quarta-feira, 18 de julho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Flexa Ribeiro: pibinho

"Infelizmente agora o governo Dilma trata o PIB como aquela música da novela: é um "ex-my-love" e não vale mais nem 1,99."

Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), sobre a presidente ter dito que a riqueza do país não se mede pelo indicador, em declínio durante seu mandato.Folha de S. Paulo/Painel, 18/7/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Violência é causa de 26% das mortes de 0 a 19 anos
Onda de greves preocupa Planalto
Inea exige teste em duto no Porto

FOLHA DE S. PAULO
EUA acusam HSBC de dar aval a lavagem de dinheiro
Juros do cartão no Brasil superam em até 11 vezes taxas de países vizinhos
Verbas para sigla de Maluf disparam após aliança com PT
Decisões sobre áreas indígenas excluirão índios
Morte de jovens cresceu 376% no país desde 1980
Custo indireto da energia triplica gasto do brasileiro
Agente da PF que atuou na Monte Carlo é assassinado

O ESTADO DE S. PAULO
Filho de Paulinho da Força dá expediente informal em SP
Congresso aprova LDO, sem mudança em licitações
PSDB defende Perillo e vê ‘orquestração’do PT
Jersey usa caso Maluf como modelo anticorrupção

VALOR ECONÔMICO
Câmara amplia as desonerações do Brasil Maior
O novo xerife do mercado
Crise cria insatisfação entre clientes 'private'
BRT vira febre nas grandes cidades

BRASIL ECONÔMICO
Congresso entra em recesso e deixa na fila temas estratégicos
Otimismo dos brasileiros se mantém em alta
Vale aumentará produção até o fim deste ano
Fundos do J.P. Morgan trocam o real pelo dólar

CORREIO BRAZILIENSE
A morte do agente que sabia demais
Mínimo vai a R$ 667,75 em janeiro
Governo no limite para servidores

ESTADO DE MINAS
Difícil de pagar
R$ 667,75
Tempo na TV
Sujões: MP à caça de prefeitos que insistem em lixão

ZERO HORA (RS)
Antenas da discórdia
Sem apuração: Assembleia ainda ignora o caso da servidora
Porto Alegre: Uma avenida para aliviar a Zona Sul

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Brasil é líder em juro de cartão de crédito
Comissão aprova orçamento com novo mínimo de R$ 667,75
Comissão da Verdade recebe documentos sobre o crime ocorrido na ditadura.

Onda de greves preocupa Planalto

Petrobras antecipa abono para evitar paralisação de funcionários

No momento em que 135 mil servidores federais estão de braços cruzados, incluindo professores, funcionários de agências reguladoras, da Eletrobras, do IBGE e de diversos ministérios, o governo teme prejuízos para o PIB deste ano. Aumentos generalizados poderiam comprometer o esforço do governo de dar incentivos fiscais que estimulem a economia. A Petrobras se antecipou e propôs abono de 12% e aumento na participação de lucros.

Greves preocupam Planalto

Para governo, ceder às demandas dos 135 mil servidores parados pode comprometer PIB

Eliane Oliveira, Geralda Doca e Ramona Ordoñez

A onda de greves de servidores públicos tornou-se a principal preocupação da área econômica. Ceder às pressões, na visão de um interlocutor graduado do governo, colocará em risco o propósito da presidente Dilma Rousseff de crescer acima de 2% em 2012. Um aumento generalizado dos salários do funcionalismo tiraria espaço para novos investimentos e desonerações de tributos. A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013, aprovada ontem, não prevê reajuste para os servidores federais. Nos bastidores, o Palácio do Planalto só admite reajustes pontuais no ano que vem para a área militar e para funcionários civis de nível médio.

Para resumir a situação, um interlocutor da presidente repetiu a frase dita por Dilma em um discurso recente: "Não se deve, neste momento, brincar à beira do abismo".

Líderes das diversas categorias que aderiram à paralisação - em órgãos como IBGE, agências reguladoras, hospitais, universidades e ministérios - estimam que há mais de 135 mil servidores em greve, dos quais 105 mil são professores. Se todas as reivindicações dos servidores dos três poderes fossem atendidas, teriam de sair dos cofres públicos cerca de R$ 92 bilhões, segundo técnicos, dos quais R$ 60 bilhões atenderiam ao Executivo.

