sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Em Curitiba, Ratinho Júnior e Ducci devem ir ao segundo turno


Marli Lima

CURITIBA - Os 1,17 milhão de eleitores de Curitiba (PR) vão às urnas no domingo em um cenário bem diferente daquele de quatro anos atrás. Em 2008, o então candidato Beto Richa (PSDB), que em 2010 virou governador, foi reeleito prefeito da capital paranaense no primeiro turno com 77% dos votos válidos. Agora, as últimas pesquisas indicam que haverá segundo turno e que o deputado federal Ratinho Junior, do pequeno PSC, está com uma das vagas praticamente garantida. O atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), que era vice de Richa e quer continuar no cargo que ocupa há dois anos, tem chances de ser o outro nome, mas o ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT) insiste que as pesquisas estão equivocadas e que ele participará da segunda etapa do pleito.

No levantamento do Datafolha divulgado na noite de quarta-feira pela RPCTV, Ratinho Junior apareceu com 34% das intenções de voto, seguido de Ducci, que estava com 25%, e Fruet, com 18%. Outros quatro nomes disputam a prefeitura de Curitiba. Rafael Greca (PMDB) estava com 10% da preferência, Bruno Meirinho (PSOL) tinha 2% e Alzimara Bacellar (PPL), 1%. Avanilson Araújo (PSTU) não pontuou, 5% disseram não saber em quem vão votar e votos em branco ou nulos somaram 6%.

A eleição está sendo uma das mais disputadas da história. No começo, o que se viu na cidade foi empate triplo entre Ratinho Junior, Ducci e Fruet, mas ao longo das semanas o panorama foi mudando. O eleitor gostou da linguagem e do colorido da campanha do candidato do PSC, que tem apenas 31 anos de idade e é filho do apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, o Ratinho. A presença do pai na disputa chegou a ser questionada por opositores, por tratar-se de alguém conhecido no meio artístico, mas o pai participou de carreatas nos fins de semana e pediu votos no horário eleitoral. Nos discursos, promessas de uniformes de graça para as crianças e de mais vagas nas creches, inclusive à noite.

Ducci dividiu boa parte de sua campanha com Richa, mas seu principal cabo eleitoral não conseguiu transferir todos os votos que teve nas últimas eleições para seu candidato. Médico pediatra, o prefeito falou da necessidade de ter experiência para exercer o cargo, mas foi duramente criticado justamente na área de saúde. O aumento nos congestionamentos e na violência também geraram questionamentos, e nem mesmo seu projeto de metrô, que já está com financiamento aprovado, ficou de fora do embate. Em avaliação recente de prefeitos de capitais feita pelo Ibope, Ducci só conseguiu a 11ª posição no ranking, enquanto seus antecessores sempre ocuparam as primeiras colocações.

Fruet entrou nas eleições contando com o apoio do PT, mas não conseguiu adesão da militância do partido e apenas a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, saiu às ruas ao seu lado algumas vezes para pedir votos. Nem a presidente Dilma Rousseff e nem o ex-presidente Lula apareceram na campanha. Fruet já foi do PMDB e do PSDB e saiu dos dois por não conseguir disputar a prefeitura. Quando era tucano, foi um dos críticos do mensalão e sua aproximação com o PT não foi bem recebida.

Greca, que foi prefeito de Curitiba de 1993 a 1997, contou com a ajuda do senador e ex-governador Roberto Requião (PMDB) e passou parte do tempo lembrando o que já fez. Mas, ao contrário do passado, quando lideranças tradicionais como Requião e o também ex-governador Jaime Lerner tinham peso na decisão dos eleitores, que eram avessos a mudanças radicais e orgulhosos da cidade bem planejada, tudo indica que agora eles estão interessados em novidades, conforme analisam cientistas políticos.

Como em anos anteriores, denúncias marcaram a campanha, a começar por reportagem na revista "Veja" que mostrou salto no patrimônio de Ducci. Ele é dono de fazendas e mora em apartamento de luxo, mas afirma que os bens são herança de sua esposa. Jornais com denúncias contra Ratinho foram distribuídos pela cidade. Greca mostrou em vídeos pedaços de asfalto que se soltavam das ruas. Os discursos de Fruet, que começaram mornos, ganharam tons mais agressivos na reta final, na tentativa de alcançar o segundo turno.

Muita estratégia que estava pronta para 2014 vai depender do resultado de domingo e do segundo turno. Richa conta com a vitória de Ducci para facilitar seus planos de ser reeleito governador do Estado. O PT decidiu ficar do lado de Fruet porque também tem planos para daqui a dois anos, quando Gleisi deverá concorrer nas eleições para o governo. Ratinho Junior, que chegou a ser sondado para ser vice tanto de Ducci como de Fruet, usou isso nas falas, dizendo que é o único que não tem compromisso com 2014.

Fonte: Valor Econômico

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