Recentemente, me lembrei de uma citação folclórica que volta e meia é repetida
no meio político e refere-se a uma proposta para encerrar a guerra do Vietnã
nos anos 60, atribuída a um senador dos EUA.
A sugestão dele era que o presidente americano devia simplesmente declarar
vitória, unilateralmente, e retirar as tropas daquele país do Sudeste Asiático,
colocando um ponto final no confronto.
No plano das alegorias, é mais ou menos isso que o PT tenta fazer ao
propagar que dizimou os adversários nas eleições municipais de 2012.
O fato de ter vencido em cidades importantes do país não autoriza o partido
a generalizar o resultado. Pelo menos não com o amparo da realidade.
A principal característica das eleições municipais deste ano é a
distribuição equilibrada entre os partidos que obtiveram as maiores votações. O
PMDB foi o partido que elegeu o maior número de prefeitos, seguido pelo PSDB e
pelo PT.
Mas, na política, a criatividade é grande e surgem análises de todos os
tipos, prontas para atender o gosto do freguês. Há quem prefira somar o número
das cidades sob o comando de cada legenda para apontar vencedores ou
derrotados. Há aqueles que analisam resultados sob a ótica das alianças
políticas e não das legendas isoladas. Quem não pode somar cidades, opta por
somar a população a ser governada por um partido. Não falta, inclusive, quem,
na ausência de ter o que contabilizar, defenda o caráter estratégico de suas
conquistas.
Na verdade, o resultado político dessas eleições é muito mais complexo do
que pode apontar esse tipo de análise. Talvez porque não exista um, mas
diversos resultados.
Se a discussão em torno dos números não se mostra tão favorável ao PT como
seus dirigentes se esforçam em demonstrar, há uma derrota política que
certamente incomoda mais nesse momento ao Planalto.
Ao transformar algumas disputas em verdadeiros plebiscitos, o PT colheu a
derrota direta do ex-presidente Lula ou da presidente Dilma em locais de forte
simbolismo. Em Manaus e Salvador, assim como nas três principais cidades de
Minas -Belo Horizonte, Betim e Contagem-, de forma especial, o que prevaleceu
foi o não ao PT.
Ao PSDB, cabe agradecer os 13,9 milhões de votos em nossos candidatos a
prefeito, no primeiro turno das eleições, e 5,6 milhões, no segundo. Isso sem
levar em consideração os incontáveis apoios que tivemos nas alianças firmadas
com outros partidos pelo país afora.
Com erros e acertos, o PSDB reafirmou sua posição de principal polo de
oposição no país. O partido precisa agora entender o que disseram as urnas.
Inclusive o recado dos milhões de brasileiros que preferiram não votar,
descrentes da política.
Fonte: Folha de S. Paulo
ResponderExcluirAgora Aécio é chorar o leite derramado.