quarta-feira, 28 de março de 2012

OPINIÃO DO DIA – Gramsci: Ricardo e a filosofia da práxis

O curso das minhas reflexões é este: pode-se dizer que Ricardo teve um significado na história da filosofia além de na história da ciência econômica, onde é por certo de primeira ordem? E pode-se dizer que Ricardo contribuiu para orientar os primeiros teóricos da filosofia da práxis na sua superação da filosofia hegeliana e na construção de seu novo historicismo, depurado de quaisquer traços de lógica especulativa? Acho que se poderia tentar demonstrar este assunto e que valeria a pena fazê-lo. Parto de dois conceitos, fundamentais para a ciência econômica, de “mercado determinado” e de “leis de tendência” que creio serem devidos a Ricardo, e raciocino assim: não é talvez a partir destes dois conceitos que se encontrou o motivo para reduzir a concepção “imanentista” da história - expressa com linguagem idealista e especulativa pela filosofia clássica alemã - numa “imanência” realística imediatamente histórica, na qual a lei de causalidade das ciências naturais foi depurada do seu mecanicismo e sinteticamente se identificou com o raciocínio dialético do hegelianismo?

GRAMSCI, Antonio (22/1/1891-27/4/1937). Cartas do Cárcere, p. 292. Civilização Brasileira, 3ª Edição, Rio de Janeiro, 1987.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
PM começa a substituir o Exército no Alemão
Gol e TAM perdem mais de R$ 1 bilhão
Cordialidade entre líderes
Enquanto isso, na Índia...
Procurador pede que STF investigue Demóstenes
Que pena!

FOLHA DE S. PAULO
Justiça de SP torna réus 14 acusados de fraudes no metrô
Política à parte
Procuradoria vê indício de crime e vai investigar senador do DEM
Caixa e BB vão bancar coquetel para magistrados
Homem-forte por acidente

O ESTADO DE S. PAULO
PT e Planalto se mobilizam para tentar ajudar Haddad
Procurador pede ao STF ação contra Demóstenes
Mesmo com Selic em queda, crédito encarece
Brics vão cobrar mudança no FMI
75% dos brasileiros nunca foram a biblioteca

VALOR ECONÔMICO
Bancos públicos e externos perdem peso no mercado
Manutenção das estradas federais terá forte redução
Petrobras eleva compras de sua filial americana
China sugere na OMC uma trégua na área cambial

CORREIO BRAZILIENSE
Senado dá passo para acabar com o privilégio
Procuradoria aumenta cerco a Demóstenes
Bandeira branca

ESTADO DE MINAS
Confins terá novos acessos
Comissão do Senado aprova fim do 14° e 15°
Redução de IPI dá perda a prefeituras

ZERO HORA (RS)
Mais emprego, maior incentivo
Medida de Cristina esvazia prateleiras

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
IPI do setor moveleiro é reduzido
Grandes encontros
Absolvição no STJ cria uma grande polêmica

PT e Planalto se mobilizam para tentar ajudar Haddad

A cúpula do PT e o Palácio do Planalto admitem a necessidade de dar um "chacoalhão" na campanha do petista Fernando Haddad, estacionado nas pesquisas de intenção de voto com 3%, informam os repórteres Vera Rosa e Rafael Moraes Moura. A estratégia consiste em criar uma agenda positiva para Haddad e pressionar figuras de expressão no PT, como a senadora Marta Suplicy (SP), a socorrer o candidato. Foi a entrada do tucano José Serra na disputa que acendeu o sinal amarelo no governo federal. "É errado ficar achando que só o Lula resolve as coisas", afirmou o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), referindo-se ao fato de que o ex-presidente, por motivos de saúde, ainda não pode entrar na campanha de Haddad. "Tem um processo, agora, decolar o Haddad na militância", disse Carvalho

PT quer turbinar Haddad com presença de Marta e ministros na campanha de SP

"É errado ficar achando que só o Lula resolve as coisas. Somos um time", diz Gilberto Carvalho

Vera Rosa e Rafael Moraes Moura

BRASÍLIA - Depois da prévia que oficializou a candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, no domingo, a cúpula do PT e o Palácio do Planalto admitem a necessidade de um "chacoalhão" na campanha do petista Fernando Haddad, empacado nas pesquisas com 3% das intenções de voto. A estratégia consiste em pressionar figuras de expressão no PT, como a senadora Marta Suplicy (SP) e também ministros, a socorrer o candidato.

"É errado ficar achando que só o Lula resolve as coisas. Somos um time que tem vários jogadores importantes", afirmou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tratamento contra um câncer na laringe, sem aliados políticos e sem tempo na TV - já que o PT perdeu o direito de veicular o programa partidário do atual semestre, previsto para maio -, a campanha de Haddad patina.

Dirigente do PT por vários anos e respeitado no partido, Carvalho deu a senha de como deve ser a força-tarefa para impulsionar a candidatura de Haddad. "É evidente que, em qualquer campanha, uma pessoa como Lula, um presidente que teve o mandato e a popularidade que ele tem, vai nos ajudar muito. Agora, não vamos achar que ele resolve tudo", insistiu. Mesmo sem citar Marta, ex-prefeita de São Paulo (2001 a 2004), o ministro não deixou dúvidas sobre o que estava falando.

"Em São Paulo, sempre temos no mínimo 30% dos eleitores. Tem um processo, agora, de colar o Haddad na militância. A campanha não começou ainda e, quando a militância entrar, vai dar uma diferença", amenizou Carvalho, que visitará Lula nesta quarta-feira, 28, em São Paulo.

Na prática, porém, os rumos da campanha de Haddad e o impasse para definir a coordenação da equipe afligem o PT, tanto que integrantes do Conselho Político vão propor, em reunião no sábado, uma ofensiva para atrair Marta. A avaliação é que até mesmo a presidente Dilma Rousseff deve fazer um apelo à senadora.

Dilma está em Nova Délhi, na Índia. O ministro Aloizio Mercadante (Educação) a acompanha na viagem e também será instado a ajudar Haddad. Ele concorreu ao governo de São Paulo em 2010 e, na avaliação do PT, tem um recall que pode alavancar o correligionário, um neófito eleitoral.

A presidente já convidou Marta a integrar sua comitiva aos EUA, nos dias 9 e 10 de abril, quando irá se encontrar com Barack Obama. Ela pretende conversar com Marta sobre o calvário de Haddad nessa ocasião.

Foi Dilma que, em novembro, pediu à senadora para desistir de disputar prévia contra Haddad, repetindo apelo do próprio Lula. Sob o argumento de que era necessária uma "cara nova" na política e lembrando o alto índice de rejeição de Marta, Lula jogou todas as fichas em Haddad.

Pressionada, a senadora deixou o caminho livre para o então ministro da Educação, mas nunca entrou na campanha e não esconde a mágoa com Lula. Amigos de Marta alegam que, se ela acompanhar o desconhecido candidato do PT na periferia, neste momento, vai ofuscá-lo.

Saída. O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), convidou a senadora para a inauguração, no dia 14 de abril, de um Centro Educacional Unificado (CEU), que receberá o nome de Regina Rocco Casa, em homenagem à mãe da ex-primeira-dama Marisa Letícia. A inauguração do CEU pode representar a estreia de Marta na campanha de Haddad. A ideia é unir no palanque a ex-prefeita, o candidato e Lula.

Apreensivos, os petistas avaliam que a insatisfação de aliados do PR e do PDT com o governo federal contamina a eleição em SP. "Ninguém pode dar um ultimato à presidente. Os aliados não são crianças mimadas", protestou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). "Não é ultimato, mas o PR pode ser determinante para o 2.º turno, o fiel da balança", devolveu o deputado Luciano Castro (PR-RR).

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Petistas oferecem várias cidades ao PSB de olho na capital

Socialistas condicionam aliança com Haddad à garantia da vaga de vice em, ao menos, três cidades do ABC

Bruno Boghossian e Felipe Frazão

Para convencer a direção do PSB a avalizar uma aliança com o ex-ministro Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo, o PT apresentou um cardápio de municípios onde pode ceder a vice ou a cabeça de chapa ao aliado. Os socialistas esperam receber o apoio do PT em cidades estratégicas como Campinas (SP), Mossoró (RN) e Duque de Caxias (RJ), e em grandes municípios paulistas como Franca, Taubaté, Taboão da Serra e Itanhaém. As negociações entre os partidos foram impulsionadas também no ABC paulista, onde o PT pretende ceder a vaga de vice ao PSB em troca do apoio a Haddad. O pedido foi feito pelo presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Quem coordena as articulações na região é o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), que passou a tratar os socialistas como aliados preferenciais. O PSB condiciona o apoio à garantia da vaga de vice em três cidades: Santo André, Diadema e Mauá. O primeiro acordo deve ser firmado até o fim de abril em Santo André. O vereador do PSB José Ricardo é o nome mais cotado para a vaga de vice do candidato petista, o ex-sindicalista Carlos Grana. Em Diadema, o vice-prefeito é o socialista Gilson Menezes, que quer manter o posto na chapa do prefeito Mário Reali (PT). O PSB também pretende incluir no acordo um espaço nas chapas petistas de Guarulhos e Osasco.

