quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dilma terá encontro com PT e PMDB


Presidente quer contornar críticas e debater sucessão na Câmara e no Senado

Luiza Damé, Júnia Gama

BRASÍLIA - Um dia após os senadores petistas terem reclamado da pouca disposição da presidente Dilma Rousseff na campanha eleitoral, ela se reuniu com o vice Michel Temer e confirmou para terça-feira, no Palácio da Alvorada, o encontro com dirigentes e líderes do PT e do PMDB (os dois maiores partidos da base aliada) no Congresso. A presidente começa a se mostrar mais aberta à discussão política com aliados, segundo interlocutores.

Na reunião do Alvorada deve ser feita uma análise conjuntural do resultado dos dois partidos nas eleições municipais e dos efeitos para decisões futuras - PT e PMDB tiveram o maior número de votos e de prefeituras, mas perderam espaços importantes, principalmente no Nordeste. Uma análise preliminar já tinha sido feita no encontro de segunda-feira entre Dilma e Temer.

Na pauta do encontro de terça à noite no Alvorada, também serão debatidos os compromissos entre PT e PMDB, como a sucessão na Câmara e no Senado. O PT deverá reafirmar o apoio ao candidato do PMDB à presidência da Câmara, o atual líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN). Há preocupação no PMDB com movimentos de setores do PT que tentam implodir a candidatura de Henrique Alves.

Também caberá ao PMDB indicar o sucessor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O candidato do partido é Renan Calheiros (AL), que também participará do encontro no Alvorada. Dilma chegou a cogitar no primeiro semestre que o sucessor de Sarney fosse o ministro-senador Edison Lobão, mas desistiu de comprar essa briga com o principal partido aliado.

A presidente e seu vice, que nunca foram muito próximos, estão tentando estabelecer uma nova rotina na relação política, justamente para evitar problemas entre os dois partidos. E para afastar ruídos, como o ocorrido esta semana a partir dos contatos de Michel Temer com o prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Graças à proximidade com o PMDB - o partido na Bahia apoiou sua candidatura -, ACM Neto manifestou que seu interlocutor no governo federal seria Michel Temer, o que teria desagrado à presidente. Temer já havia dito a Dilma, na véspera, que se tratara apenas de um ruído. E o próprio prefeito eleito se corrigiu e disse que terá "relação institucional" com o governo Dilma.

Devem participar do encontro, além de Dilma, Temer e Renan, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN) e os senadores Sarney, Valdir Raupp (RO) e Eduardo Braga (AM), pelo PMDB; Rui Falcão, os deputados Jilmar Tatto (SP) e Arlindo Chinaglia e os senadores Walter Pinheiro (BA) e José Pimentel (CE) pelo PT. Os senadores petistas disseram anteontem que a presidente não faz política e que a população não a identifica com o PT.

No encontro de ontem, Temer entregou a presidente um DVD sobre a vida do famoso ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill.

Fonte: O Globo

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