Petrobras faz contraproposta

Com receio de que a onda de greves chegue a suas unidades, a Petrobras, que já apresenta dificuldades em cumprir suas metas de produção, se antecipou e mostrou ontem aos representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e demais dirigentes sindicais nova proposta de pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2011. A companhia ofereceu aumento de 4,6%, que representa R$ 760. Além disso, ofereceu abono de 12% nos salários, ou R$ 1.296, o que for maior, antecipando-se às negociações salariais da categoria, com data-base de setembro. Os dirigentes sindicais avaliam hoje a proposta e a encaminham para a aprovação em assembleias.

Para o professor e pesquisador do Departamento de Administração da Universidade de Brasília José Matias-Pereira, esse movimento era previsível, pois o governo anterior deu concessões aos servidores que o atual não tem como honrar:

- Do ponto de vista das contas públicas, é uma situação bastante preocupante. Todos os institutos preveem baixo crescimento. Talvez caminhemos para um aumento de 1,5% do PIB.

O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse que o governo Lula encontrou vários segmentos do funcionalismo com remuneração defasada, incluindo aposentados.

- O governo tem a tranquilidade de ter feito a lição de casa, valorizando as carreiras - afirmou.

No governo, a avaliação é que, em ano de eleições municipais, o movimento grevista ganha caráter extremamente político.

O Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal (Sindsep-DF) relatou que há 500 funcionários de 13 órgãos públicos paralisados há cerca de um mês, e outros dois ministérios deverão engrossar a lista (Cultura e Esporte). Hoje, será realizado um grande ato, em frente ao Ministério do Planejamento, informou o diretor da entidade, Carlos Henrique Ferreira.

O novo presidente da CUT, Vagner Freitas, pediu ajuda da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para destravar as negociações emperradas no Planejamento. A CUT quer ser recebida pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Para o diretor do Sindicato dos Servidores das Agências Reguladoras (Sinagências), Ricardo Holanda, 60% do quadro, ou pouco mais de quatro mil funcionários, já pararam em todo o país. Até a Força Sindical decidiu apoiar a paralisação dos servidores públicos. Segundo o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva (o Paulinho), o governo se comprometeu em dezembro a negociar com a categoria em fevereiro para facilitar a votação do orçamento, mas não cumpriu o combinado.

No grupo Eletrobras, a greve está em seu segundo dia e manteve alto nível de adesão: 90%, segundo o presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Frankilim Moreira. A empresa diz que entre 75% e 90% aderiram. Tanto a Eletrobras como a FNU afirmam que a paralisação não prejudica o fornecimento de energia. Os funcionários do setor elétrico pedem aumento real de 5%. A Eletrobras ofereceu só a reposição da inflação.

FONTE: O GLOBO

No setor privado, bancários querem aumento real de 5%

Lino Rodrigues

SÃO PAULO. Trabalhadores do setor privado com data-base a partir de setembro também já começaram a se organizar, com o objetivo de manter os ganhos reais de salário conquistados nos últimos anos. Nem mesmo os sinais de queda da atividade parecem ter diminuído a confiança dos sindicalistas, que apostam nos efeitos positivos das medidas do governo - como a que desonerou a folha de pagamento.

Uma das categorias mais organizadas, junto com a dos metalúrgicos, a dos bancários acredita que os bancos estão em situação financeira privilegiada e não terão como negar um aumento real em torno de 5% (contra 1,5% obtido em 2011). Com mais de 480 mil trabalhadores no país, a categoria espera entregar a pauta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) na primeira semana de agosto. A discussão interna terá início neste final de semana, em Curitiba.

- Não vemos motivo para não sairmos desta campanha com aumento real de salário, PLR maior e melhores condições de trabalho - disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.

No ramo químico, a expectativa é fechar um acordo em setembro, mês do dissídio da categoria. Raimnundo Suzart, coordenador da Federação dos Trabalhadores Químicos do Estado de São Paulo, acredita que a desoneração da folha deve ajudar.

