segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

PMDB tenta se blindar contra crescimento de Eduardo Campos

Partido luta para manter a vice presidência, com a repetição da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer em 2014

A disputa por espaço político na base de apoio da presidente da República e na consolidação das legendas como indispensáveis para a governabilidade defla­grou uma guerra nos bastidores entre PMDB e PSB. O PMDB quer manter a vice presidência, comum repeteco da dobradinha Dilma Rousseff/Michel Temer em 2014, mas sabe que o cresci­mento do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é uma ameaça real e imediata a essas pretensões.

Gomo resultado da descon­fiança mútua os dois partidos entraram numa guerra e passaram a disputar palmo a palmo cada espaço dentro ou fora do gover­no. Na votação dos" royalties do petróleo, por exemplo, seus líde­res ficaram em posições opos­tas. Henrique Eduardo Alves, do PMDB, acatou parte do pedido do governo para que os royalties fossem destinados à educação; Sandra Rosado, do PSB, votou contra o projeto, defendido pelo governo. Os dois são do Rio Grande do Norte.

A disputa entre os dois partidos chegou também à presidência da Câmara. Henrique Alves trabalha para arregimentar o maior núme­ro possível de votos a seu favor, para que possa presidir a Casa do ano que vem a 2015. Ele tem o apoio dos principais líderes do PT. Mas o PSB está na disputa. Com autorização velada de Eduar­do Campos, lançou a candidatura do deputado Júlio Delgado (MG) contra a do peemedebista.

Em retaliação, o PMDB abriu uma disputa pelo Ministério da In­tegração Nacional, hoje nas mãos de Fernando Bezerra Coelho, ho­mem de confiança de Eduardo Campos. O partido considera-se sub-representado no governo de Dilma Rousseff. Reclama de que seus ministérios - Agricultura, As­suntos Estratégicos, Minas. e Energia, Previdência e Turismo -não estão à altura da força que os peemedebistas têm dado à presi­dente. O da Integração Nacional cairia bem, insinuam.

Embate. Até nos despachos com a presidente Dilma Rous­seff os dois partidos vivem em disputa. No dia 6, a presidente reuniu-se com a cúpula do PMDB. Dilma louvou as alianças entre os dois partidos também na eleição municipal que, segun­do ela, permitiu vitórias em todo o País. No dia seguinte, de surpre­sa, ela teve um jantar com a dire­ção do PSB para falar, também, sobre a eleição municipal. Como o partido de Eduardo Campos disputou com o PT em cidades importantes - e venceu a exem­plo de Recife, Fortaleza e Campi­nas, Dilma procurou adotar um

tom de conciliação. Afirmou que o clima de disputa havia passado e que era hora de o PSB reforçar a base governista. Procurando se contrapor ao PMDB - e sabendo do apetite do partido por ministérios -, o PSB estocou o adversário logo que a eleição terminou. Divulgou nota - algo inédito na política - para dizer que está muito satisfeito com as pastas que tem e que não quer nenhuma outra. Além da In­tegração, o partido comanda a Secretaria Nacional dos Portos.

Diante desse clima, o PMDB se mexe. O ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, um pensador do PMDB, entende que em 2014 a chapa Dilma/Te­mer será repetida, porque os dois partidos têm atuado muito bem em conjunto.

"PT e PMDB podem exibir re­sultados afirmativos da aliança de sustentação da presidente", disse. "Nós entendemos que é necessário manter essa coliga­ção para 2014 e que deve ser re­petida a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer. Não há por que mudar." Em 2018, sonha Morei­ra Franco, o PMDB estará prepa­rado para lançar um candidato próprio à Presidência da Repú­blica. "O PMDB tem uma heran­ça muito forte para mostrar. Es­tá presente em todo o Brasil e não tem dono"./j.d.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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