sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ida de Russomanno ao 2º turno não é garantida, diz Datafolha


Ibope também vê fenômeno na queda do candidato do PRB

Tatiana Farah, Marcelle Ribeiro, Gustavo Uribe, Silvia Amorim

SÃO PAULO - Depois de uma queda de dez pontos percentuais em duas semanas, o candidato Celso Russomanno (PRB) já não tem mais garantido seu lugar na disputa do segundo turno em São Paulo. O encolhimento da candidatura não encontra par na história recente das eleições paulistanas, avaliam os diretores do Datafolha e do Ibope, e deixa o cenário embolado até o dia da eleição.

- A ida de Russomanno ao segundo turno não está mais garantida. Resta saber se ele chegou ao piso, com esses 25% de intenção de voto, ou se pode cair mais. Não se pode descartar um segundo turno entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) - avaliou o diretor do Datafolha, Mauro Paulino.

Pelo Datafolha, Russomanno tinha 35% em 19 de outubro e, anteontem, caiu para 25%. Nesse período, Serra oscilou de 21% para 23%, empatando tecnicamente com Russomanno. Haddad subiu de 15% para 19%, mantendo empate técnico em segundo com o tucano. Para Paulino, a "desidratação" de Russomanno poderia ter sido antecipada se o PT e o PSDB tivessem iniciado os ataques ao candidato no início da campanha:

- Adiaram (o embate) para o último momento, e essa queda é totalmente incomum. Nenhum outro candidato em eleições paulistanas sofreu uma queda desse tamanho na reta final.

A diretora-geral do Ibope, Márcia Cavallari, também aposta na indefinição do segundo turno. Ela concorda com a avaliação de que a grande queda de Russomanno é inédita em São Paulo e lembra que houve quadro parecido nas eleições presidenciais de 2002:

- O Ciro Gomes, do PSB, cresceu durante a campanha e depois caiu.

Especialista em ética e religião, o filósofo Roberto Romano diz que a entrada em campo do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Edir Macedo, só prejudica Russomanno:

- Na verdade, Russomanno era mais um balão inchado pelo vento da guerra entre PT e PSDB, mas esses dois partidos têm fortes raízes na cidade e reagiram.

Para Romano, o fator religioso ajudou na derrocada e tende a ganhar mais espaço no segundo turno:

- Haverá uma mobilização dos católicos conservadores e de centro-esquerda como reação à Universal. Acho trágica essa transformação das forças religiosas em forças políticas.

Presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, o especialista em marketing eleitoral Carlos Manhanelli avalia que Russomanno deve garantir vaga no 2º turno. Mas, chega desgastado.

- Tudo leva a crer que não há mais tempo de reverter essa situação. Mas o candidato do PRB chega ao segundo turno bastante enfraquecido.

Russomanno disse ontem que está sendo "massacrado" por "mentiras":

- Apesar de tudo, nos mantemos em primeiro lugar. E vamos para o 2º turno. No segundo turno temos mais tempo de TV. É muito difícil mostrar as propostas e até se defender dos ataques que estou sofrendo. De tanto massacrar, massacrar, a mentira vai parecer que é verdade.

O candidato minimizou a participação de Edir Macedo:

- Pode ser importante para você (ao repórter). Para mim, não é. Não vou falar sobre religião.

Já Haddad disse ser um "equívoco" que as igrejas sejam "instrumentalizadas a favor de um candidato".

Fonte: O Globo

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