- Não contávamos com uma crise tão forte, mas acreditamos em uma estabilização da economia a partir de setembro. E, com essa desoneração da folha, as empresas terão fôlego para atender as reivindicações - disse o sindicalista, lembrando que, apesar do agravamento a crise, não houve cortes de postos de trabalho no primeiro semestre.

Já os metalúrgicos, sobretudo os da indústria automobilística, estão numa situação mais confortável. No ABC paulista, boa parte das empresas já negociou desde o ano passado o percentual de aumento real, em torno de 2,5%.

FONTE: O GLOBO

Congresso aprova LDO sem reajuste a servidor

Além de mínimo de R$ 667 para 2013, lei votada ontem prevê cenário otimista na economia, com PIB crescendo 5,5%

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA . Após uma negociação que envolveu a promessa de liberação (empenhos) de um maior lote de emendas a parlamentares, o Congresso aprovou ontem a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013 (LDO) sem qualquer proposta de reajuste para servidores e com a proibição de pagamento retroativo de eventuais aumentos que venham a ser concedidos. Por outro lado, obedecendo a lei de valorização do salário mínimo, o texto aprovado manteve a previsão de um mínimo de R$ 667,75 a partir de janeiro, um aumento de 7,36% em relação aos os atuais R$ 622.

O texto aprovado da LDO - um conjunto de normas e parâmetros para a confecção do Orçamento da União do ano posterior - manteve uma visão otimista da economia para 2013, otimismo que não é mais compartilhado nem dentro do governo ou no mercado.

Apesar da retração da economia em 2012, na LDO o crescimento é mantido em 5,5% do PIB para 2013 (o mercado já reduziu a previsão para este ano para cerca de 2%) e o superávit primário em R$ 155,85 bilhões, ou 3,1% do PIB. Com a aprovação da LDO, o Congresso entra em recesso hoje e só volta em agosto.

A LDO frustrou os servidores e não trouxe garantia efetiva de reajustes. Ficou apenas um texto genérico que "autoriza a inclusão de recursos no projeto de lei orçamentária, com vistas ao atendimento de reajustes no Poder Executivo, no Poder Legislativo, no Poder Judiciário e no Ministério Público da União". Na prática, fica nas mãos do governo alocar ou não os recursos.

Os parlamentares rejeitaram proposta do deputado João Dado (PDT-SP), que queria dar autonomia aos poderes para fixar seus reajustes.

- O texto aprovado é uma saída política possível - admitiu o relator, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

O governo também conseguiu manter um dispositivo proibindo pagamentos retroativos: "Os projetos de lei ou medidas provisórias que tratarem de reajustes não poderão conter dispositivo com efeitos financeiros anteriores à entrada em vigor ou à plena eficácia". A interpretação é que projetos de lei que estão parados no Congresso, se aprovados, terão que se adaptar à restrição.

Mas o Palácio do Planalto foi frustrado em dois pontos. O primeiro foi a criação do chamado Anexo de Metas dentro da LDO, no valor de R$ 11 bilhões. Valadares fez a lista de obras prioritárias, alegando que tem o aval do Planejamento, mas o Planalto prefere usar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como a lista de obras prioritárias.

O segundo ponto que desagrada ao governo foi a retirada do artigo que garantia os investimentos do PAC e das estatais no ano que vem, mesmo que o Orçamento da União de 2013 não seja aprovado até 31 de dezembro. Permaneceu a regra de que, sem Orçamento aprovado, o governo só pode gastar com o custeio da máquina pública.

O relator ampliou a chamada Lei da Transparência, estabelecendo que autarquias e estatais controladas diretamente ou indiretamente pela União terão que divulgar os salários de seus servidores. O texto da LDO ainda obriga a divulgação de dados sobre as entidades do chamado Sistema S, como o Sebrae.

FONTE: O GLOBO

Mercadante: governo chegou ao limite

Ministro diz não ter como elevar proposta de reajuste a professores em greve

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA . O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que o governo federal não tem condições de conceder reajuste salarial acima dos valores já oferecidos aos professores das universidades federais. Segundo o ministro, a proposta de aumento já apresentada ao professores terá um impacto de R$ 4 bilhões aos cofres públicos, e o governo não dispõe de recursos para ir além desse limite.