A direção do PT paulista espera que a abertura de espaço a seus aliados quebre as resistências do presidente estadual do PSB, Márcio França, que é secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e favorável a uma aliança com José Serra. Para facilitar um acordo com o PSB, o PT negocia ceder a vice ou a cabeça de chapa em cidades com mais de 150 mil eleitores.

"Há vontade de ter um entendimento estratégico, que passa pela visão de País. Eles (PSB) colocaram uma lista de cidades. Não é uma imposição. É um esforço, por isso precisa de tempo até junho", disse o presidente municipal do PT em São Paulo, Antonio Donato, coordenador da campanha de Haddad.

No Recife e em Fortaleza, capitais governadas pelo PT, o partido cederia a vaga de vice aos socialistas. Os petistas estudam, também, abrir mão de candidatura própria em João Pessoa e pedem que o PSB apoie sua candidatura em Macapá. As negociações no País são conduzidas por Campos e pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão. Um mapeamento mais detalhado será feito nos próximos dias pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, e pelo secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi. A equipe de campanha de Haddad diz que a negociação sobre o apoio a sua candidatura com o PR "é a que está melhor". Donato retomará conversas com o PCdoB em abril, pois o partido pediu prazo até o fim de março, "para uma rodada de avaliação das candidaturas deles em dez capitais".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Ex-ministro de Dilma trabalha por aliança com Serra

Em pé de guerra com governo desde que foi demitido dos Transportes, Alfredo Nascimento negocia com tucanos

Réu no processo do mensalão, Valdemar Costa Neto também mantém conversas com PSDB para apoio do PR

Daniela Lima

SÃO PAULO - Aliados do ex-governador José Serra (PSDB) procuraram o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), e o secretário-geral da sigla, deputado Valdemar Costa Neto (SP), para negociar uma aliança na eleição à Prefeitura de São Paulo.

Nascimento é hoje o principal entusiasta da coligação com Serra e tem pressionado líderes locais da sigla a ampliar a aproximação com os tucanos e seus aliados.

Ex-ministro dos Transportes, Nascimento está em pé de guerra com o governo federal e a presidente Dilma Rousseff (PT) desde que foi obrigado a deixar a pasta após acusações de corrupção, em julho do ano passado.

Já Valdemar Costa Neto, réu no processo do mensalão, é um dos principais operadores do PR. Ele tem mantido conversas com o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos principais interlocutores de Serra.

O próprio ex-governador tem acompanhado as negociações. Na linha de frente da condução das conversas com a cúpula nacional do PR está, além de Aloysio, o prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Parceria

O prefeito tem atuado com mais veemência entre os líderes locais do PR -hoje sem cargos na prefeitura-, acenando com postos na administração municipal.

A sigla apoiou o PT em São Paulo nas eleições de 2010 e elegeu o vereador Antonio Carlos Rodrigues, um dos principais nomes do PR na capital, suplente da senadora Marta Suplicy.

Durante os últimos anos, Rodrigues liderou um grupo de vereadores na Câmara, o chamado centrão, e causou dor de cabeça em Kassab nos bastidores e em votações de interesse do prefeito.

A aliados o vereador não nega a ação da cúpula do PR em São Paulo, mas diz que pretende replicar a parceria este ano e apoiar o petista Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo.

Para atraí-lo, no entanto, Kassab acena com uma nomeação para conselheiro do Tribunal de Contas do Município, cargo vitalício no qual o vereador está de olho desde o ano passado.

No fim de fevereiro, quando o PR deu um ultimato pela retomada do Ministério dos Transportes, Nascimento indicou que poderia trabalhar por uma aliança com José Serra para pressionar o PT e a presidente Dilma.

"Se não somos governo, temos que fortalecer o partido nas bases, nos municípios. Aí, a careca do Serra é linda", disse o ex-ministro do governo Dilma na ocasião.

Para fortalecer a chapa de Serra, o PSDB trabalha ainda para oficializar os apoios de PP e PV e fechar com o DEM.

FOLHA DE S. PAULO

Tucano alfineta petistas

Juliana Cipriani

A decisão do PT municipal de recomendar ao prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que retire o PSDB da chapa com que concorrerá à reeleição em outubro irritou os tucanos, que não perderam a oportunidade de alfinetar os rivais históricos. "O PT nem está na aliança ainda, não conseguem se entender nem entre eles. Nós já estamos", afirmou o presidente do PSDB da capital, deputado estadual João Leite. O parlamentar considerou "jogo de cena" a resolução aprovada no domingo pelos petistas, que deram até 15 de abril para o prefeito se posicionar sobre uma possível exclusão do PSDB.

Para João Leite, a exigência é um teatro. "O presidente Lula já os mandou apoiarem o PSB na aliança conosco aqui." Além disso, segundo o tucano, o PT não tem tamanho suficiente para fazer esse tipo de exigência. Leite citou as últimas eleições gerais em que o governador Antonio Anastasia (PSDB) foi reeleito em primeiro turno, derrotando a chapa que tinha o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT) como vice. Também o presidenciável José Serra (PSDB), apesar de derrotado para a presidente Dilma Rousseff (PT), a venceu na capital mineira.

"Nós é que não sabemos se o PT vai estar na chapa. O presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos, convidou o PSDB a fazer parte formalmente da aliança em BH. Sinalizamos isso para as bases e aceitamos", reforçou. O dirigente não acredita em um eventual recuo por parte dos socialistas e lembrou que está em negociação para compor também uma aliança entre PSB e PSDB na eleição para vereadores.

Contribuição

O deputado ironizou as articulações dos petistas, que devem decidir em abril quem será o nome do partido indicado para vice na chapa do prefeito. "Nem entraram no ônibus, não sabemos em que lugar vão sentar. Vão querer ser vice de novo para fazer oposição, como fez o Roberto Carvalho? Campanha contra o Lacerda mais quatro anos?", afirmou. Apesar de ser um dos mais ferrenhos opositores à gestão federal petista, João Leite disse que os tucanos não vetam a presença do PT na aliança. "Não vetamos ninguém. Se estiverem dispostos a contribuir com a cidade, aceitamos."

No domingo, os delegados do PT aprovaram a aliança com o prefeito Marcio Lacerda, mas colocaram como um dos pontos fundamentais a serem discutidos com ele a ausência dos partidos opositores de Dilma. Para parte do partido, isso foi interpretado apenas como uma recomendação. Já o vice-prefeito e presidente municipal do PT, Roberto Carvalho, rompido politicamente com Lacerda, afirma tratar-se de um prazo para o socialista optar entre petistas e tucanos. Ofício nesse sentido já foi enviado ao prefeito e ao PSB, segundo Carvalho.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Fortunati e Manuela estão em empate técnico

Sérgio Ruck Bueno

PORTO ALEGRE = O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, e a deputada Federal Manuela D"Ávila (PCdoB) mantêm-se empatados tecnicamente na eleição para a prefeitura da cidade neste ano, conforme pesquisa realizada pelo instituto Methodus e publicada ontem pelo jornal "Correio do Povo". Os dois lideram os três cenários apresentados para o primeiro turno e também empatam na simulação do segundo turno.

De acordo com a pesquisa, Fortunati tem 33,5%, 35,2% e 40,3% em cada um dos cenários para o primeiro turno, contra 31,3%, 34,3% 3 e 37,2%, respectivamente, de Manuela. Na mesma ordem, o pré-candidato do PT, o deputado estadual Adão Villaverde, tem 10%, 10,5% e 11,3%. O instituto ouviu 600 eleitores de 20 a 22 deste mês e admite uma margem de erro de 4,1 pontos para mais ou para menos. Os indecisos variam de 3% a 3,2% e os votos brancos e nulos, de 5,7% a 8,2%.

Num eventual segundo turno, Fortunati somaria 44,8%, contra 44,5% de Manuela. Se a disputa fosse contra Villaverde, o prefeito alcançaria 62,3%, enquanto o petista ficaria com 18,7%. Já Manuela teria 60,8% e o deputado do PT, 19,8%.

Na pesquisa de outubro, Fortunati aparecia com índices que variavam de 29,3% a 33,5% no primeiro turno, também empatado com Manuela, que oscilava de 28,5% a 35,3%. Na época, a deputada aparecia com leve vantagem sobre o prefeito num eventual segundo turno, com 44% a 42,7%.

Na pesquisa espontânea divulgada ontem Fortunati lidera com 8,2%, seguido por Manuela (4,2%) e Villaverde (2,2%), enquanto todos os demais citados ficam abaixo de 1%. Neste caso o contingente de indecisos sobe para 79,5%.

