segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PT privilegia campanhas de SP e MG na distribuição de dinheiro

Candidatos nos dois estados foram os que mais receberam doações da direção nacional da sigla

Eduardo Paes (PMDB), que disputa reeleição no Rio, foi o que mais recebeu do próprio partido, R$ 3 milhões

Rodrigo Vizeu, Paulo Gama

SÃO PAULO = Os números da primeira prestação de contas parcial das campanhas em todo o país dão dimensão da importância que PT está dando para suas candidaturas em São Paulo e Minas Gerais.

Dos 7 maiores repasses de verbas feitos pela direção nacional petista no primeiro mês de campanha, 6 foram para candidatos a prefeito dos dois Estados, ambos governados pelo PSDB.

O PT considera a capital paulista estratégica para tentar tirar os tucanos do comando estadual, onde estão desde 1995. Já Minas é governada desde 2003 pelo grupo do senador oposicionista e ex-governador Aécio Neves, possível candidato à Presidência da República em 2014.

Parte da verba transferida pelos partidos aos seus próprios candidatos são as chamadas "doações ocultas" de campanha.

Ocorre normalmente quando uma empresa oferece dinheiro para ajudar uma determinada candidatura, mas não quer associar seu nome diretamente ao candidato.

Então a firma doa ao partido -que mistura a doação com verbas recebidas de várias outras fontes- e, depois disso, o partido entrega o valor correspondente ao candidato indicado informalmente pela empresa.

Fernando Haddad, a aposta bancada por Lula para disputar a Prefeitura de São Paulo, foi quem mais recebeu recursos da direção nacional do PT: R$ 950 mil -além de outros R$ 500 mil doados pelo diretório municipal.

Logo atrás dele está Patrus Ananias, ex-ministro de Lula, candidato a prefeito de Belo Horizonte após uma articulação política liderada pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff. Patrus foi contemplado com R$ 807 mil pela direção nacional.

Petistas que concorrem em cidades das regiões metropolitanas das duas capitais também foram premiados: Maria do Carmo Lara, candidata em Betim, na Grande BH, recebeu R$ 285 mil.

Já a campanha de João Paulo Cunha em Osasco foi agraciada com R$ 475 mil. Réu no processo do mensalão, João Paulo é o terceiro petista que mais dinheiro recebeu da direção do partido em todo o país.

Com a injeção de recursos no Sudeste -a direção estadual do Rio levou outros R$ 475 mil-, quem ficou à míngua foram os candidatos do partido no Nordeste.

Os nomes que disputam prefeituras na região, principal responsável pela eleição de Dilma em 2010, não estão entre os que mais receberam recursos do partido.

O PT não investiu um centavo em seus candidatos em Recife e Fortaleza, onde rompeu com o PSB e enfrenta adversários apoiados pelas máquinas estaduais dos governadores Eduardo Campos e Cid Gomes.

Campeão

Nenhum candidato recebeu tanta doação da direção nacional do próprio partido como Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB no Rio de Janeiro. Foram, segundo sua prestação de contas, R$ 3 milhões, quase oito vezes mais que o doado pelo partido a Gabriel Chalita, que concorre em São Paulo.

No PSB, quem mais recebeu da própria sigla foi Luciano Ducci (R$ 2,15 milhões), que concorre em Curitiba. Os candidatos do partido em Belo Horizonte, Marcio Lacerda, e no Recife, Geraldo Julio, ambos em disputa acirrada com o PT, receberam o mesmo valor: R$ 1 milhão cada.

Oposição

O DEM privilegiou cidades em que acredita ter mais chances. ACM Neto, que lidera as pesquisas em Salvador, levou R$ 750 mil.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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