A proposta de reajuste de até 45% do salário dos professores foi rejeitada na última segunda feira pelo comando nacional de greve do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) 

- Não há margem fiscal para ir além disso - afirmou ontem o ministro, depois de uma reunião com reitores das universidades.

Prioridade é manter empregos, diz ministro

Segundo Mercadante, os reitores entenderam que não há como melhorar a proposta apresentada pelo governo. O ministro disse ainda que existem outros servidores sem reajuste salarial, e que a prioridade do governo federal, neste momento de crise internacional, é proteger o emprego de trabalhadores que não têm estabilidade, ou seja, de alguns setores iniciativa privada.

Para o ministro, a estratégia do governo é estimular a produção voltada para o mercado interno e, com isso, garantir o emprego em áreas mais vulneráveis às oscilações internacionais.

Os professores das universidades federais estão em greve há dois meses. Na última segunda-feira, o sindicato da categoria votou contra a oferta do governo e anunciou que radicalizaria a paralisação. Pela proposta do governo, o reajuste seria escalonado ao longo de três anos.

Um professor com doutorado e dedicação exclusiva receberia R$ 17 mil em 2015. O comando de greve, em assembleia realizada na noite de domingo, entendeu que o reajuste proposto pelo governo não supera os índices inflacionários e beneficia somente quem está no topo da carreira, caso dos professores titulares, que, segundo o Andes, representam 10% da categoria.

FONTE: O GLOBO

Paralisação de servidores já prejudica empresas

Entidade de funcionários públicos federais afirma que cerca de 30 órgãos estão total ou parcialmente parados; categoria quer aumento médio de 30%

Lu Aiko Otta, Tânia Monteiro

BRASÍLIA - Após dois anos de mão fechada, o governo enfrenta crescentes paralisações e operações-padrão na administração federal. "Já é uma greve geral", diz Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que patrocina o acampamento de servidores na Esplanada dos Ministérios.

Levantamento da Condsef aponta que cerca de 30 órgãos estão paralisados total ou parcialmente. A mais nova adesão foi a das agências reguladoras, cujos funcionários pedem aumento médio de 30% e mudanças nas estruturas das carreiras. Após indicar ontem com uma greve no Rio, o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação deve fazer assembleia em São Paulo. O impacto mais visível deve ocorrer nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos e no Porto de Santos, pois mercadorias importadas dependem da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser liberadas.

A mesma forma de pressão tem sido exercida pela Receita Federal. O órgão não está em greve, mas em operação-padrão, desde junho, demorando a liberação de cargas. "Na Zona Franca, deram férias coletivas para 8 mil empregados por falta de insumos para trabalhar", diz Pedro De La Rue, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, que cobra correção salarial de 30,18%.

A ordem da presidente Dilma Rousseff, porém, é não ceder. O Ministério do Planejamento espera concluir levantamento sobre os funcionários em greve para descontar dias parados. Mas reitores das universidades federais negam-se a informar quem são os grevistas. A Petrobrás, na tentativa de evitar que os funcionários entrem em greve a partir de amanhã, apresentou à Federação Única dos Petroleiros e à Federação Nacional dos Petroleiros proposta de acréscimo de R$ 2.056 ao piso da cota de Participação de Lucros e Resultados de 2011. Até ontem, o piso de R$ 16,5 mil vinha sendo rejeitado pelos empregados, que sinalizam greve. O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, deve encontrar-se esta semana com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para obter uma proposta. O governo diz que já há uma negociação em curso.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

“Bolsa Empresa”: governo libera recursos e aprova Plano Brasil Maior

MPs com incentivos para a indústria só foram aprovadas depois da promessa de liberação de dinheiro de emendas

Iuri Dantas, Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - O governo conseguiu ontem, às vésperas do recesso de julho do Congresso Nacional, a aprovação de duas medidas provisórias que estabelecem incentivos para a indústria, além da ampliação dos recursos destinados ao financiamento de exportações. A votação só foi possível depois que o Palácio do Planalto acertou a liberação de dinheiro para as emendas parlamentares.

A liberação das emendas não foi o único preço pago pelo governo para a aprovação das medidas. As desonerações previstas originalmente nas MPs, que estabelecem a segunda fase do Plano Brasil Maior, foram ampliadas, o que deve encarecer o pacote de R$ 60,4 bilhões lançado pela presidente Dilma Rousseff em abril.