Segundo o levantamento, Villaverde tem a maior rejeição entre o eleitorado de Porto Alegre, com 20,2%, seguido do ex-deputado federal Ibsen Pinheiro, do PMDB (que ainda não decidiu se terá candidatura própria), com 16,2%, e de Manuela, com 15,8%. Fortunati aparece em sétimo lugar na lista, com 11,2% de rejeição.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Fortunati trocará 11 secretários

Em 5 de abril, integrantes da cúpula municipal que pretendem concorrer em outubro vão deixar seus cargos na prefeitura

Dos 34 órgãos de primeiro escalão da prefeitura de Porto Alegre, entre secretarias, departamentos e gabinetes, pelo menos 11 sofrerão troca de comando na quinta-feira da próxima semana, dia 5 de abril. Na data, às 10h, em ato no Paço Municipal, os atuais titulares deixarão os postos dois dias antes do limite estabelecido para concorrer à vereança em outubro, transmitindo os cargos para os seus substitutos.

Apesar de a reforma do secretariado estar adiantada, o prefeito José Fortunati (PDT) segue negociando com os aliados o nome dos sucessores. Somente o PP acertou que Marco Seadi e Deborah Villela irão substituir Kevin Krieger e Newton Braga Rosa na Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e no Gabinete de Inovação Tecnológica (Inovapoa), respectivamente. As demais siglas – PDT, PMDB, PTB e PPS – deverão obrigatoriamente definir os sucessores até a próxima terça-feira. O prefeito, candidato à reeleição, afirma que caberá aos cinco partidos aliados que ocupam cargos no primeiro escalão a prerrogativa de fazer as indicações dos novos titulares.

– Isso faz parte de um acordo político e ético que temos. Só irá mudar se, porventura, as siglas apresentarem outro candidato (a prefeito). Neste caso, torna-se incoerente eles permanecerem no governo – avisa Fortunati.

O pedetista considera um "bom indicativo" o fato de os governistas terem feito indicações para permanecer no comando das suas frações de poder na prefeitura. Ele acredita ser o prenúncio da manutenção de uma ampla aliança em torno da sua candidatura, mas diz que é preciso aguardar as convenções partidárias, em junho, para "ter certeza". Até o momento, o PTB assegurou apoio a Fortunati e o PMDB deverá seguir o mesmo rumo. Os outros dois aliados prioritários, PP e PPS, não bateram o martelo, apesar de nutrirem simpatia pela continuidade da parceria.

Fortunati assegura que estabeleceu critérios técnicos para regrar a reforma do primeiro escalão.

Quem sairá para concorrer

Intenções eleitorais obrigarão o prefeito Fortunati a mudar primeiro escalão:
- Valter Nagelstein (PMDB) – Secretaria de Indústria e Comércio
- Márcio Bins Ely (PDT) – Secretaria de Planejamento
- Nereu D"Ávila (PDT) – Secretaria de Direitos Humanos e Segurança
- João Bosco Vaz (PDT) – Secretaria da Copa
- Paulo Brum (PTB) – Secretaria da Acessibilidade
- Cássio Trogildo (PTB) – Secretaria de Obras e Viação
- Carlos Casartelli (PTB) – Secretaria da Saúde
- Humberto Goulart (PTB) – Departamento de Habitação
- Luiz Fernando Moraes (PPS) – Secretaria de Turismo
- Kevin Krieger (PP) – Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc)
- Newton Braga Rosa (PP) – Gabinete de Inovação e Tecnologia (Inovapoa)

Dos 11 secretários que deixarão o governo José Fortunati para concorrer em outubro, cinco retomam imediatamente o exercício de mandato na Câmara de Vereadores: Valter Nagelstein (PMDB), Márcio Bins Ely (PDT), João Bosco Vaz (PDT), Humberto Goulart (PTB) e Kevin Krieger (PP).

FONTE: ZERO HORA (RS)

Guerra ironiza “mudança” de Jarbas

Débora Duque

O mais novo gesto de reaproximação entre o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) – que, até então, protagonizavam a maior rivalidade da política local – foi alvo de ironias do presidente nacional do PSDB e deputado federal Sérgio Guerra. A provocação do tucano decorre do fato de que foi justamente sua aproximação com o governador que motivou seu o rompimento com o peemedebista. Em 2010, Jarbas acusou Guerra de não ter se engajado em sua campanha ao governo do Estado e, de quebra, ter sido conivente com a migração de prefeitos do PSDB para o palanque socialista.

Diante do clima de cordialidade entre Jarbas e Eduardo, o dirigente tucano não só afirmou que o ex-aliado deve explicações como aproveitou para dizer que o PSDB nunca mudou de postura, pois sempre manteve uma relação amistosa com o PSB, do qual, inclusive, já fez parte. “Quem tem que explicar isso é Jarbas. Durante muito tempo, alguém me acusou de ser amigo de Eduardo. Eu sou amigo dele. O PSDB nunca saiu do lugar dele. Sempre dissemos a mesma coisa e vamos continuar a dizer”, alfinetou, aliviando o tom, em seguida: “Se Jarbas dizia uma coisa e hoje diz outra, não cabe a mim julgar”.

As declarações de Guerra foram dadas pouco antes do encontro estadual do PSDB, realizado ontem, no Centro de Convenções. Mas, ao discursar à plateia, o presidente do partido voltou a se referir à mudança do peemedebista. “Pernambuco mudou e não enxergar isso é não enxergar o óbvio. Não podemos andar contra a sociedade. Agora, não adianta ser ‘brabo’ ontem e, hoje, ser bonzinho”, bradou, sem citar nomes. As mensagem veladas a Jarbas prosseguiram. Ao falar que o PSDB é “firme” e sem “radicalismos”, Guerra enfatizou que o partido não pode ser prender a “alianças conjunturais”, mas que “honrou todos os compromissos” e, por isso, será “recompensado” nas urnas.

A preocupação em rebater as críticas quanto à inclinação eduardista do PSDB não foi exclusividade de Sérgio Guerra. Anfitrião do evento, o prefeiturável Daniel Coelho (PSDB) também aproveitou seu discurso para responder, em tom mais ameno, tais questionamentos. “Já vieram questionar nossa posição política. Somos de uma oposição inteligente. Ser oposição não é atrapalhar de forma irresponsável os governos. Exercemos uma oposição moderna, sem criticar só por criticar”, declarou aos filiados.

Questionado sobre o distensionamento da relação entre Jarbas, de quem é próximo, e o governador, ao qual exerce oposição na Assembleia Legislativa, Daniel foi diplomático. “É um gesto de civilidade e faz parte do trabalho de dois governantes. Agora, a conotação política disso só pode ser explicada por eles”, minimizou.

Vestido com camisa verde, cor de seu antigo partido, Daniel foi saudado por Sérgio Guerra e militantes como “futuro prefeito” do Recife. Ele também aproveitou o ato de para criticar o embate “personalista” travado no PT a respeito da sucessão e pedir o engajamento de todos dos correligionários. Com aproximadamente 2 mil pessoas, o evento serviu, oficialmente, para que os pré-candidatos majoritários do partido assinassem um termo de compromisso com o programa Cidades Sustentáveis. Na prática, foi um fortalecimento à candidatura de Daniel.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Cordialidade entre líderes

Os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula conversaram ontem por uma hora no Hospital Sírio-Libanês, onde o petista trata de um câncer na laringe

Encontro de presidentes

Após telefonema do tucano, Lula recebeu FH no hospital e conversaram por quase uma hora

Marcelle Ribeiro

SÃO PAULO. Os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso conversaram ontem, por quase uma hora, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde o petista trata o câncer na laringe. O encontro foi marcado a pedido de tucano, que telefonara para Lula dizendo que gostaria de visitá-lo.

Segundo a a assessoria do tucano, os ex-presidentes não conversaram sobre política, apenas sobre o estado de saúde do petista e os institutos que cada um deles mantém, onde preservam seus acervos e promovem debates políticos. Lula disse, inclusive, que gostaria de visitar a Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC). A necessidade de conseguir recursos para a manutenção das fundações foi abordada na conversa, de acordo com o diretor-presidente do Instituto Cidadania - do qual Lula é presidente de honra -, Paulo Okamoto.

Ao sair do hospital, onde Lula esteve ontem para mais uma sessão de fonoaudiologia, Fernando Henrique disse que o petista parecia "bastante animado" e, a assessores, teria comentado: "Quis dar uma força ao presidente Lula, para que ele se recupere o mais rápido possível".

O pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse que o encontro é a prova de que o Brasil "amadurece" e de que há atualmente um ambiente "democrático" e "respeitoso". Em dezembro, FH havia afirmado que não guarda mágoas de Lula e que, em outubro, assim que soube do diagnóstico do câncer, telefonou-lhe para conversar.

- Eles são amigos de longa data, não há motivos para se manterem afastados, sobretudo no momento em que o ex-presidente Lula passa por uma recuperação. É um gesto muito correto, assim como quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu a esposa, Ruth Cardoso, e fomos todos encontrá-lo e abraçá-lo - afirmou Haddad, após participar de reunião com líderes partidários na Câmara Municipal de São Paulo.

