sábado, 29 de setembro de 2012

Aliança do ex-presidente com Lula e Dilma incomoda aliados


Para Miro Teixeira era preferível perder a ter apoio de Collor; petistas evitam crítica

Chico de Gois, Cristiane Jungblut

BRASÍLIA Vinte anos depois do abalo político que resultou na queda do então presidente Fernando Collor de Mello, protagonistas do episódio avaliam que o impeachment foi um marco na mudança política da sociedade, que, hoje, assiste a outro divisor de águas: o julgamento do mensalão. De lá para cá, muitos políticos mudaram de lado, mas o que ainda incomoda petistas e aliados do PT é a parceria entre Collor e os governos de Lula e Dilma.

Presente na votação de 20 anos atrás, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) afirma que o fato histórico ainda marca a política brasileira, e é um dos poucos que fazem crítica aberta à aliança do PT com Collor:

- A todo instante o impeachment é lembrado, e como aperfeiçoamento da democracia. Collor cumpriu a sua pena, e o povo de Alagoas o elegeu. Mas, daí a fazer aliança política, vai uma grande distância. Se para ganhar for necessária uma aliança com o Collor, melhor perder.

Os petistas, em geral, evitam comentar essa aliança. Nem mesmo a então combativa deputada Luci Choinacki (PT-SC) critica.

- O PT não mudou. Os outros é que mudaram para se aproximar do PT - justifica.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), único senador do PT na época, lembra da atuação do partido pelo impeachment, mas não faz reparo à aliança:

- Eu e o deputado (José) Dirceu conversamos com Pedro Collor por cinco horas. No Senado, ele (Fernando Collor) já tinha renunciado, mas votamos a perda dos direitos políticos. Depois, ele foi eleito legitimamente e hoje tenho uma convivência positiva. Ele demonstrou junto ao Lula atitude de apoio a muitos atos.

Ex-presidente da CPI do PC Farias, o baiano Benito Gama é atualmente secretário do governo petista de Jaques Wagner, e, semana passada, assumiu a presidência do partido de Fernando Collor, o PTB. Ele lembra que sofreu muita pressão, sobretudo do governador Antonio Carlos Magalhães, de quem era aliado.

- Ele (ACM) queria que a bancada votasse unida (contra o impeachment), e eu disse que não podia. Hoje, o Judiciário está tendo uma atuação muito forte, a presidente Dilma tem apoio expressivo. O mensalão é outro marco na História política do país. Não tem apelo nas ruas, mas é muito importante.

Amir Lando (PMDB), senador que foi relator da CPI, hoje advoga em Rondônia e aguarda a oportunidade para assumir, como suplente, um mandato de deputado federal. Também faz a mesma avaliação:

- Foi um ganho para o país, um alerta de decência. Agora os eleitores estão participando mais ativamente da vida política do país.

Fonte: O Globo

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