Antes de virar lei, as duas MPs precisam ser votadas pelo Senado até 15 de agosto, caso contrário perdem validade. Segundo o relator de uma das medidas, senador Romero Jucá (PMDB-RR), a Casa deve votar as matérias nos dias 7 e 8, após o recesso.

Os senadores receberão textos repletos de "contrabandos", artigos incluídos nas MPs após a publicação. Um deles é a ampliação para os setores de transporte aéreo, marítimo e aéreo de carga e passageiros do programa de desoneração da folha de pagamento, que originalmente previa o benefício para apenas 15 segmentos da indústria.

Com a desoneração, as empresas deixam de repassar ao INSS o equivalente a 20% do valor da folha de salário dos trabalhadores e passam a pagar novo imposto, com alíquota de 1% a 2% sobre o faturamento. O governo ainda não decidiu se vai vetar a ampliação, por isso os parlamentares não sabem avaliar qual será a desoneração total do pacote.

Também foi aprovado o repasse de R$ 45 bilhões do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a criação de uma agência de garantias financeiras para grandes projetos.

Automotivo. Foi aprovada também mudança no novo regime automotivo, mas a expectativa é corrigir o problema na regulamentação das novas regras para as montadoras, que entrarão em vigor em 2013. O novo texto permite a habilitação de empresas que fabricam veículos no exterior, mas o governo vai vincular o desconto de IPI à compra de autopeças nacionais, impedindo que montadoras estrangeiras sejam beneficiadas se não fizerem compra e investimento no País.

Os congressistas também beneficiaram fabricantes de smartphones e notebooks ao incluí-los na Lei do Bem e cortaram impostos sobre alimentos da cesta básica e biodiesel. A MP que transfere recursos para o BNDES foi ampliada para incluir aumento de R$ 4 bilhões no capital do Banco do Nordeste (BNB) e de R$ 1 bilhão no do Banco da Amazônia (Basa). Em sessão do Congresso, foi aprovado ainda projeto gerando crédito adicional de R$ 1,355 bilhão para incentivos a exportações. Os recursos vão para o Programa de Financiamento às Exportações (Proex), o Seguro de Crédito à Exportação (SCE), e o Fundo de Garantia às Exportações (FGE).

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Freire questiona alteração em estatal

Transformação da Agência Brasileira Gestora de Fundos e Garantias em sociedade de economia mista é inconstitucional, diz deputado

Roberto Emerich

O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), afirmou que o mecanismo da Medida Provisória 564/12 que permite ao Poder Executivo transformar a Agência Brasileira Gestora de Fundos e Garantias em sociedade de economia mista é inconstitucional. A MP foi aprovada nesta terça-feira pelo plenário da Câmara.

Em defesa do Poder Legislativo, Freire defendeu que a proposta fosse aprovada por meio de projeto de lei, como determina a Constituição Federal. O parlamentar não descarta acionar o Supremo Tribunal Federal caso o dispositivo seja mantido na MP.

No plenário da Câmara, o presidente do PPS afirmou que o governo federal desrespeita o Parlamento com medidas ilegais. Ele ressaltou que apenas uma lei específica pode criar empresa pública ou uma sociedade de economia mista. “Estamos aqui pacificamente aceitando tudo isso. Evidentemente que essa medida representa a diminuição do nosso poder e um desrespeito a Constituição”, afirmou.

Para o parlamentar, o problema não é o mérito da matéria, mas a forma como foi apreciada. “Precisamos recuperar a autonomia do Poder Legislativo. Nem que tenhamos que assumir um compromisso de aprova-la de forma imediata na condição de um projeto de lei, como manda a Carta Magna. Ninguém aqui está contra o mérito da proposta. A Constituição precisa ser respeitada.”, defendeu.

FONTE: PORTAL DO PPS

PSDB injetou em medida provisória de Dilma artigo que ‘isentou’ a cesta básica de tributos

Josias de Souza

Sem estrondos, a Câmara aprovou na noite desta segunda (16) uma providência de enorme impacto. Foram zerados os impostos federais que incidem sobre os alimentos da cesta básica.

