segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Baía de todos os sonhos – Fernando Gabeira

A Baía de Guanabara não é um caso perdido. Depois do relativo fracasso daquele financiamento do Banco Mundial, na década de 90, a proximidade dos eventos importantes pode despertar o desejo de salvá-la.

Para que a recuperação da área portuária atinja sua plenitude, é preciso uma baía renovada. Na verdade, a própria recuperação do Rio de Janeiro comporta um símbolo menos controvertido do que apenas as UPPs nos morros da cidade.

A Baía de Guanabara poderia desempenhar para o Rio o papel que a Potsdamer Platz representou para Berlim. Havia visitas ao centro de obras, animações mostrando como ficaria depois de pronta e até venda de souvenir. A baía não é um canteiro de obras, mas um espaço de vida. Ela poderia ser mostrada através de imenso aquário que seria uma atração turística e daria, a cada dia, uma ideia do avanço do trabalho.

Na semana passada, estive em Paquetá e mostrei em vídeo as belezas e também o relativo abandono da ilha. Paquetá já tem até favela, mas pode ser de novo um centro de turismo popular. Hoje, já recebe cerca de 10 mil pessoas por fim de semana.

Cientistas que trabalham na baía constataram que as Ilhas Cagarras, hoje transformadas em Monumento Natural, têm plantas e espécies animais consideradas extintas no Rio. Não existe um roteiro turístico potencialmente mais rico do que a Baía de Guanabara para a cidade da Olimpíada. Nas Cagarras é possível mergulhar e até mesmo afundar um navio para que se transforme numa atração para os peixes. O mergulho, como se vê em Fernando de Noronha, abre empregos para empresas especializadas e instrutores, assim como para cinegrafistas que filmam e vendem o CD para o turista.

Eike Batista chegou a comprar um navio para navegar na baía. No entanto, embora a compra seja útil, o ideal seria usar navios tocados a energia solar. Não são apenas turistas que ganhariam com uma Baía de Guanabara renovada. Estudantes, com seus professores, poderiam realizar um passeio, aprendendo sobre o mar, sobre as ilhas e a história, do ‘Baile da Ilha Fiscal’ à presença dos franceses no Rio.

Os empresários e as forças políticas que se uniram para realizar o esforço das UPPs poderiam pensar nesse passo indispensável. Sem a baía renovada, o futuro do turismo no Rio é mais incerto, assim como será mais incerto o retorno da fortuna que vamos investir para realizar Copa do Mundo e Olimpíada. Os candidatos a prefeito, às vezes, se comportam como se a Baía de Guanabara não estivesse nos limites do Rio. Valia a pena introduzir o tema em suas discussões. A Baía não é um caso perdido.

Será que nós somos, como cidade em busca de sua reinvenção?

FONTE: JORNAL METRO-RIO

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