segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Lula ignora mensalão em palanques do ABC

Ex-presidente atua como cabo eleitoral e diz sentir saudades do poder e da militância sindical em porta de fábrica

Depois de articular manifesto contra a oposição, petista omite escândalo e faz elogios ao próprio partido

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - Na volta aos palanques do ABC paulista, no fim de semana, o ex-presidente Lula ignorou o julgamento do mensalão e investiu em elogios ao PT e ao próprio governo.

Ele evitou referências ao manifesto em que partidos aliados acusam a oposição de "golpismo" e de questionar sua "honra e dignidade" ao explorar o escândalo nas eleições. O próprio Lula articulou a redação do texto, divulgado na última quinta-feira.

"Quando fazem críticas ao PT, a gente tem que fechar os olhos e imaginar o Brasil sem o PT. Não seria esse país alegre e orgulhoso que é", disse ontem, em Santo André.

"Estou feliz porque o câncer está derrotado, como estarão os nossos adversários", afirmou horas depois, em novo comício em Diadema.

Em São Bernardo do Campo, anteontem, Lula disse que "não falta nego safado neste país para fazer provocação", mas defendeu a aliança local com o DEM, que fez oposição ao seu governo.

Em Diadema, ele pediu boicote a candidatos do PSDB e do PPS, mas se corrigiu ao ser alertado pelo candidato petista Mário Reali que a última sigla o apoia.

Houve princípio de tumulto quando dois homens com sinais de embriaguez abriram faixas com as inscrições "Lula, cadê o Maluf?" e "Mensalão em Diadema, não". O material foi confiscado por seguranças sem que o ex-presidente visse o incidente.

A 15 dias do pleito, Lula deu uma pausa na campanha por Fernando Haddad em São Paulo para atuar como cabo eleitoral no ABC. A maratona continua hoje em Mauá.

"Depois o pessoal quer que eu vá a Guarulhos, Osasco. O Claudinho da Geladeira quer que eu vá a Rio Grande da Serra...", contou anteontem.

"Não sei se vai dar para ir em tudo quanto é lugar, mas vou falar menos e tentar cobrir o maior número de cidades possível para pedir voto."

Com a voz ainda debilitada, ele falou para plateias com menos de 3.000 pessoas e disse sentir saudade de quando tomava cachaça, em vez de água, antes de falar.

"Quando eu ia na porta de fábrica, eu tomava era uma caninha de manhã. Agora tenho que tomar uma aguinha", reclamou no sábado.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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