sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Opinião pública e clima de opinião - Marcus Figueiredo

Desde o segundo mandato do presidente Lula, o Brasil vem passando um período virtuoso, cujos principais indicadores têm sido altamente positivos para a população. Dentre esses, a avaliação do governo federal. A presidente Dilma herdou esse clima positivo e por mérito próprio o tem mantido, não obstante a crise internacional e o bombardeio que seu governo sofreu no primeiro ano.

Esse clima de opinião tem se espalhado pelo país afora, o que tem gerado um alto grau de otimismo nos partidos da base do governo, principalmente PT e PMDB. Esses partidos esperam no mínimo repetir os desempenhos eleitorais de 2008 e 2010, o que já seria esperado pela própria lei da inércia da opinião pública.

A oposição espera que percalços políticos e outros inerentes às campanhas eleitorais inibam o apoio maciço a esses dois partidos, principalmente o apoio ao PT. A oposição espera que o julgamento do mensalão e os desdobramentos da CPMI do Cachoeira atinjam o coração do PT. Quem conhece bem a dinâmica da opinião pública, principalmente em período eleitoral, sabe que para o povão esses dois eventos são entendidos como "brigas deles! Eles se entendam!". Ademais, esses eventos atingem pouco o dia a dia da população. Quem já condenou os "mensaleiros" já votou no Alckmin. Apesar deles, o povão reelegeu Lula, e o PT conseguiu a segunda maior bancada. A estratégia de então da oposição, "vamos sangrar o Lula até a eleição", não funcionou. E não tem por que funcionar agora. Os resultados da CPMI só aparecerão após as eleições municipais.

Finalmente, cabe chamar a atenção para o fato de que o PMDB não está no meio desses dois megaeventos políticos em curso, não há mensaleiros e nem respingos da "cachoeira", pelo menos até agora.

É nesse ponto que a eleição no Rio fica mais favorável, ainda, a Eduardo Paes. Longe do julgamento do STF e da "cachoeira" de Goiás, Eduardo Paes surfa na onda otimista e virtuosa do governo federal e do governo estadual. A opinião pública, satisfeita, já indicou o apoio ao atual prefeito e mira à frente os benefícios da Copa do Mundo e das Olimpíadas para a cidade que estão sendo construídos. Apesar dos indicadores negativos, mais visíveis, na saúde e na educação básica formal na cidade.

E a oposição, onde está? Até o momento, apenas Freixo incomoda, mas de leve. Seu discurso é dirigido, notadamente, para a Zona Sul. Como vítima das milícias, pretende atingir a Zona Oeste. Mas esse discurso é típico para a eleição estadual, embora a segurança atinja diretamente a população.

Tanto como Freixo, Aspásia Camargo, Rodrigo Maia e Otavio Leite ainda não apresentaram qualquer estratégia discursiva sobre o futuro da cidade.

O cenário eleitoral para o Rio é favorável ao prefeito, e a oposição, mais uma vez, padece do mesmo erro do passado, qualquer oposição: deixa para tentar "fazer a cabeça" do eleitor às vésperas da eleição. É muito difícil mudar a opinião em curto prazo. A "regra-mãe" de qualquer competição eleitoral nos ensina que a situação "nada de braçada" quando está bem avaliada, e as oposições são obrigadas a desconstruir o estado atual e oferecer um mundo novo bem atraente. Entretanto, as oposições no Rio ficaram quatro anos assistindo à chegada da Copa e das Olimpíadas, e de todos os benefícios decorrentes.

Somente muitos debates e o horário eleitoral podem mudar essa situação.

FONTE: O GLOBO

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