quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PIB em banho-maria - Míriam Leitão

Com a divulgação do IBC-Br de setembro, ontem, todos os indicadores que servem para calcular o PIB do terceiro trimestre ficaram disponíveis para os economistas. O dado oficial ainda será divulgado pelo IBGE, mas as contas mostram que o período foi o mais forte em mais de um ano. Ainda assim, 2012 será fraco, porque o primeiro semestre foi muito ruim.

Depois de cinco altas seguidas, o índice de atividade do Banco Central, o IBC-Br, caiu 0,5% em setembro. Mas no terceiro trimestre, subiu 1,2%. Desde o começo de 2011 um aumento tão forte assim não acontecia. A economia brasileira, aos poucos, parece estar deixando o pior momento para trás.

São vários os indicadores que mostram que o nível de atividade esquentou do segundo para o terceiro trimestre (vejam no gráfico). A produção industrial subiu 1%. O varejo vendeu 2,3% a mais, na mesma comparação. O fluxo de caminhões nas estradas ficou 3% maior, enquanto a expedição de papelão ondulado - a embalagem das embalagens - cresceu 2,6%. Dos indicadores que servem para antecipar o resultado do PIB, só caiu o do consumo de energia, mas pouco.

O economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, acha que o terceiro trimestre será o melhor do ano, mas vê essa recuperação com cautela. Houve muita antecipação de compra de veículos no período, porque o IPI reduzido tinha prazo para acabar; além disso, um problema crônico não foi resolvido: a falta de investimentos.

- O investimento deve fechar o ano com queda de 3%. O consumo também desacelerou. O segundo semestre está sendo melhor, mas porque o primeiro foi muito ruim - afirmou.

Sérgio Vale, da MB Associados, também aponta o investimento baixo como uma das causas para o PIB fraco em 2012, de apenas 1,3%, pela sua projeção. As exportações não estão ajudando, por causa da retração da demanda mundial. A boa notícia é que os dois economistas estimam mais crescimento no ano que vem, entre 3% e 3,5%.

Novos capítulos do drama europeu

As atenções, hoje, estão voltadas para o resultado do PIB da zona do euro do terceiro trimestre, especialmente para o da Alemanha que, segundo as previsões, deve desacelerar pela segunda vez seguida, ficando em 0,1%. A principal economia da Europa está sentindo os efeitos da crise dos vizinhos. Foi ela, aliás, que puxou para baixo o dado da produção industrial da região, que caiu 2,5% em setembro. Os empresários não investem, porque não veem, na prática, o que as autoridades europeias dizem nas reuniões: que farão tudo o que for possível para resolver a crise. A coleção de más notícias só aumenta: a recessão na Grécia e em Portugal se aprofundou entre julho e setembro; e várias cidades europeias pararam ontem numa onda de protestos e greves contra os cortes de gastos e o alto desemprego.

Fonte: O Globo

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