quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Governadores ofuscam apoio de Lula em Recife e Fortaleza

Eduardo Simões e Maria Carolina Marcello – Reuters

Muito popular no Nordeste, onde teve votação expressiva nas duas vezes que se elegeu presidente e quando fez a sucessora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mostrado capacidade reduzida de impulsionar aliados candidatos a prefeito de dois colégios importantes da região: Recife e Fortaleza.

De quebra, nessas duas cidades onde o PT administra, os candidatos petistas estão atrás de nomes do PSB, legenda dos governadores Eduardo Campos, de Pernambuco, e Cid Gomes, do Ceará.

"A capacidade (de Lula influenciar o voto) fica limitada quando ele tem pela frente o candidato apoiado por um governador que é bem avaliado pela população", disse à Reuters o analista político da MCM Consultores Associados Ricardo Ribeiro.

Campos tem avaliação positiva de 71 por cento, segundo pesquisa Ibope divulgada no início deste mês. Já Cid Gomes era avaliado como ótimo ou bom por 45 por cento do eleitorado, de acordo com pesquisa do mesmo instituto feita no fim de agosto.

Se os números de Cid Gomes não são tão bons quanto os do colega de Pernambuco, eles são muito melhores do que o desempenho da prefeita de Fortaleza. A má avaliação dos Executivos nas duas cidades, aliás, é outro fator que ajuda a explicar a vantagem dos socialistas sobre os petistas.

"Tanto em Recife quanto em Fortaleza os prefeitos não têm uma avaliação muito boa", lembra o cientista político da PUC do Rio de Janeiro Ricardo Ismael. "Na eleição municipal, parece que o governador tem uma força maior."
A prefeita da capital cearense, Luizianne Lins, aparece com 20 por cento de ótimo ou bom, enquanto o prefeito do Recife, João da Costa, tem seu governo avaliado como ótimo ou bom por 22 por cento.

Tanto no Recife quanto em Fortaleza, PSB e PT romperam em nível municipal a aliança que têm em âmbito estadual e federal.

Divergências sobre o nome de Elmano de Freitas, escolhido por Luizianne para sucedê-la, levaram os socialistas a lançar a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Roberto Claudio.

No Recife, uma disputa interna provocou a intervenção da Executiva Nacional do PT, que impediu a candidatura de João da Costa à reeleição, após ele vencer prévias contestadas, e impôs a candidatura do senador Humberto Costa.

Preocupado em perder o comando da capital para a oposição, Campos lançou o nome de seu ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio.

Os dois postulantes socialistas largaram com um dígito nas pesquisas, mas cresceram significativamente.

Na capital cearense, o líder é Moroni Torgan (DEM), com 24 por cento. Claudio é o segundo após dobrar de patamar para 16 por cento e o petista Elmano é o terceiro, com 14 por cento, de acordo com o mais recente levantamento do Ibope.

No Recife, Julio lidera com 33 por cento segundo a última pesquisa Ibope, tendo Humberto Costa em segundo com 25 por cento.

Outro fator que explica a ascensão de Julio, que pela primeira vez é candidato em uma eleição, é mais que o dobro de tempo na TV que ele tem do que o candidato petista, graças a uma coligação de 14 partidos, que ainda reforça o nome do socialista devido ao grande número de postulantes a vereador.

Os socialistas veem ainda mais um motivo: a crise interna do PT. "As brigas políticas geralmente não chegam ao povo. Essa chegou", disse à Reuters um membro da coordenação da campanha de Julio.

O estrago é reconhecido até mesmo pelo candidato petista, que tem contado com o apoio de Lula no programa eleitoral na TV. "É lógico que o Geraldo Julio cresceu aqui em cima das nossas contradições", disse Humberto Costa.

"Para nós (o apoio de Lula) é importante, é muito bom o peso mas não é o que vai determinar o resultado eleitoral", admite.

Algumas lideranças petistas fizeram à Reuters, sob condição de anonimato, a avaliação que a disputa pela Prefeitura do Recife "já está perdida".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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