quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Lula poderá compensar bem em São Paulo derrotas do PT em BH e no Norte e Nordeste – Jarbas de Holanda


Com a eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo – no cenário provável de confirmação das pesquisas – o ex-presidente Lula reafirmará sua liderança pessoal no PT e sua influência na condução política do governo de Dilma Rousseff; avançará no projeto de conquista do governo paulista, a ser reforça-do, ou não, pelos resultados de outras disputas esta-duais no 2º turno, sobretudo a de Campinas; e com-pensará as importantes derrotas do lulismo e do Palácio do Planalto em Belo Horizonte e no Recife, com provável repetição domingo próximo em várias capitais do Norte e do Nordeste. Assim, diluindo o forte desgaste que, sem a vitória paulistana, ele sofreria com o fracasso da imposição de escolhas pessoais, como a de Haddad, que fez de candidatos do PT para disputas no Recife, em Teresina e em várias cidades. Outra compensação dessas derrotas está sendo o aumento da votação do PT no conjunto do pleito municipal (à frente das do PMDB e do PSDB), bem como do número de prefeituras de municípios do interior que o partido ganhou no 1º turno, além de algumas de maior porte que ganhará no turno final.

Quanto ao golpe que Lula desferirá no PSDB com uma vitória de Fernando Haddad e com o crescimento do PT no estado de São Paulo, seu objetivo direto é preparar o enfrentamento da candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin. Para a conquista do governo paulista (um dos dois baluartes da oposição, SP e Minas), que facilitaria a fragilização da candidatura presidencial do tucano Aécio Neves. Mas Alckmin manteve no 1º turno, com a perspectiva de preservação no 2º, peças básicas do seu sistema de apoio, liderado pelo PSDB.

Por outro lado, a precariedade do desempenho do PT e de suas alianças em disputas referenciais do Norte e do Nordeste (somada à derrota no pleito de Belo Horizonte), que tende a ser repetida no 2º turno, aponta para uma redução do desequilíbrio político entre as forças governistas e oposicionistas no próximo pleito presidencial. A oposição recuperou competitividade em Manaus, Belém, Teresina, Salvador, podendo nelas vencer as disputas finais; e participou da derrota do PT no Recife, sendo parte da coligação antipetista em Fortaleza agora; além de ter ganho as prefeituras de Maceió e de Aracajú.

PSD. Governismo troca acerto  com PSB por fusão com o PP

Mesmo ainda participando do 2º turno da campanha oposicionista de José Serra, o principal dirigente do PSD, Gilberto Kassab, tem dado passos no sentido de fusão da legenda com o PP, que começaria com a montagem de um novo bloco de apoio ao governo Dilma. A imprensa vem registrando que as articulações de Kassab com essa finalidade são feitas com segmentos do PP não alinhados ao presidente Francisco Dornelles, como o senador Caio Nogueira e o deputado Paulo Maluf. Tal bloco, se constituído, teria uma bancada na Câmara equivalente à do PMDB, o que qualificaria o novo partido a ocupar vários ministérios, além de propiciar-lhe tempo de televisão e repasse do Fundo Partidário bem maiores os das atuais legendas. Essas articulações deixam para trás, ou anulam, o plano inicial do PSD anunciado por Kassab (ao romper com o DEM) de um relacionamento estreito com o PSB do governador Eduardo Campos, visando aos objetivos, articulados ou alternativos, de integração diferenciada (em relação ao PT e ao PMDB), à base governista, ou preparo de uma terceira via na política nacional.

O descarte daquele relacionamento começou a manifestar-se na desigualdade de posturas dos dois partidos nas eleições municipais. Da parte do PSB, o confronto com os petistas em disputas importantes como as de Belo Horizonte, do Recife, de Fortaleza, de Campinas, no 1º turno, e no 2º também nas de Manaus e Uberaba, em vá-rios casos por meio de aliança com o PSDB. E da parte do PSD de Kassab – com exceção do pleito paulistano, em face de antigo compromisso pessoal dele com José Serra –composições predominantes com candidaturas do PT, bem exemplificadas pelos apoios a Patrus Ananias em BH (que só não se formalizou por causa de veto da Justiça Eleitoral), em Salvador, em Manaus, no estado de São Paulo (em grandes cidades do interior e da Região Metropolitana, como Santo André). Apoios acertados com o Palácio do Planalto e com o próprio ex-presidente Lula.

Jarbas de Holanda é jornalista

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