Depois do encontro, Lula retornou para sua casa, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, mas é possível que retorne hoje ao Sírio-Libanês para fazer exames que avaliarão os resultados do tratamento do câncer. A informação foi dada anteontem pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que esteve reunido com Lula no domingo. A assessoria do hospital, porém, não confirmou a data. (Colaborou Gustavo Uribe)

FONTE: O GLOBO

Com Dilma na Índia, Câmara vota hoje Lei Geral da Copa e Funpresp

Após duas semanas de crise, líderes da oposição e do governo fecham acordo

Isabel Braga

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff viajou para Índia, e o clima no Congresso ficou mais distensionado: após duas semanas de paralisia e crise na base aliada, a Câmara vota hoje à noite a Lei Geral da Copa. E há grande possibilidade de o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos (Funpresp) também ser votado hoje no plenário do Senado, deixando a proposta pronta para virar lei. O acordo fechado entre líderes da oposição e do governo foi um recado claro ao governo de que a pauta de votações da Câmara é definida pela Casa, e não pelo Palácio do Planalto.

O acordo foi fechado ontem à noite, em reunião do presidente da República em exercício, Marco Maia (PT-RS), líderes da bancada ruralistas, dos partidos da base e da oposição. Pelo acordo, o Código Florestal, será votado em abril.

"Negociação faz com que o Congresso volte a andar"

Maia deverá reassumir a presidência da Câmara no final da tarde de hoje, com a volta ao país do vice-presidente Michel Temer, e comandará a votação da Lei da Copa. Despachando no Palácio do Planalto, Maia se reuniu com líderes aliados e de oposição e representantes da bancada ruralista.

- Dessa forma, estanca a crise e a negociação faz com que o Congresso Nacional volte a andar - comemorou Maia.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e vice-líder do PSD, deputado Moreira Mendes (RO), confirmou o acordo:

- Conseguimos distensionar e vamos votar a Copa. Marco Maia assumiu o compromisso de finalizar a votação do Código no mês de abril. Ninguém discutiu o mérito do Código. Se houver acordo, ótimo. Se não, votamos e a frente irá votar com o texto do relator. É uma decisão da Casa que o Código será votado. Não é briga com o governo.

O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que em nenhum momento o governo assumiu posição contrária à votação do Código e as conversas sobre mérito irão continuar nas próximas semanas:
- Estamos negociando isso desde o primeiro momento, com o papel insubstituível de Marco Maia. Deu certo.

Nos bastidores, Maia e os líderes concluíram que capitalizariam o fato de decidirem retomar as votações justamente com Dilma no exterior. Maia, que vive em tensão com a presidente, sai como o negociador do acordo.

- A pauta do Legislativo é construída pelo Legislativo. Exatamente no momento em que não houve pressão do Executivo, acertamos votar a Lei da Copa e o Código. Optamos por mostrar que a crise viajou com a Dilma - afirmou o líder do DEM, ACM Neto (BA).

Colaborou Luiza Damé

FONTE: O GLOBO

PMDB evita embate com Dilma, mas rejeita Lobão

Partido quer esvaziar candidatura sugerida pela presidente e fortalecer Renan; Planalto nega interferência na escolha

Maria Lima, Gerson Camarotti, Luiza Damé e Catarina Alencastro

BRASÍLIA. A cúpula do PMDB decidiu que não vai brigar com a presidente Dilma Rousseff, que decidiu influir na sucessão das presidências do Senado e da Câmara, no próximo ano. Apesar do desconforto causado pela notícia publicada ontem pelo GLOBO de que Dilma deseja fazer do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o próximo presidente do Senado, em 2013, os peemedebistas querem mostrar que o senador Renan Calheiros (AL) é um aliado "fundamental e indispensável". Dessa forma, pretendem esvaziar a possível candidatura de Lobão e fortalecer Renan, para que ele decida o candidato.

Ontem, por meio de nota, o Planalto negou essa interferência, mas Dilma já conversou com Lobão sobre sua intenção de que ele substitua o senador José Sarney (PMDB-AP) na presidência. Em resposta, Renan, líder do PMDB na Casa, foi curto e direto: disse que a ele, como líder, cabe a condução do processo de sucessão de Sarney, na hora certa.

- Precisamos resguardar o direito, conquistado pelo PMDB, de eleger o presidente do Senado. Na hora certa, vamos conduzir a bancada. Esse papel é do líder. Esse é o meu papel.

Os peemedebistas dizem que Lobão foi "boi de piranha" nesse episódio e que a coisa não vai acabar bem para ele, se continuar dando corda a Dilma.

- O Renan vai trabalhar como um leão. Vai fazer um monte de favor. Dilma vai precisar. E vai chegar muito forte em dezembro para disputar a presidência do Senado - resumiu um dos interlocutores de Renan.

Para mostrar que não será algo fácil de resolver, o senador Vital do Rego (PMDB-PB) avisou que pretende disputar o cargo. A avaliação na cúpula do PMDB é que Dilma está ignorando a real situação do partido ao dizer que não existe crise. Um experiente senador lembra o cotidiano do poder em Brasília para alertar:

- Em oito anos, Lula saía do Planalto, ia dormir no Alvorada e, quando passava pelo Jaburu (residência oficial do vice-presidente), via as luzes apagadas. Agora Dilma, ao passar pelo Jaburu, vê as luzes sempre acesas. Michel não resolve tudo, mas aceita qualquer tipo de encomenda, apaga incêndios, discute a crise do dia.

O Planalto negou que haja articulação de Rousseff. A Secretaria de Relações Institucionais divulgou nota da ministra Ideli Salvatti desmentindo que a presidente esteja trabalhando por Lobão:

"Não têm qualquer fundamento as notícias divulgadas nos últimos dias atribuindo ao Executivo uma suposta intenção de patrocinar candidato à presidência do Senado. Tais referências desrespeitam a independência do Poder Legislativo e afrontam às prerrogativas dos senhores parlamentares, a quem caberá, em 2013, de forma soberana e autônoma, escolher os dirigentes das duas casas legislativas".

Mais tarde, ao sair do Fórum Saúde da Mulher no Século XXI, Ideli falou sobre o assunto:

- O Poder Legislativo é autônomo. Não há qualquer interferência. Não há, não deve haver e nem acontecerá.

O presidente da República em exercício, deputado Marco Maia (PT-RS), saiu em defesa de Dilma:

- É muito cedo ainda para falar sobre este assunto. E são duas questões que dizem respeito ao Senado e à Câmara dos Deputados.

FONTE: O GLOBO

Governo atua para blindar ministros

"Vamos acompanhar as comissões e evitar convocações desnecessárias", disse Tatto

Denise Madueño

BRASÍLIA - Efeito do clima ainda instável no Congresso, o governo montou um esquema na Câmara para evitar surpresas e a repetição de derrotas, como as ocorridas na semana passada, e convocou uma tropa de choque para blindar os ministros nas comissões permanentes. Líderes e vice-líderes governistas deverão montar guarda hoje, quando há diversas reuniões das comissões, para não permitir a aprovação de requerimentos de convocação de ministros.

Na semana passada, em meio à falta de controle do governo sobre a base, os deputados aprovaram a convocação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para uma audiência pública na Comissão de Trabalho, em uma das séries de contrariedades que atingiram o Palácio do Planalto.

"Vamos acompanhar as comissões para evitar convocações desnecessárias", afirmou o líder do PT, Jilmar Tatto (SP), um dos participantes da reunião dos aliados com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

"Falta de educação". O líder petista Jilmar Tatto argumentou que os ministros são sempre "solícitos" e estão dispostos a participar de debates nas comissões quando são convidados. A convocação, disse Tatto, chega a ser "algo como falta de educação" com os ministros.

Para Tatto, um convite seria a forma mais adequada de tratamento. Na reunião com a base, Arlindo Chinaglia ressaltou a necessidade de os aliados evitarem surpresas negativas para o governo. Ele recomendou aos deputados que, quando tiverem alguma pendência para resolver, o procurem ou procurem os líderes da base, mas não enviem esse tipo de recado ao ministro, fazendo o jogo da oposição.

O deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), um dos principais articuladores da convocação da ministra Miriam Belchior, reagiu. "Comecei a exercitar a oposição", disse Mabel, segundo relato dos presentes.

Impasse. Com a presidente Dilma Rousseff em viagem à Índia, o dia foi de articulação na tentativa de resolver o impasse em torno do projeto do Código Florestal. Em relação à Lei Geral da Copa, os líderes acertaram que o projeto vai à votação hoje, apesar de ainda haver divergências.

Embora as conversas tenham se estendido durante todo o dia, não há ainda sinais de acordo sobre Código Florestal. A ordem da presidente Dilma é evitar a votação até, pelo menos, o feriado de Páscoa.

A oposição e setores da base, principalmente os ruralistas, condicionavam a votação da Lei Geral da Copa à votação do polêmico Código Florestal. O líder do governo na Câmara mantém a posição de não definir uma data para votação. Chinaglia argumenta que trabalha para um acordo em torno do conteúdo do projeto do Código Florestal e que a definição do dia de votação seria uma consequência do acordo.

"Todos querem avançar e chegar a um acordo em torno do Código Florestal. Quem sabe depois da Semana Santa o espírito cristão possa penetrar em todos e ajudar na solução", afirmou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).

Alves diz serem necessários ajustes no texto. "Há algumas correções que a Câmara quer fazer. O relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), está buscando isso com o governo", disse. Segundo ele, se for necessário, o relator poderá sugerir a edição de uma medida provisória, para mexer na proposta ambiental.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Primeira comissão para analisar medida provisória é criada

BRASÍLIA - O Congresso instalou ontem a primeira comissão mista, com deputados e senadores, para analisar medidas provisórias que chegam ao Legislativo. A medida foi tomada para cumprir determinação do Supremo Tribunal Federal.

