segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Prefeito do Rio lança Cabral para vice de Dilma em 2014


O prefeito do Rio, Eduar­do Paes (PMDB), antecipou o debate sobre sucessão pre­sidencial ao lançar ontem o governador Sérgio Cabral como vice de Dilma Rousseff na eleição de 2014.

"A gente respeita o vice-presidente Michel Temer, mas agora é a vez de o governador Cabral ser o vice", dis­se Paes, reeleito com a maior votação do país.

Prefeito do Rio lança novo vice para Dilma em 2014

Reeleito com votação recorde, Paes prega aliado Cabral no lugar de Temer

Defesa do nome do governador do Rio escancara a disputa de espaço dentro do próprio PMDB

Evandro Spinelli e José Ernesto Credendio

SÃO PAULO - Uma semana após ser reeleito prefeito do Rio com a maior votação do país, Eduardo Paes (PMDB) antecipou a sucessão presidencial de 2014 e lançou o nome de seu aliado e governador Sérgio Cabral como candidato a vice de Dilma Rousseff (PT).

Escancarando o racha no partido, o prefeito defendeu ontem Cabral como substituto de Michel Temer, líder peemedebista que tentou eleger Gabriel Chalita em São Paulo, mas que foi derrotado.

"O que a gente pensa para a aliança PT-PMDB para 2014, o que eu quero, é que o Sérgio Cabral seja o vice da Dilma. A gente gosta e respeita o vice-presidente Michel Temer, mas agora é a vez do governador Sérgio Cabral ser o vice", afirmou Paes, durante a 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa.

A declaração de Paes, antes mesmo do segundo turno, atinge três adversários da base aliada de Dilma de uma vez: o senador Lindberg Farias (PT-RJ), o grupo de Temer e o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

No Rio, o PT apoiou a reeleição de Paes já no primeiro turno, mas Lindberg disputa espaço com o PMDB em várias cidades do interior. O senador quer ser candidato à sucessão de Cabral, se possível com apoio do próprio PMDB, que já anunciou que pretende lançar o vice-governador Luiz Fernando Pezão.

O próprio Pezão, em entrevista ao jornal "Extra", defendeu a candidatura de Cabral a vice de Dilma. "Nada contra nosso Michel Temer, mas o Rio tem de se colocar."

A iniciativa do PMDB do Rio de marcar posição se dá no momento em que as legendas aliadas se agrupam para disputar o segundo turno e se preparam para a sucessão na Câmara e no Senado em 2013.

Outro fato novo do primeiro turno foi o salto do PSB de Eduardo Campos, que venceu o PT em Recife e Belo Horizonte, o que o coloca como possível parceiro tanto para petistas como para o PSDB.

Líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP) prega a manutenção da aliança com o PMDB e diz que a escolha do vice é uma decisão do aliado, mas que prefere a manutenção de Temer.

O senador Vital do Rego (PMDB-PB) diz que é cedo para iniciar o debate de 2014. "Definido o segundo turno, nossa prioridade é discutir [a sucessão no comando] a Câmara e o Senado", afirma.

Ele diz, porém, que tem preferência pelo nome de Temer -para ele, mais capaz de manter a unidade do partido. Cabral chegou a ficar acuado nos últimos meses por causa de sua amizade com Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, um dos pivôs da CPI do Cachoeira. Ele foi fotografado ao lado de Cavendish com guardanapos na cabeça em festa em Paris.

A vitória de Paes com 2,1 milhões de votos, porém, volta a fortalecer Cabral, padrinho político do prefeito. "Nenhuma candidatura apoiada pela presidente Dilma teve vitória tão consagradora quanto a nossa", diz Paes.

Partido tenta manter sua força na base aliada

Ao colocar o governador Sérgio Cabral como possível vice de Dilma Rousseff em 2014, o PMDB move as peças do jogo para ao menos manter a correlação de forças da base aliada após uma eleição que confirmou o protagonismo peemedebista nos municípios, mas também elevou o PSB a partido ascendente no país.

Se o PMDB foi o partido que mais elegeu prefeitos no primeiro turno -mais de mil-, por outro lado encolheu 15% em relação à eleição de 2008 e perdeu para o PT a liderança em número total de votos obtidos.

O PT teve 14% mais votos para prefeito -taxa de crescimento que ficou atrás do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido de Campos reuniu 51% mais votos que em 2008 e agora é a quinta legenda em prefeitos eleitos, além de ter levado Belo Horizonte (MG) e Recife (PE) no primeiro turno.

Se no Rio a dupla Eduardo Paes-Sérgio Cabral já liquidou a fatura, o vice Michel Temer viu seu candidato Gabriel Chalita ficar apenas em quarto lugar nas eleições paulistanas -ainda assim, foi cobiçado pelos petistas no segundo turno.

Com dois quadros na mesa, Temer e Cabral, e à beira da disputa pelo controle do Congresso, o PMDB indica que não que planeja entregar a cadeira de vice a outro partido em 2014.

Fonte: Folha de S. Paulo

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