A novidade foi enfiada pelo líder do PSDB, Bruno Araújo, numa das medidas provisórias editadas por Dilma Rousseff para instituir o programa Brasil Maior, de estímulo à indústria.

A ‘carona’ tucana foi o último item a ser votado, já na calada da noite. Passou em votação simbólica, com a anuência de todos os líderes presentes à sessão. Não há vestígio de cálculos sobre o impacto fiscal da medida.

Compõem a cesta básica: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. De acordo com o que foi aprovado pelos deputados, deixam de incidir sobre tais produtos o PIS, a Cofins e o IPI.

A medida provisória seguiu para o Senado. Ali, será votada na volta do recesso parlamentar, em agosto. Já não há como fazer alterações. O prazo de validade da MP expira em 15 de agosto. Modificando-a, os senadores teriam de devolvê-la à Câmara. E o governo perderia a corrida contra o relógio.

Assim, o texto seguirá para a mesa de Dilma Rousseff com o ‘contrabando’ tucano da cesta básica inserido no meio dos estímulos tributários e da desoneração da folha salarial que o governo propusera para sete setores da economia: hotéis, móveis, autopeças, naval, aéreo, call center e chips.

Aproveitando-se do ritmo de toque de caixa, Bruno Araújo prevaleceu em plenário com uma manobra que embatucou o PT. O deputado apresentara a emenda da cesta básica ainda na fase em que a MP tramitava numa comissão especial. A sugestão fora ignorada.

No plenário, Bruno apresentou um “destaque”. É como são chamados os pedidos para que sejam votadas separadamente emendas ao texto principal de uma medida provisória. A esperteza do líder foi ao final da fila.

Chamado ao microfone para explicar sua emenda, Bruno foi à jugular: “Tenho a honra de ser o autor dessa emenda. Mas precisamos ser justos. Nada mais fiz do que reproduzir um projeto de lei assinado pelo líder do PT, Jilmar Tatto, e pelos deputados petistas Paulo Teixeira e Ricardo Berzoini.”

Bruno recordou que a tramitação de um projeto de lei pode levar anos. Realçou que, inserida na medida provisória de Dilma, a isenção dos tributos incidentes sobre a cesta básica seria abreviada e o benefício aos brasileiros mais pobres seria imediato. Não houve quem o contraditasse.

O blog perguntou ao líder do PSDB qual será o impacto da isenção no orçamento fiscal do governo. E Bruno: “Como a proposta original era do PT, que ocupa a Presidência da República, tenho a certeza de que isso foi devidamente avaliado. Não creio que o PT apresentaria um projeto como mero jogo de cena.”

Líder de Dilma na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) não esteve presente à sessão da noite passada. Se quiser, a presidente pode vetar o contrabando. Mas terá de arcar com o ônus político de privar os brasileiros do barateamento dos produtos da cesta básica.

FONTE: BLOG DO JOSIAS

Verbas para sigla de Maluf disparam após aliança com PT

O apoio do PP à candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo coincidiu com um aumento na destinação de verbas federais para projetos e obras apadrinhadas por parlamentares do partido, informa Breno Costa.

A sigla do ex-prefeito Paulo Maluf foi, desde o dia 1º de junho, a segunda mais beneficiada pelo governo federal no atendimento de emendas. Perdeu apenas para o PMDB.

Verba para partido de Maluf cresceu após aliança com PT

Recursos do governo federal destinados ao PP quintuplicaram em junho

Mês marcou a adesão de Maluf à candidatura de Haddad (PT) em São Paulo, após negociação avalizada pelo Planalto

Breno Costa

BRASÍLIA - O apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo coincidiu com uma disparada na destinação de verbas federais para obras e projetos apadrinhados por parlamentares do partido.

Em um quadro atípico, o PP do ex-prefeito Paulo Maluf foi, desde o dia 1º de junho, o segundo partido mais beneficiado pelo governo no atendimento das emendas parlamentares, mostra levantamento da Folha.

As emendas são o mecanismo pelo qual os congressistas inserem obras e projetos no Orçamento.

O mês de junho marcou a reta final da definição das alianças para as eleições municipais de outubro.

Quinta maior bancada no Congresso, o PP ficou à frente do PT e só atrás do PMDB -donos das maiores bancadas no Congresso.