A reunião durou cerca de 20 minutos. A comissão vai analisar se a medida provisória que destina recursos do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica para instituições comunitárias que atuam na educação rural é constitucional.

O deputado Padre João (PT-MG), eleito para relatar a medida provisória, disse que vai usar o prazo regimental de 15 dias para dar seu parecer.

Com a necessidade das comissões, líderes partidários no Senado temem não conseguir cumprir o prazo de 120 dias previsto pela lei para que esses projetos percam a validade.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Alvo de ato diz que só fazia buscas na ditadura

Delegado aposentado, que enfrentou protesto em SP, afirma que impediu comunismo

Daniel Roncaglia

SÃO PAULO - Alvo de um protesto pela instalação da Comissão da Verdade, o delegado aposentado David dos Santos Araujo disse ontem que trabalhou na repressão da ditadura militar (1964-1985) para impedir o avanço do comunismo.

"Cumpri a minha obrigação para que não se instalasse neste país uma república comunista", disse Araujo.

Na segunda-feira, um movimento organizado pela internet promoveu protestos em sete cidades contra ex-agentes acusados de torturar presos políticos.

Em São Paulo, o ato reuniu cerca de 150 pessoas em frente à empresa de Araujo.

O ex-delegado disse que trabalhou na repressão a convite do Exército. "Fui trabalhar no serviço de busca, que não interroga ninguém, não mata ninguém."

Araujo afirmou que irá processar os manifestantes.

Em 2010, ele foi acusado de tortura. Segundo o Ministério Público, Araujo era chamado de "capitão Lisboa" e teria participado da tortura e do assassinato do militante Joaquim Alencar de Seixas no Doi-Codi, em 1971. A ação foi considera improcedente com base na Lei da Anistia.

Apoio

Em vídeo publicado em seu site, o presidente do PT, Rui Falcão, manifestou apoio aos protestos e negou tratar-se de "ato de revanche".

Para o petista, ex-militante da VAR-Palmares, os manifestantes são "simplesmente jovens que querem, assim como nós, passar a limpo a história recente do Brasil".

No vídeo, Falcão ainda cobra a instalação da Comissão da Verdade, que aguarda a indicação de seus integrantes pela presidente Dilma Rousseff.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Contratado da Rufolo vira gestor da União

Funcionário terceirizado ganha cargo de administrador do Hospital do Andaraí

Carla Rocha

Além de fornecer profissionais de apoio para hospitais do Rio, a Rufolo teve um de seus funcionários, que trabalhava como terceirizado no Hospital do Andaraí, promovido a gestor da unidade federal. Lotado como analista administrativo, através da empresa que é agora investigada, Berilo Jorge Lopes Silva virou coordenador administrativo, passando a ficar responsável, entre outras coisas, pelas compras daquela unidade. Ele foi nomeado em abril pelo próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como consta no Diário Oficial da Uinião.

Antes de chegar ao Andaraí, Berilo também havia trabalhado, como terceirizado da Rufolo, em 2008, no próprio Departamento de Gestão Hospitalar, no escritório do Ministério da Saúde no Rio. Segundo a assessoria do ministério no estado, em seguida, ele foi transferido para o Setor de Orçamento e Finanças do Hospital Federal do Andaraí, onde permaneceu como funcionário terceirizado até 31 de dezembro de 2010. No ano passado, quando assumiu a direção da unidade o médico Dásio Simões, Berilo foi chamado de volta para fazer parte da direção.

Motivo de exoneração não foi revelado

Ainda de acordo com nota do escritório do Ministério da Saúde no Rio, Berilo passou pouco tempo na função e acabou sendo dispensado "por não ter tido o desempenho profissional esperado". A exonerão do servidor, que tinha um cargo comissionado DAS, aconteceu em setembro de 2011. O motivo exato da dispensa dele não foi informado. O diretor do Hospital do Andaraí, Dásio Simões, não quis comentar o caso.

O Ministério da Saúde informa que, desde a entrada de Berilo, o Andaraí já não mantinha laços com a Rufollo, o que afastaria qualquer hipótese de tráfico de influência. E os profissionais da empresa, que prestavam serviço ao hospital, eram contratados por intermédio do Instituto de Traumato-Ortopedia (Into), que concentrava os contratos para as unidades federais.

Segundo o site Transparência do Governo Federal, a Rufolo, a título de fornecimento de mão de obra, recebeu, em 2007, R$25,3 milhões repassados somente pelo Into, fora outras unidades hospitalares. Em 2008, os repasses para o Into, que concentrava a contratação de profissionais para outras unidades, chegaram a R$27,4 milhões. Em 2009, o Into pagou à Rufolo R$33,8 milhões. Em 2010, 34,6 milhões. E, no ano passado, mesmo proibido de contratar pessoal de nível superior terceirizado por ordem do Tribunal de Contas da União, as depesas do Ministério da Saúde com a Rufolo apenas em repasses para o Into foram de R$16,1 milhões.

Lentidão em obras prejudica atendimento de emergências

Ontem, o vereador Paulo Pinheiro e o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, constataram as más condições em que se encontra o Hospital do Andaraí. Uma série de obras iniciadas não foram concluídas. Os transtornos atingem, principalmente, uma área essencial da unidade: a emergência. Com as reformas, os pacientes se amontoam em uma área improvisada para receber atendimento.

- Por causa das obras, eles improvisaram uma emergência num espaço muito reduzido comparado ao que atendia os pacientes anteriormente. Com isso, há uma superlotação até com doentes graves, em respiradores, que deveriam estar no CTI. A morosidade das reformas estão interferindo na qualidade do atendimento, que está sendo precária e comprometendo a dignidade dos pacientes.

No escândalo sobre o pagamento de propina para o Hospital de Pediatria Matargão Gesteira da UFRJ, denunciado pelo Fantástico da TV Globo, o dono da Rufolo, Rufolo Vilar, diz, num vídeo, que negociava contratos mediante o pagamento de 10% do valor. Nas gravações, ele estava acompanhado de uma funcionária de sua empresa, Renata Cavas, que afirmou que o grupo estava em várias unidades federais, citando Into e hospitais Cardoso Fontes, da Lagoa, de Ipanema e Andaraí.

FONTE: O GLOBO

A mesma crise:: Merval Pereira

Os casos do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e do senador Demóstenes Torres, até ontem líder do Democratas, são duas faces da mesma questão: a incompatibilidade de nossos homens públicos com a ética.

Os dois estão perdendo as condições políticas de exercerem suas respectivas funções por deslizes éticos. O senador já renunciou à liderança e é capaz de ser defenestrado do partido que parece condenado a sofrer baixas éticas entre suas principais lideranças.

O ex-governador de Brasília José Roberto Arruda era a grande estrela do DEM, considerado até mesmo um potencial candidato à Presidência da República, e escorreu pelo ralo da História com a descoberta de um amplíssimo esquema de corrupção em seu governo.

O senador Demóstenes Torres ia pelo mesmo caminho, arvorando-se de candidato a presidente, quando sua amizade com o bicheiro Carlinhos Cachoeira cortou-lhe as ambições.

O ministro, alvo de investigação da Comissão de Ética Pública da Presidência, não tem como explicar as consultorias que teriam lhe rendido R$ 2 milhões.

Mesmo não tendo cargo público na ocasião, Pimentel já era cotado para o Ministério de Dilma e atuava na coordenação de sua campanha.

Já o senador Demóstenes Torres terá uma investigação pedida pelo procurador-geral da República ao Supremo e dificilmente escapará de ser investigado pela Comissão de Ética do Senado.

Está vendo cair por terra a imagem que construíra para si mesmo, a do defensor da ética na política.

Suas relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira não lhe permitem mais assumir esse papel, que, aliás, desempenhou muito bem durante longo tempo, enganando quem acreditava nele.

No voto de Minerva que decidiu o pedido de explicações ao ministro Fernando Pimentel, o presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, marcou uma posição importante nessa questão da ética pública.

Ele alegou que, mesmo estando Pimentel fora de um cargo público na ocasião das supostas palestras e consultorias - fato que levou três membros da Comissão a votar pelo arquivamento do caso -, há situações em que o passado deve ser levado em conta para a definição da situação funcional do servidor público.

Essa decisão é fundamental conceitualmente e retira de Pimentel uma de suas defesas mais fortes. E criará um problema a mais para ele caso não consiga provar que realmente fez os serviços que justificaram o pagamento milionário.

A questão do ministro agora se desdobra em duas: ele primeiro precisa convencer os membros da Comissão de Ética de que trabalhou como consultor privado enquanto estava fora do governo, para depois fazer prevalecer sua tese de que esse tipo de trabalho não fere a ética pública.

Até o momento ele está atolado na primeira fase do processo, sem conseguir provar que os trabalhos foram realizados.

