários da linha da picape S10, que não está ameaçada de fechamento, também aderiram à mobilização. A pedido do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Antonio Ferreria de Barros, o Macapá, a GM deu licença remunerada ontem para os 7.500 empregados da planta.
Uma carta relatando o que está acontecendo na fábrica já foi enviada à presidente. No documento, o sindicato se queixa das "declarações desastradas" do ministro da Fazenda Guido Mantega, "entendidas pela GM como uma autorização para demitir". Na terça-feira, Mantega afirmara que não cabe ao governo "entrar nessa questão de organização interna das fábricas".
"(É) Inaceitável que os dois mil pais e mães de família que correm o risco de serem demitidos sejam tratados pelo ministro como números frios de uma estatística", diz o documento.

No fim da tarde de ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recebeu os representantes do sindicato no Palácio dos Bandeirantes para tratar da ameaça de demissões. Amanhã, mais um encontro reunirá sindicato, GM, Ministério do Trabalho, governo do Estado e a prefeitura do município, às 9h, no Paço Municipal.

Segundo o sindicato, por causa das declarações de Mantega, a GM começou a reduzir ontem mesmo a produção do Classic, único modelo ainda produzido no setor MVA. A fábrica de São José foi inaugurada em 1959 pelo então presidente Juscelino Kubitschek.

A GM culpa a intransigência do sindicato para não trazer projetos de carros novos para a fábrica. O Spin, modelo que substitui Zafira e Meriva, estava previsto para ser fabricado em São José, mas, foi para São Caetano do Sul.

FONTE: O GLOBO

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