quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Em dia de visita de Temer ao Rio, Eduardo Campos vira alvo do PMDB


Em Duque de Caxias, candidato do partido diz que PSB é ‘partido da boquinha’

Cássio Bruno, Luiz Gustavo Schmitt, Renato Onofre

RIO - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e seu partido, o PSB, viraram alvo do PMDB na última parte da visita do vice-presidente Michel Temer ao Rio nesta terça-feira, para fortalecer campanhas de peemedebistas que estão no segundo turno. Em Duque de Caxias, no último evento do dia, o vice-presidente viu seu candidato à prefeitura da cidade, Washington Reis (PMDB), afirmar que o PSB “é o partido da boquinha”.

- O PSB é o partido da boquinha. Esse governador (Eduardo Campos) quis tirar os royalties do Rio de Janeiro. No dia 29 (um dia depois do segundo turno), o PSB tem já tem uma agenda. É a agenda da traição. Eles já estão namorando os tucanos contra a reeleição da presidente Dilma - discursou Reis, ao lado do governador do Rio, Sérgio Cabral.

Eduardo Campos está no Rio e participa nesta terça-feira, em Petrópolis, da campanha de Rubens Bomtempo (PSB). Temer já esteve no município esta tarde, pedindo votos para Bernardo Rossi (PMDB), adversário de Bomtempo.

No palanque em Duque de Caxias, Cabral e Temer reafirmaram a parceria da presidente Dilma Rousseff no Rio. A presidente, no entanto, pede voto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Alexandre Cardoso (PSB), adversário de Washington Reis. Antes de se candidatar a prefeito, Cardoso era secretário de Ciência e Tecnologia de Cabral e, ao sair, indicou o seu sucessor na pasta.

Temer diz que não vai mais falar sobre polêmica com grupo de Cabral

Temer veio ao Rio após mal-estar criado no PMDB, quando o prefeito Eduardo Paes lançou o nome do governador do Rio, Sérgio Cabral, para vice na chapa da presidente Dilma Rousseff. Antes de ir a Duque de Caxias, ele foi a Volta Redonda, Petrópolis e Nova Iguaçu, onde disputam Antônio Francisco Neto, Bernardo Rossi e Nelson Bornier, respectivamente. Ele almoçou no Palácio da Cidade com Cabral, Paes, Pezão, o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, e o presidente estadual do partido, Jorge Picciani.

Após o almoço, o vice-presidente afirmou que não há arestas para aparar no partido e que a relação não azedou entre ele e seus correligionários fluminenses.

— Não ficaram arestas, aliás não vamos mais falar sobre assunto (a polêmica). O almoço foi muito saudável, de boa qualidade, compatível com o Palácio da Cidade (sede da prefeitura do Rio) - disse Temer, no Palácio da Cidade.

Ao subir no palanque, hoje, no Rio, Temer pediu votos contra aliados da base de sustentação do governo federal como o PR, em Volta Redonda, e o PSB, em Petrópolis e Duque de Caxias. O vice-presidente fez questão de deixar claro que a disputa municipal não vai alterar as relações partidárias na esfera nacional:

— Nós já combinamos que as disputas locais não vão contaminar as nacionais. Nem agora e nem para 2014. Isso está combinadíssimo entre o PMDB, PT, todos os partidos da base e, especialmente, com a presidente Dilma.

Caminhada-relâmpago em Petrópolis

Em Petrópolis, Temer fez uma visita-relâmpago para declarar seu apoio ao candidato Bernardo Rossi. O vice fez uma caminhada por cerca de 20 minutos na Rua Teresa, no centro comercial de Petrópolis. Ao lado dos peemedebistas estava também o prefeito Paulo Mustrangi (PT), que ficou fora da disputa no segundo turno após o Tribunal Superior Eleitoral deferir o registro de candidatura de Rubens Bomtempo, apoiado pelo governador de Pernambuco, que gravou para o programa eleitoral na TV do aliado e, de surpresa, marcou agenda nesta tarde na cidade serrana.

Para Temer, sua participação na campanha de Petrópolis reflete a aliança nacional PT-PMDB, numa referência indireta à presença de Campos no município.

— Quero lembrar que o que existe aqui hoje é a parceria que teve êxito na esfera federal, entre o PT e o PMDB — disse Temer em Petrópolis.

Questionado se a movimentação do governador pernambucano pode rachar a base aliada, Temer desconversou:

— Trabalhamos com hipótese de manter a mesma base aliada. Pelo menos a ideia é essa. Se alguém se desligar da base será por conta própria. Acho que, com o governador Eduardo Campos, vamos trabalhar juntos em 2014.

Enquanto Temer, Cabral e Paes caminhavam à frente, posando para fotos e cumprimentando eleitores, Pezão caminhava em meio aos pedestres, sem o assédio dos eleitores.

Segundo Raupp, a presença dos caciques do PMDB nacional no Rio é a demonstração de que o desgaste interno está superado. Raupp disse entender que Cabral quis reivindicar espaço no partido, mas acredita que 2014 ainda não é o momento para que o governador almeje a Presidência.

Em Nova Iguaçu, Cabral faz promessas em caso de vitória do aliado

Em Nova Iguaçu, Temer fez campanha para Nelson Bornier ao lado do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), Cabral e de outros dirigentes do partido. Paes já não estava presente nesta parte da agenda, mas participou em Volta Redonda e Petrópolis. O vice-presidente participou de uma caminhada e um comício e pediu votos para o adversário da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, que apoiam a atual prefeita Sheila Gama (PDT), candidata à reeleição. Na caminhada que durou apenas dez minutos, o vice-presidente ficou cercado de seguranças e o eleitor não pôde se aproximar dele. Em seu discurso de três minutos, Temer destacou a união entre os governo federal e estadual e prometeu, ao lado do governador Sérgio Cabral repassar recursos para Bornier.

— Faço isso aqui com prazer. Bornier e eu fomos colegas no Congresso. Sei que ele é capaz e, com nossa ajuda, fará grandes obras em Nova Iguaçu — disse.

Cabral, por sua vez, prometeu, caso o peemedebista seja eleito, fazer uma série de obras de infraestrutura na cidade, como a construção de um novo hospital, a implantação de um BRT ligando o município ao Rio e a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

— Você, Bornier, sentiu a violência na pele. Sua equipe passou por um grande constrangimento - afirmou Cabral, lembrando o episódio ocorrido com Bornier durante sua campanha no primeiro turno, quando a equipe do peemedebista foi agredida por traficantes da comunidade Conjunto da Marinha.

Bornier usou parte de seu discurso para elogiar Pezão, pré-candidato ao governo do Rio em 2014. O candidato do PMDB apresentou Pezão como um “grande tocador de obras do Cabral”.

— Eu quero estar neste bloco. Sei que você, Cabral, vai meter a caneta e o Pezão fará obras aqui. E sei também que terei as portas abertas no governo federal com o Michel Temer — disse Bornier.

No final do comício ficou pelo menos meia hora dentro do helicóptero aguardando que a forte chuva que caiu em Nova Iguaçu diminuísse, para poder embarcar para Duque de Caxias.

Fonte: O Globo

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