Pelo contrário, reportagens do GLOBO já mostraram que as palestras alegadas não foram realizadas, e nenhum documento aparece para mostrar que ele fez as consultorias tão regiamente pagas.

Na opinião do historiador Boris Fausto, já registrada aqui na coluna, mas que vale a pena ser relembrada, os políticos atuais não são piores que seus antecessores históricos.

Ele atribui a decadência na parte ética a circunstâncias históricas do desenvolvimento do país, típicas da pós-modernidade: o crescimento avassalador do capitalismo de Estado e a possibilidade de ganhar muito dinheiro no mercado financeiro no mundo globalizado.

O capitalismo de Estado fez surgir uma nova classe dirigente que mistura o poder sindicalista emergente, dominando os fundos de pensão das estatais, e as megaempresas multinacionais.

Boris Fausto também destacou que os desvios éticos são tratados com leniência, explicados com desculpas do tipo "sempre foi assim" ou com versões fantasiosas que passam a ser tratadas como verdades, como no caso do mensalão, que, com a ajuda do próprio presidente Lula, quer-se fazer passar por um financiamento de caixa dois de campanhas eleitorais.

No caso do senador Demóstenes Torres, há um movimento dentro do Senado para blindá-lo de uma investigação pela Comissão de Ética.

Ele está negociando com seus pares essa blindagem e já recebeu apoios públicos de alguns deles, da mesma forma que grande parte subiu à Tribuna para defendê-lo nas primeiras acusações.

Agora, com as denúncias se avolumando, e os indícios levando à evidência de uma relação promíscua entre o senador e o bicheiro, os senadores tentam um recuo constrangedor.

O ex-senador Darci Ribeiro dizia que o Senado era melhor do que o Céu porque não era preciso morrer para estar nele.

Esse corporativismo que mais uma vez se fez presente é reflexo de uma distorção ética denunciada pelo sociólogo Pierre Bourdieu, que identifica um modo artificial de pensar exigido para os que querem participar do mundo político, um verdadeiro monopólio da política pelos profissionais da política.

Para exercê-la, segundo Bourdieu, seria preciso dominar certos códigos próprios, submeter-se "aos valores, às hierarquias e às censuras inerentes a esse campo ou à forma específica que suas obrigações e seus controles revestem no seio de cada partido".

Haveria entre os políticos "um contrato tácito" que implica reconhecer esse jogo "pelo próprio fato de que vale a pena ser jogado. Por isso, Bourdieu considera a representação política uma luta, com regras próprias, pela conquista de poderes.

O cidadão comum e a ética pública, da maneira como a cidadania se expressa, ficariam alijados desse jogo, o que explicaria o distanciamento cada vez maior entre a sociedade e os políticos, um fenômeno que ocorre em termos mundiais e é responsável pela crise institucional que a atividade política vive no país.

FONTE: O GLOBO

Senado outonal :: Fernando Rodrigues

O Senado é a instituição da República que passa pela mais profunda renovação de quadros nos últimos anos. Grandes caciques não estão mais por ali.

Marco Maciel, Tasso Jereissati, Heráclito Fortes, Arthur Virgílio são alguns dos expelidos pelas urnas. Chefões como Antonio Carlos Magalhães e Romeu Tuma morreram. O presidente da Casa, José Sarney, e seu clã passam por uma fase crepuscular, tanto dentro do Senado como em seu Estado, o Maranhão.

Senadores influentes até outro dia não são mais frequentadores cotidianos do Planalto. Estão nessa categoria, entre outros, Renan Calheiros e Jader Barbalho.

Alguns têm sido abatidos por escândalos, como é o caso atual de Demóstenes Torres. Outros, por estarem sendo dizimados com parte da oposição, que até hoje não encontrou um discurso para se contrapor aos nove anos e três meses de lulo-dilmismo no Planalto.

O curioso -e fascinante- nesse processo é não terem surgido nomes de peso dentro das bancadas governistas para assumir algum protagonismo mais evidente no Senado. A Câmara Alta do Congresso simplesmente vai perdendo o seu lustro de maneira lenta e gradual. Um vácuo se forma e ninguém se apresenta para preenchê-lo.

É claro que os senadores emburrados com o estilo arranca-tocos de Dilma Rousseff ainda podem pregar peças no governo. Foi assim outro dia com a recusa de um indicado para uma agência reguladora. Mas qual é o efeito prático disso? Do ponto de vista imediato, nenhum.

Renovações são inexoráveis na política. Entre os senadores, o ponto máximo de inflexão deve ser a saída de Sarney da presidência da Casa. A escolha de seu sucessor se dará em menos de um ano, na primeira semana de fevereiro de 2013. Aí então será o momento de o Senado mostrar com clareza para qual direção pretende ir.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Lição de casa:: Dora Kramer

Os 52% de votos obtidos por José Serra na prévia que escolheu o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo acabaram traduzidos como um mau resultado pela desproporção entre a estatura do salto alto, expressa na expectativa de obter 80% de apoio, e a realidade interna do partido na cidade.

Contou também a discrepância entre o tamanho da pressão das lideranças tucanas para Serra entrar na disputa e o peso do desgaste na militância que, embora reconheça nele o candidato mais forte, almeja renovação e deve andar um tanto cansada de viver a reboque de suas idas e vindas.

Outra razão de se enxergar a vitória como uma quase derrota é que a comparação é feita com o PT, onde há uma liderança com força de lei da gravidade. Isso já houve entre os tucanos paulistas com Mário Covas, mas não existe em nenhum partido. Nisso, o diferente é o PT.

Não há cotejo possível com o próprio PSDB pelo simples fato de que a prévia de domingo foi a primeira realizada no partido. Em candidaturas anteriores de Serra a prefeito, governador e presidente, quantos votos ele teria, qual o porcentual que atingiria? Não se sabe.

O instituto das prévias não nos é familiar, o que dificulta a leitura da cena. No caso dos tucanos de São Paulo, parte-se do pressuposto da inexistência de prévia se Serra tivesse apresentado logo a candidatura.

Uma vez que não queria e o partido não tinha um candidato natural, quatro postulantes se apresentaram ao debate e durante sete meses fi¬¬zeram campanha junto à base partidária.

Quando Serra entrou no páreo, tangido pela evidência de que não era hora de fazer renovação porque isso resultaria na entrega da principal cidadela ao PT, dois pretendentes desistiram e dois ficaram. Lastreados em compromissos já firmados com seus eleitores de base.

Na final havia três candidatos e, portanto, votos a dividir. Desses, José Serra obteve 52% (precisava de 33%), o segundo colocado 31,2% e o terceiro 16,7%. A expectativa (arrogante) de que ele poderia conquistar de 70% a 80% decorreu de desdém em relação ao papel dos outros dois.

Um revés didático. Mostrou a impossibilidade de que prevaleçam vontades unilaterais. Há um preço a ser pago, principalmente quando há um processo em curso e o fator fadiga de material pesa na balança. Na ausência de lideranças incontestáveis não existe apoio incondicional.

Muito bem, mas o que a votação abaixo do esperado pode significar em termos de prejuízo eleitoral para Serra? Para o eleitor em geral, a importância é zero.

Estamos falando de um ambiente de seis mil militantes contra um universo de milhões de eleitores. Neste é que o PSDB precisará disputar com o PT que, a despeito das adversidades atuais (ausência de Lula, resistência de Marta Suplicy, baixo índice nas pesquisas, dificuldade de formar alianças), é adversário de peso.

Entre o tucanato a divisão exibida na prévia não necessariamente será reproduzida de maneira significativa na campanha. São lógicas diferentes. Na disputa partidária o jogo se dá em torno do poder intramuros. Na eleição a conta é mais pragmática, pois os benefícios decorrentes da vitória interessam ao partido como um todo.

Lado B. A ampliação do conceito de "ficha limpa" de candidatos a cargos eletivos para funcionários em cargos de confiança nos governos, assembleias, câmaras municipais, tribunais, havendo até quem proponha a exigência para diretores de ONGs, é louvável

Não obstante evidencie o tamanho do desleixo até então vigente em relação à vida pregressa de agentes públicos.

Ponto de vista. Qualquer votação no Congresso que resulte diferente da vontade do Palácio do Planalto é contabilizada como "derrota do governo". Não fosse a perda gradativa da noção do equilíbrio entre os Poderes, seriam vistas simplesmente como decisões do Le¬¬gislativo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

O cenário se ilumina na fogueira de S.João:: Rosângela Bittar

De bobo o bloquinho não tem nada. Junta-se quando precisa, separa-se quando quer e extrai de sua condição de fiel da balança do tempo de propaganda de TV tudo o que pode. Antes mesmo que lhe fosse pedido para adotar Fernando Haddad (PT) e embalá-lo em aliança para concorrer à Prefeitura de São Paulo, cercou-se de argumentos para negociações futuras e manteve as candidaturas próprias dos partidos que o compõem. Uma estratégia - do PCdoB, do PDT e sobretudo do PSB - que está em execução desde muito antes de o PT assumir, como o faz no momento, a aflição precoce com as eleições municipais.

