terça-feira, 9 de outubro de 2012

Recados do eleitorado municipal – O Globo/ Editorial


A cada dois anos, a democracia brasileira se revitaliza nas urnas. Desta vez, o pleito coincidiu com outra demonstração de fortalecimento das instituições, dada pelo julgamento do mensalão, em que políticos e militantes petistas e de partidos aliados têm sido condenados, apesar de fazerem parte do grupo que se encontra no poder em Brasília há dez anos. Nas urnas e no STF, fortalece-se a democracia representativa, com a imprescindível independência entre os Poderes.

Vencida a primeira etapa do pleito, destaca-se, entre os vencedores, o governador de pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB. Emblemática a cena da mesa montada na festa da vitória do candidato do governador à prefeitura de Recife, Geraldo Júlio, em que Campos ocupava o centro, não muito distante do senador peemedebista Jarbas Vasconcelos, duro crítico do PT e Lula. Outro destaque do primeiro turno é o senador tucano Aécio Neves, ao qual Campos se associa na vitória em Belo Horizonte, na reeleição de Marcio Lacerda (PSB) e na consequente derrota do ex-ministro petista Patrus Ananias. Dilma se envolveu na campanha do candidato do PT, mediu forças com Aécio, numa possível prévia de 2014, e perdeu. O governador pernambucano e o senador mineiro se preparam para voos mais elevados.

As urnas alertaram, ainda, o núcleo que controla o PT que ele não pode tudo. Fez uma desastrosa intervenção no Recife e uma aposta também equivocada em Belo Horizonte. Com isso, inscreveu a derrota de Patrus Ananias na conta da presidente Dilma. E quanto a Lula, se ele é obrigado a carregar o peso das derrotas em Recife e na capital mineira, ao menos pode se vangloriar de, mais uma vez, tirar um nome do bolso e fazê-lo um candidato viável. Ontem, Dilma; agora, Fernando Haddad. Se o ex-ministro da Educação ganhar de José Serra no segundo turno, todos os percalços petistas serão esquecidos.

O PT parece padecer da fadiga de material observada em toda legenda com extensa quilometragem no poder. Fora São Paulo, e cidades menores, o encolhimento do partido em grandes capitais - o pífio rendimento em Porto Alegre é exemplar - encerra lições para a legenda.

São Paulo trouxe, ainda, o risco da explosiva e indesejada mistura de religião com política, felizmente exorcizada com a derrota de Celso Russomanno (PRB).

Já a vitória esmagadora de Eduardo Paes, por sua vez, confirma que o eleitor municipal, ideologias à parte, vota em quem demonstra saber administrar a sua cidade. Beneficiado por uma inédita aliança com o governador do estado e o presidente da República, o prefeito reeleito pode continuar um amplo programa de obras, também impulsionadas pela feliz coincidência da Copa e das Olimpíadas.

No segundo turno, São Paulo atrairá as atenções. Espera-se que também da Justiça eleitoral, pois o governo Dilma será convocado por petistas a ser uma força ativa na campanha de Haddad.

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