domingo, 5 de agosto de 2012

Paes faz campanha com afilhado político de José Dirceu

Prefeito do Rio participou na manhã deste sábado de uma caminhada no calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste

Cássio Bruno

RIO - O prefeito do Rio, Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB, participou, na manhã deste sábado, de uma caminhada no calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste. Paes pediu votos ao lado de vários petistas, entre eles o candidato a vereador Marcelo Sereno, afilhado político e assessor de José Dirceu na Casa Civil do governo Lula. Dirceu é um dos 38 réus do mensalão e foi denunciado no processo como "chefe da quadrilha". O senador Lindbergh Farias, a deputada federal Benedita da Silva e o vice na chapa, o vereador Adilson Pires, todos do PT, também participaram da agenda do peemedebista.

Acompanhado por vários candidatos a vereador, Paes conversou com eleitores e, ao entrar numa lanchonete, fez um brinde com caldo-de-cana. O prefeito tem motivos para comemorar. Ele aparece com 49% das intenções de voto na pesquisa Ibope divulgada na última sexta-feira. Marcelo Freixo, candidato do PSOL, está em segundo com 8%. Rodrigo Maia, do DEM, registrou 5%. Otávio Leite, do PSDB, ficou com 3% e, Aspásia Camargo, do PV, com 2%.

- Vejo (o resultado) com muita humildade e alegria. Quero ganhar a eleição. Tenho muito desejo de continuar sendo prefeito do Rio de Janeiro (...) Nunca fiquei emocionado com pesquisa alta e nem abalado com pesquisa baixa durante minha vida - disse Paes, que possui 20% de rejeição do eleitorado carioca, perdendo apenas para Rodrigo Maia, com 26%.

O prefeito comentou a gafe da última sexta-feira e mudou o tom do dia anterior, quando foi flagrado em áudio vazado numa conversa com a presidente da Empresa Olímpica Municipal, Maria Silva Marques Bastos. Ela o questionou sobre o debate na TV Bandeirantes. Paes disse que ficou "com sono" e achou "chatérrimo".

- Foi um encontro democrático. A gente teve a chance de debater as coisas da cidade. Agora, quando se tem muito candidato falando, toma-se muito tempo - declarou Paes. - Você gostou? Não achou chato, não? - perguntou o prefeito, em seguida, ao repórter do GLOBO.

Ao lado de cabos eleitorais, que carregavam bandeiras com sua foto e nome, Marcelo Sereno tentou manter a discrição durante toda a caminhada com Paes, que durou pelo menos uma hora. Ele evitou posar para fotos com o prefeito. Todos os candidatos a vereador que acompanhavam o prefeito foram anunciados em um alto falante, exceto Sereno. O petista distribuiu panfletos intitulado como "Uma trajetória de muitas lutas". No texto, Sereno diz que "participou ativamente do governo Lula como chefe de gabinete da Casa Civil". O candidato a vereador demonstrou irritação com O GLOBO quando foi questionado sobre o julgamento do mensalão, iniciado, na última quinta-feira, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

- Espero que seja um julgamento técnico e que tenha a melhor decisão possível - afirmou Sereno, lembrando que não assistiu ao primeiro dia de julgamento e encerrando a entrevista.

Marcelo Sereno era secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo em Maricá, na gestão do prefeito Washington Quaquá (PT) até este ano. A indicação para o cargo foi de José Dirceu, deputado federal cassado por causa do mensalão. Sereno se descompatibilizou para disputar as eleições municipais.

Em 2009, Sereno foi arrolado pela Justiça como testemunha do mensalão. À época, ele afirmou que Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) e Silvio Pereira (ex-secretario-geral do PT), ambos réus do processo, foram "muitas vezes" ao Palácio do Planalto. Sereno contou que recebeu o publicitário Marcos Valério, apontado como operador do esquema, na Casa Civil. Segundo ele, os dois conversaram sobre a participação de Valério em campanha política em Petrópolis, Região Serrana do Rio. O ex-assessor disse ainda que Valério chegou a ser recebido por Dirceu.

FONTE: O GLOBO

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