domingo, 4 de novembro de 2012

PSD de Bornhausen ganha hegemonia em SC

Além de controlar o governo estadual, partido venceu em Florianópolis e vai governar 20% das prefeituras catarinenses

Cientista político afirma que PSD abordou temas de candidatos de esquerda e se afastou do perfil do antigo PFL

Felipe Bàchtold

PORTO ALEGRE - A eleição municipal deste ano consolidou o ressurgimento de uma corrente política que parecia extinta no Estado de Santa Catarina.

Com a vitória de Cesar Souza Júnior para a Prefeitura de Florianópolis, o grupo ligado ao ex-senador Jorge Bomhausen ganhou hegemonia na política local e transformou o Estado em uma espécie de "feudo" do PSD no país.

O partido, fundado no ano passado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, vai governar 20% das prefeituras catarinenses. Foi o segundo melhor resultado da sigla no país, atrás somente da Bahia. A vitória em Florianópolis foi a única da legenda em capital em sua primeira eleição.

Governador

O sucesso é conseqüência em parte da força do governador Raimundo Colombo, afilhado político do ex-senador, que trocou o DEM pelo PSD em 2011 e levou consigo inúmeros apoiadores.

Políticos que estavam insatisfeitos em outros partidos também embarcaram na nova legenda.

Após passar anos brigando com a direção nacional do DEM, Bornhausen deixou o partido no ano passado e aconselhou Kassab na fundação do PSD. Seu filho Paulo Bornhausen é secretário da gestão Colombo e um dos principais dirigentes do partido em Santa Catarina.

Políticos ligados à família Bornhausen já governaram o Estado de 1951 a 1956 (com Iri-neu Bornhausen), 1975 a 1979 (com Antonio Carlos Konder Reis) e 1979 a 1982 (com o próprio Jorge Bornhausen).

Agora, sem a estampa desgastada do antigo PFL, o grupo conseguiu avançar e lançou nomes jovens.

Hoje govema o Estado juntamente com PMDB e PSDB e fez alianças municipais com o PP, que dominou a política local até o início da década passada com o casal Esperidião Amin e Angela Amin.

Apesar disso, Souza Júnior, 33, diz que a atuação do ex-senador Bornhausen, 75, foi superestimada. "A única participação dele ria minha campanha foi torcer. Não existe aquela coisa antiga de comandar figuras novas."

Para o professor Julian Borba, do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina, o PSD no Estado abordou temas historicamente tratados por candidaturas de esquerda, como planejamento urbano, e se afastou do perfil do antigo PFL. "Reflete um partido que se propõe a não ter uma orientação ideológica definida", diz.

Fonte: Folha de S. Paulo

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