segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PSB é sigla que mais sobrevive no poder

Das 310 cidades onde o partido venceu em 2008, continuará na administração em 56%

Amanda Rossi, Daniel Bramatti

O PSB é o partido que mais sobreviveu no poder entre as duas últimas eleições municipais. Das 310 cidades onde venceu em 2008, a sigla continuará no comando de 126 delas e apoiará o prefeito eleito em outras 48 a partir de 2013. O partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, vai se manter no poder ou estará aliado a ele em 56% das cidades que governa hoje.

No Brasil, apenas 30% das cidades continuarão sob o comando do mesmo partido eleito em 2008. Em outras 16%, o partido atualmente no poder estará na base de apoio do futuro prefeito. Ou seja, na maioria absoluta dos municípios (54%), as eleições de 2012 foram marcadas pela mudança - os vitoriosos foram candidatos sem vínculo com os eleitos há quatro anos.

Segundo maior sobrevivente, o PT manteve 39% das prefeituras conquistadas em 2008 e integrou coligações dos prefeitos eleitos por outras legendas em mais 10%.

A estratégia de sobrevivência do PSB lhe garantiu também o maior crescimento nas eleições de 2012. O partido é o que mais aumentou em número de prefeitos e dobrou seu eleitorado a governar.

No balanço de municípios perdidos e conquistados, o PSB tem saldo positivo. Perdeu o comando municipal em 136 e venceu em 315 cidades novas - nessas, tirou do poder prefeitos principalmente do PMDB e do PSDB. Metade das novas prefeituras está no Nordeste. Já era assim em 2008.

No Sudeste e no Sul, o PSB conseguiu se expandir graças sobretudo a alianças com candidatos de outras siglas. Foram 700 coligações vitoriosas em cidades onde não ocupava a prefeitura e onde pode, em tese, pleitear espaço na administração municipal.

São os casos das duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro. Em ambas, o PSB participou das coligações vencedoras, de Fernando Haddad (PT) e de Eduardo Paes (PMDB).

PMDB e PSDB perderam espaço no comando das prefeituras que já governam, mas conseguiram se manter próximos do poder via coligações. Eles seguraram a cadeira de prefeito em um terço dos municípios que governam e estão na base de apoio do prefeito eleito em pouco menos de 15% das demais cidades.

O DEM não sumiu do mapa graças às alianças com outras siglas. Com a maior queda em número de prefeitos eleitos, o partido só continuará comandando uma de cada cinco cidades onde venceu em 2008, mas se colocou ao lado de aliados vencedores em outras 22%. Mesmo assim, o saldo é negativo. O DEM perdeu o controle de quase 400 cidades, e vai ser coadjuvante em metade disso.

Considerando todas as cidades, não somente aquelas onde foi eleito em 2008, o DEM está presente em 1906 coligações vencedoras nas eleições 2012. Dessas, encabeça apenas 15% e será coadjuvante nas 85% restantes.

Partidos não chegam ao terceiro mandato em 90% dos municípios

Fragmentação partidária e desgaste administrativo colaboram para alta taxa de rotatividade de legendas nas prefeituras

Em Jundiaí, a cerca de 60 quilômetros da capital paulista, o PSDB ganhou todas as eleições municipais entre 1992 e 2008. Foram 20 anos de continuidade administrativa, até Pedro Bigardi (PC do B) quebrar a hegemonia tucana na cidade. Em Concórdia, no oeste catarinense, o PT venceu em 2000, 2004, 2008 e 2012, e caminha para 16 anos seguidos de controle da prefeitura.

Os dois casos são exceção no País. A regra é a alternância de partidos no poder local. De 2008 para 2012, em apenas 30% das cidades do País a mesma legenda foi a vitoriosa nas eleições municipais. Levando-se em conta as últimas três eleições, desde 2004, o índice de continuidade é de apenas 10%.

Uma das razões da alta rotatividade é a fragmentação do quadro partidário. Com quase três dezenas de siglas disputando o poder, as chances de controle hegemônico se reduzem.

Prefeitos também costumam dedicar mais energia à sua própria campanha de reeleição que a de correligionários. E há o fator desgaste, que abre espaço para que as oposições lancem mão do discurso da necessidade de renovação.

Ruptura. Em Porto Alegre, o PT venceu quatro eleições consecutivas a partir de 1988 e chegou a ser considerado imbatível. Mas, em 2002, o então prefeito Tarso Genro renunciou ao cargo para disputar o governo estadual e abriu a janela de oportunidade que a oposição esperava havia mais de uma década. Em 2004, José Fogaça, então no PPS, venceu no segundo turno com o apoio de todas as forças antipetistas da cidade.

Desde então, o partido tenta se recuperar, sem sucesso. Em 2012, o PT teve seu pior desempenho na capital gaúcha nos últimos 24 anos: menos de 10% dos votos válidos.

Outra ruptura aconteceu neste ano, em Campo Grande (MS), onde o candidato do PP, Alcides Bernal, pôs um fim à hegemonia do PMDB, que governou a cidade em uma sequência de cinco mandatos. Em São José dos Campos (SP), foi o PT quem desalojou o PSDB após 16 anos de continuidade administrativa, com a vitória de Carlinhos Almeida ainda no primeiro turno.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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