Não sai agora uma definição sobre o que farão em São Paulo o PSB, o PCdoB, o PDT ou mesmo o PRB. Podem apoiar Haddad a qualquer instante ou em junho, a partir das convenções; podem unir-se ao PMDB com Gabriel Chalita; podem sustentar as candidaturas de Netinho (PCdoB), Celso Russomano (PRB), Paulo Pereira (PDT) e respeitar a resistência dos diretórios municipal e estadual do PSB a engrossarem as fileiras do PT. Podem, ainda, deixar sua definição só para o segundo turno. Nenhuma dessas opções lhes prejudica, ao contrário.

A única questão que têm definida, hoje, é que não haverá alinhamento automático ao PT, nada de aliança com o PSDB, e que não se sentem pressionados a resolver nada agora. Não há limite ou regras para a definição do PSB. O que se tem falado como obra pronta na eleição de São Paulo não passa de desejo. A hipótese da desistência de Netinho por decisão cordial e fácil do aliado histórico PCdoB, é uma solução elaborada no PT. No cenário em que se juntam todos em torno de Paulo Pereira, da Força Sindical, criando a terceira via que não vai Serra nem com o PT, é desejo do PDT.

Dificilmente não irão todos por onde Lula comandar, a conferir à frente. Mas não há porque o PCdoB rifar Netinho, agora, e o PSB desautorizar e intervir em seus diretórios em São Paulo para que entreguem cargos no governo do PSDB.

O que esses partidos estão fazendo hoje foi definido há um ano, quando Marta Suplicy não havia desistido da disputa e não era oficial, mas um propósito não declarado de Lula, lançar o nome de Fernando Haddad.

Lá atrás, o PCdoB resolveu que, até a hora certa pra definições, o partido lançaria a candidatura de Netinho, autorizado a sair em campanha. Afinal, perdera o Senado para Marta Suplicy por pouco (no interior venceu), e poderia brincar bem na pré-campanha.

Com a candidatura de Netinho já lançada, Lula trocou Marta por Haddad. O candidato petista, inadvertidamente, logo pediu uma conversa com o PCdoB. O partido não teve outra saída a não ser informar que, àquela altura, Netinho era candidato e estava em campanha. Sua retirada não poderia ser naquele momento, menos ainda grosseiramente.

O candidato petista foi inábil, faltou-lhe senso de oportunidade, mas o PT se revoltou assim mesmo com a frustração da primeira abordagem. Na sua raia o PSB também dava andamento à estratégia das municipais, e em São Paulo com a aproximação do forte elemento Gilberto Kassab e seu PSD, com quem passou a negociar.

Ao pedir, e ganhar, o apoio do PSB e do PCdoB para vencer disputa na Câmara Municipal, Kassab quis uma conversa com Eduardo Campos, presidente do PSB. Numa reunião com os deputados federais mais destacados de cada um dos partidos do bloquinho -, Márcio França do PSB, Aldo Rebelo do PCdoB e Paulo Pereira do PDT -, Kassab convidou as legendas a integrarem seu governo. A ele foi dito para pensar não só em secretarias, mas na hipótese de apoiar candidato de um deles na sua sucessão.

Kassab disse a todos o mesmo que disse a Lula e à presidente Dilma: Se José Serra (PSDB) fosse candidato, seu compromisso seria com ele. Entretanto, tudo levava a crer que não seria, e Kassab mesmo se encarregou de convencer PSB, PCdoB, PDT, a seguirem unidos com o PT. Em conversa com Eduardo Campos, Kassab assegurou, finalmente, que Serra não era mesmo candidato. O governador de Pernambuco comunicou o fato ao ex-presidente Lula que, então, armou seu próprio encontro com Kassab para pedir apoio a Haddad.

Novamente, agora em reunião com Kassab, Haddad tropeçou, conforme registros do PT: disse ao prefeito que consultaria o partido sobre seu apoio. Ao protelar uma resposta que tinha que ser festiva e comprometedora de cara, Haddad deixou o prefeito sem qualquer constrangimento para anunciar, chegado o momento, que honraria o acordo com Serra. Justiça seja feita, dizem três líderes do bloquinho, Kassab nunca foi ambíguo com relação a esse compromisso.

O PCdoB, depois do lançamento de Serra, ficou sem pretexto para retirar a candidatura de Netinho. Afinal uma chapa própria, com 10 a 12%, mal não faz. Os diretórios do PSB, que queriam logo declarar apoio a Serra, renderam-se ao prestígio de Eduardo Campos e lhe deram um prazo para esfriar as pressões. O governador sempre achou difícil para o partido ir com Serra em São Paulo, por causa de Lula, bem como aliar-se automaticamente ao PT, por causa das decisões dos diretórios. Uma saída seria adiar decisões, o que foi feito. Enquanto o momento não chega, inventar caminhos, procurar destravar o impasse interno. Há pressão intensa do PT para que o PSB apoie Haddad, agora, mas o partido só vai fazê-lo, estritamente com base na relação pessoal de Eduardo Campos com Lula, a partir de junho. Quando espera ter completamente resolvida, sem intervenção, as questões dos diretórios municipal e estadual.

Gabriel Chalita, que saíra do PSB para exatamente conseguir sua candidatura sem empecilhos, recebeu garantias do PMDB de que fica; o PCdoB resolveu deixar Netinho mais tempo exposto para aumentar a densidade da votação no partido.

Uma alternativa fora da disputa polarizada, para esses partidos, não está afastada, pelo menos no primeiro turno. É contra essa alternativa que Lula começou a pressionar mais forte agora. Já que os três partidos do bloquinho não podem apoiar Serra, não querem apoiar Haddad, e fora dessas duas forças há pelo menos três candidatos com boas aceitação no eleitorado paulistano, é que surgiu a hipótese de uma composição em torno de um terceiro nome. Mas é também uma ideia longe de estar consolidada.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Brasil, nada a declarar:: Vinicius Torres Freire

Atropelo de providências oficiais na economia serve apenas para deixar o país onde ele está, se tanto

Parece que tem acontecido tanta coisa no governo econômico do Brasil. Há um atropelo de providências, algumas delas anunciadas até com ares meio dramáticos.

O governo promete atirar uma medida por dia no dólar barato. Promete amparar as indústrias caídas, os desamparados cambiais, remediar as chagas do "custo Brasil", lancetar o dragão do capital externo. Anuncia que vai combater o estrangeiro usurpador do nosso mercado nas praias, nas ruas, nas casas e nos mictórios. Mas não está acontecendo lá muita coisa.

Sim, decerto a situação de algumas indústrias é meio dramática mesmo. Deixar como está para ver como é que fica pode arruinar algumas delas. Não obstante, algumas delas irão mesmo à ruína, pois, como se disse, não está acontecendo lá muita coisa. Provavelmente algumas iriam à breca mesmo se acontecesse alguma coisa.

Por um tempo, não haverá nada de novo a dizer sobre a economia brasileira e alguns de seus dilemas. O essencial está meio esquadrinhado. Mudanças dependem de escolhas políticas difíceis, perdas e ganhos, cortes duros de gastos, contenções temporárias de consumo.

Os salários estão altos. Para ser mais preciso, o custo de empregar alguém para produzir uma unidade de produto no Brasil sobe mais, e cada vez mais, que o de nossos parceiros comerciais importantes, em especial daqueles que costumavam comprar nossos bens produzidos em indústrias (EUA, por exemplo).

As soluções disponíveis são desvalorizar a moeda (difícil, mas achata salários), reduzir impostos sobre salários e limitar as intervenções estatais que induzem o aumento de salários (como reajustes do mínimo e de benefícios sociais). Não se trata de achatar os salários "para sempre". Mas de "dar um tempo".

Vai acontecer? Uhm.

Impostos aumentam custos por vias várias. Bidu. A fim de baixar impostos de modo responsável, o governo tem de reduzir gastos (e/ou tributar mais a renda dos mais ricos). O gasto maior, afora o da inépcia, é o relativo a juros, salários, aposentadorias e benefícios sociais.

Vai acontecer tal coisa tão cedo, corte de impostos de modo responsável? Uhm.

Há mais problemas, claro.

Falta mão de obra treinada, o que encarece o salário e o treinamento, reduz a eficiência das empresas etc. Isso não vai ser resolvido tão cedo, mesmo que houvesse empenho. Aliás, vai ficando para mais tarde, pois não há sentimento de emergência algum a respeito do assunto.

As empresas brasileiras parecem meio lerdas para inovar. Não é também coisa que se resolva tão cedo, se é que em algum dia. De resto, no Brasil, inovação em geral dependeu de algum modo de iniciativas inovadoras do Estado, que bancou custos de pesquisa, universidades, inventou estatais mais "de ponta" etc. Mas também do lado estatal tem faltado inspiração nessa área.

Há ainda os juros altos. Que aí ficarão enquanto a inflação não for menor, o que exige alguma repressão de consumo, privado e do governo. Juros altos ajudam a encarecer o real. E o círculo se fecha.

