Eduardo Bresciani e Fábio Fabrini
BRASÍLIA - Uma das fontes do escândalo do mensalão, o aparelhamento político
na estatal Correios continua, sete anos depois. Após passar pelas mãos do PTB e
do PMDB, desalojados do comando em meio a denúncias de corrupção, a empresa
virou feudo do PT, cujos líderes indicaram nomes para os principais cargos de
direção.
Condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, o
ex-ministro José Dirceu e o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) influenciaram a
escolha dos dirigentes. O principal exemplo é o presidente da empresa, Wagner
Pinheiro de Oliveira, que deve sua nomeação ao ex-ministro Luiz Gushiken,
absolvido no julgamento em curso no Supremo, e teve ainda a sustentação do
grupo liderado por Dirceu.
Sindicalista vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e filiado ao
PT, Pinheiro ocupa cargos por sugestão de caciques do partido há pelo menos 20
anos. A ligação com o ex-chefe da Casa Civil, segundo a assessoria do próprio
ex-ministro, vem desde a década de 1980, quando o presidente dos Correios era
funcionário da legenda na Assembleia Legislativa de São Paulo e Dirceu,
deputado.
Nomeado no início do governo Dilma Rousseff com a missão de
"sanear" a estatal após o escândalo de lobby e tráfico de influência
que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil), o presidente dos
Correios recebeu elogios de Dirceu em seu blog. Em janeiro de 2011, o
ex-ministro da Casa Civil se referiu a ele como exemplo de gestor público
"testado e aprovado".
Outro réu com influência na administração dos Correios é João Paulo Cunha.
Graças a ele, o petista Wilson Abadio de Oliveira ascendeu à diretoria regional
da estatal na Região Metropolitana de São Paulo, a mais rentável do País. A
indicação causou uma crise na bancada do PT, no início de 2011, porque Cunha
não consultou os colegas sobre a nomeação.
Ex-chefe dos Correios no Rio Grande do Sul, Larry Manoel Medeiros de Almeida
assumiu a vice-presidência de Gestão de Pessoas graças à indicação da ministra
da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS). Ele já
foi multado pelo TCU em R$ 1,5 mil por irregularidades em licitações e na
execução de despesas quando atuava na regional gaúcha. Almeida não recorreu da
condenação, quitando o débito.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, escalou seu ex-auxiliar no
Planejamento, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, para a diretoria de
administração. Na cúpula dos Correios os petistas encontraram espaço para
alojar também, como assessor especial, Ernani de Souza Coelho, marido da
ex-senadora Fátima Cleide (PT-GO). Ele acumula ainda a presidência do conselho
deliberativo da Postalis, o bilionário fundo de pensão dos funcionários.
O presidente dos Correios tem ainda outros auxiliares com carteirinha do PT.
Seu chefe de gabinete, Adeilson Ribeiro Telles, é militante da legenda e, assim
como o patrão, sindicalista com forte atuação na CUT. Na presidência da
Postalis, Pinheiro colocou Antonio Carlos Conquista, seu ex-chefe de gabinete
na Petros e filiado ao PT paulista.
Estatuto. O aparelhamento decorre também de um rearranjo institucional, que
deu margem a mais apadrinhamento em cargos-chave. Mudanças feitas no Estatuto
dos Correios, no ano passado, permitiram à atual diretoria nomear funcionários
de outros órgãos públicos para funções técnicas e gerenciais, antes exclusivas
de servidores de carreira, cujas remunerações variam de R$ 13,3 mil a R$ 18,7
mil.
Com isso, petistas de outros setores da administração puderam se abrigar na
estatal. O Estado obteve a relação dos ocupantes desses cargos na administração
central da empresa, em Brasília. Boa parte foi preenchida por militantes ou
ex-militantes do PT.
Na chefia da Universidade dos Correios, Pinheiro alojou a professora
Consuelo Aparecida Sielski Santos, filiada ao PT catarinense, cedida pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Para assessorar Larry na vice-presidência de Gestão de Pessoas, escalou
Alexandre Vidor, militante do partido no RS. Na Comunicação Social, foi alocado
Felipe de Angelis, também do PT gaúcho. A vice-presidência de Administração
abriga, como assessor, Idel Profeta Ribeiro, ligado à legenda em São Paulo.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Larry Manoel Medeiros de Almeida, explicitamente afrontando a Súmula Vinculante nº 13 (nepotismo), nomeou sua esposa, Francisca Santos da Silva, assessora o vice presidente de Administração. Seu chefe de gabinete, Pedro dos Santos Binotte, carteiro, natural de Faxinal do Soturno/RS, mesmo recebendo mais de R$ 20 mil mensais, está inscrito em programa habitacional da COOHRREIOS RS. Binotte, de forma simulada, é dono de empresa de terceirização de serviços de mão-de-obra aberta em nome de sua esposa. Através da COOHRREIOS RS, beneficiam empreiteiras ligadas a agentes políticos do PT, sem licitação. Larry, promove advocacia administrativa em prol da cooperativa. O diretor regional dos Correios RS, Jair Batista Antunes, também foi condenado pelo TCU.
ResponderExcluirLarry Manoel Medeiros de Almeida, defendendo interesses privados perante a Administração Pública, valendo-se de sua função, dilapida o patrimônio da ECT em Porto Alegre. De forma simulada, beneficia empreiteiros ligados ao PT em negócio imobiliário milionário relativo a imóvel da ECT na Av. Baltazar de Oliveira Garcia em Porto Alegre/RS.
ResponderExcluirPedro dos Santos Binotte, chefe de gabinete do vice presidente de gestão de pessoas na Administração Central dos Correios, através da COOHRREIOS RS e FENAHTECT buscam nos recursos públicos destinados à habitação popular beneficiar empreiteiros ligados ao PT, a exemplo do que ocorreu com a BANCOOP/SP.
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