Os esparadrapos oficiais são lenitivos, dão um jeito ali, outro aqui, transferem renda de modo a cobrir um santo e descobrir outro. Nada além. O resto é mais ou menos detalhe. Melhor mudar de assunto.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

A política dos alvos errados:: Rolf Kuntz

O governo continua atirando furiosamente nos alvos errados. Toma medidas conjunturais para resolver problemas estruturais, como o da indústria, e aposta com entusiasmo em parcerias duvidosas, como a dos Brics - muito mais uma sigla, ainda hoje, do que um grupo de países com amplos interesses comuns. Isso foi comprovado mais uma vez na reunião sobre o câmbio na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde a China se aliou aos Estados Unidos e ao Canadá para abafar a discussão proposta pelo Brasil. No plano interno, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a prorrogação, até junho, do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens da linha branca. Além disso, estendeu o benefício aos setores de móveis, pisos e lustres, afetados, como tantos outros, pela concorrência dos importados. Facilidades para este ou aquele segmento continuarão sendo insuficientes para fortalecer a indústria de transformação, porque os seus problemas são muito mais graves que qualquer aperto conjuntural.

A própria conjuntura brasileira parece, à primeira vista, estranhíssima. A economia cresceu 2,7% no ano passado, enquanto a produção de manufaturas aumentou apenas 0,1%. A estagnação se manteve em janeiro, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) divulgado na segunda-feira: o número de janeiro foi 0,13% menor que o de dezembro, descontadas as variações sazonais. Mas a arrecadação federal continuou crescendo e atingiu no mês passado R$ 71,9 bilhões, o maior valor, em termos reais, para um mês de fevereiro. Descontada a inflação, foi 5,9% superior à de fevereiro do ano passado, quando o impulso dos 7,5% de crescimento econômico de 2010 ainda empurrava os negócios. A receita do IPI do setor manufatureiro foi um fiasco, mas o recolhimento de tributos sobre outras atividades foi um sucesso. O Imposto de Importação rendeu 8,6% mais que um ano antes, em termos reais, e o IPI vinculado às compras externas proporcionou 21,3% mais que em fevereiro de 2011.

A importação rendeu mais impostos, como vinha ocorrendo nos meses anteriores, por causa do aumento das compras, da elevação da alíquota média e também da valorização do real. Todos esses fatores refletem o vigor do mercado interno, sustentado pela expansão da massa de rendimentos e pela ampliação do crédito (confirmada nessa terça-feira pelo Banco Central). É este o dado aparentemente estranho da conjuntura: a produção da indústria vai mal, mas a demanda interna vai bem, graças ao consumo privado e aos gastos do governo. Uma das consequências aparece no comércio externo de mercadorias: em 2012, até 25 de março, o valor exportado foi 6,3% maior que o de um ano antes, mas o importado foi 9% superior ao de igual período de 2011. O superávit comercial foi 41,6% menor.

A estagnação da indústria manufatureira e a erosão do saldo comercial refletem muito mais que um problema de conjuntura. Para mudar o quadro, portanto, o governo terá de ir além das medidas conjunturais, como a redução temporária de impostos e de encargos trabalhistas ou a ampliação, também provisória, da oferta de financiamentos a juros baixos. Também limitadas têm sido as ações protecionistas, como a elevação do imposto sobre veículos com menos de 65% de conteúdo nacional ou a adoção de barreiras não tarifárias. Quanto ao câmbio, obviamente é apenas parte do problema.

Ações defensivas têm sentido quando se trata de preservar indústrias nascentes, de barrar a concorrência desleal ou de conter surtos de importação prejudiciais à produção nacional. A ação do governo tem ido muito além da proteção compatível com as normas internacionais. Além disso, seria grotesco recorrer ao argumento da indústria nascente. Igualmente ridículo é apontar o exemplo argentino como digno de imitação. Nenhum ganho de produtividade resultou do protecionismo praticado pelos vizinhos com apoio do governo brasileiro.

Políticas estruturais dão trabalho, requerem competência administrativa e envolvem às vezes decisões e negociações difíceis. Não é simples, por exemplo, negociar mudanças tributárias com 27 governadores, tentar diminuir a rigidez do orçamento ou trabalhar com metas e prazos para a execução de obras. Também é complicado e eleitoralmente menos rendoso cuidar dos gargalos reais da educação - nos níveis fundamental e médio, muito mais que no ensino superior, privilegiado no governo Lula.

Mas o futuro do País depende muito mais dessas tarefas do que da concessão de benefícios conjunturais a alguns setores. Mais realismo na diplomacia econômica também ajudará. É bom exportar produtos básicos, mas é ruim perder oportunidades em mercados desenvolvidos, enquanto se aceita uma relação semicolonial no comércio com a China. Não há nada conjuntural nessa coleção de erros e deficiências. Nada mudará sem o reconhecimento desse fato.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Desenvolvimentismo e dependência:: José Luís Fiori

Na década de 1960, a crise econômica e política da América Latina provocou, em todo continente, uma onda de pessimismo, com relação ao desenvolvimento capitalista das nações atrasadas. A própria Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) fez autocrítica, e colocou em dúvida a eficácia da sua estratégia de "substituição de importações", propondo uma nova agenda de "reformas estruturais" indispensáveis à retomada do crescimento econômico continental. Foi neste clima de estagnação e pessimismo que nasceram as "teorias da dependência", cujas raízes remontam ao debate do marxismo clássico, e da teoria do imperialismo, sobre a viabilidade do capitalismo nos países coloniais ou dependentes.

Marx não deu quase nenhuma atenção ao problema específico do desenvolvimento dos países atrasados, porque supunha que a simples internacionalização do "regime de produção burguês" promoveria, no longo prazo, o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas, no mundo dominado pelas potências coloniais europeias. Mais tarde, no início do século XX, a teoria marxista do imperialismo manteve a mesma convicção de Marx, que só foi questionada radicalmente, depois do lançamento do livro do economista, Paul Baran, "A Economia Política do Desenvolvimento", em 1957. Após sua publicação, a obra de Baran se transformou em referência obrigatória do debate latino-americano dos anos 1960. Para Paul Baran, o capitalismo era heterogêneo, desigual e hierárquico, e o subdesenvolvimento era causado pelo desenvolvimento contraditório do capitalismo. Além disto, segundo Baran, o capitalismo monopolista e imperialista teria bloqueado definitivamente o caminho do nos países atrasados.

As ideias de Baran casaram como luva com o pessimismo latino-americano dos anos 1960, e suas teses se transformaram numa referencia teórica fundamental das duas principais vertentes marxistas da "escola da dependência": a teoria do "desenvolvimento do subdesenvolvimento", do economista americano Andre Gunder Frank, que exerceu pessoalmente, uma forte influência no Brasil e no Chile; e a teoria do "desenvolvimento dependente e associado", formulada por Fernando Henrique Cardoso, com o suporte intelectual de um grupo importante de professores marxistas da USP.

A tese de Frank vem diretamente de Paul Baran: segundo Frank, o imperialismo seria um bloqueio insuperável, mesmo com a intervenção do Estado, e o desenvolvimento da maioria dos países atrasados só poderia se dar por uma ruptura revolucionária e socialista. Esta tese de Frank foi sendo matizada por seus discípulos, mas ainda é a verdadeira marca acadêmica internacional da teoria da dependência. Por outro lado, a tese central de FHC já nasceu menos radical: segundo ele, o desenvolvimento capitalista das nações atrasadas seria possível mesmo quando não seguisse as previsões clássicas, mas seria quase sempre, um desenvolvimento dependente e associado a países imperialistas.

O avanço da teoria do "desenvolvimento associado" foi interrompido pelo próprio sucesso político ao se transformar no fundamento ideológico da experiência neoliberal no Brasil, sob liderança do próprio FHC. Com relação a Frank e seus discípulos, ele mesmo "imigrou", nos anos 1980, para outros temas e discussões históricas, e sua teoria do subdesenvolvimento ficou paralisada no tempo, como apenas uma lista de características especificas, estáticas e intransponíveis, da periferia capitalista. Ou quem sabe, uma espécie de teoria dos "pequenos países".

Apesar de tudo, a "escola da dependência" deixou quatro ideias seminais, que abalaram o fundamento teórico do "desenvolvimentismo de esquerda", dos anos 1950:

1) O capital, a acumulação do capital e o desenvolvimento capitalista não tem uma lógica necessária que aponte em todo lugar e de forma obrigatória para o pleno desenvolvimento da indústria e da centralização do capital.

2) A burguesia industrial não tem um "interesse estratégico" homogêneo que contenha "em si", um projeto de desenvolvimento pleno das forças produtivas "propriamente capitalistas".

3) Não basta conscientizar e civilizar a burguesia industrial e financiar a centralização do seu capital para que ela se transforme num verdadeiro "condotieri" desenvolvimentista.

4) Simples expansão quantitativa do estado não garante um desenvolvimento capitalista industrial, autônomo e autossustentado.

O que chama a atenção é que até hoje, o "desenvolvimentismo de esquerda" não tenha conseguido se refazer do golpe, nem tenha conseguido construir uma nova base teórica que possa dar um sentido de longo prazo à suas intermináveis e inconclusivas deblaterações macroeconômicas e ao seu permanente entusiasmo pelo varejo keynesiano.

José Luís Fiori é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da UFRJ, e autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo, 2007

FONTE: VALOR ECONÔMICO