A eleição de Haddad em São Paulo é vista como principal objetivo eleitoral do PT, maior partido de sustentação do governo federal.

Polêmica, a aliança com Maluf garantiu ao petista, neófito em eleições e em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, equilíbrio em relação a seu principal adversário, José Serra (PSDB), no tempo da propaganda de rádio e TV.

A partir de 14 de junho, data em que Paulo Maluf passou a considerar publicamente a possibilidade de apoiar Haddad em vez de Serra, a liberação de emendas para o PP quintuplicou.

Até aquela data, a liberação acumulada desde janeiro era de R$ 7,2 milhões. De um mês para cá, foram mais R$ 36,6 milhões para emendas do partido.

O levantamento foi feito com base nas 20 ações de governo que mais concentram emendas.

Um dos principais aliados de Maluf em São Paulo, o deputado federal José Olímpio foi o segundo mais beneficiado entre os pepistas, obtendo R$ 4,2 milhões para ações apoiadas por ele.

Outro parlamentar do PP paulista beneficiado foi Beto Mansur, ex-prefeito de Santos e que tem Maluf como seu padrinho dentro do partido.

A aliança do PT com o PP em São Paulo foi celebrada na casa de Maluf no dia 18 de junho, com a presença de Haddad e do ex-presidente Lula, que posaram para fotos.

Na ocasião, o governo entregou um posto-chave do Ministério das Cidades a um afilhado do ex-prefeito.

O ritmo de liberações de emendas indica também que, além do salto nas verbas para o PP, a ex-prefeita e hoje senadora Marta Suplicy (PT) foi a terceira mais agraciada entre 174 parlamentares que foram contemplados no período, com R$ 5,6 milhões.

Marta, que pretendia ser a candidata petista em São Paulo, tem resistido a entrar na campanha de Haddad.

Outro lado

A Secretaria de Relações Institucionais, órgão da Presidência responsável por receber e negociar demandas de congressistas, não explicou os critérios usados em relação ao PP e a Marta.

Em nota, a assessoria da ministra Ideli Salvatti afirma apenas que o governo "atendeu solicitações de parlamentares de todas as bancadas" e que se esforçou para realizar os empenhos até a data permitida pela Lei Eleitoral.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Serra lidera 1ª pesquisa pós-convenções com 31%

Raphael Di Cunto

SÃO PAULO - A primeira pesquisa de intenção de voto depois de definidos os candidatos para a Prefeitura de São Paulo mostra que o principal beneficiado com a desistência do vereador Netinho de Paula (PCdoB) foi Fernando Haddad (PT), escolhido por 9,5% dos entrevistados em pesquisa do Instituto Veritá. José Serra (PSDB) é líder isolado, com 31,4% dos votos, seguido por Celso Russomano (PRB), que tem 17,7%.

O cenário nas primeiras posições é o mesmo de pesquisas da pré-campanha feitas por outros institutos - esta é a primeira sondagem do Veritá na eleição em São Paulo em 2012. A diferença para as outras pesquisas é que nesta Haddad aparece sozinho no terceiro lugar - nas outras ele dividia a posição com Soninha Francine (PPS), que nesta tem 5%, com o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB), que aparece com 4,3% desta vez, e com o próprio Netinho de Paula, que desistiu da candidatura no fim de junho para apoiar o petista. O deputado federal Paulinho da Força (PDT) tem 3,6% dos votos. Nenhum outro candidato registra mais de 1% na pesquisa, que tem margem de erro de 2,69%.

O Instituto Veritá colheu a opinião de 1331 eleitores entre os dias 9 e 12 de julho e registrou a pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) com o número SP-00102/2012. A sondagem foi paga com recursos da própria empresa. O instituto faz pesquisas eleitorais desde 2000 e está registrado em três conselhos regionais de estatísticas, mas não é filiado à Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep).

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Manuela larga com ligeira vantagem contra prefeito

Sérgio Ruck Bueno

PORTO ALEGRE - A primeira pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura de Porto Alegre após a oficialização das candidaturas mostra a deputada federal Manuela D"Ávila (PCdoB) à frente, com a preferência de 38,6% dos eleitores, seguida do prefeito José Fortunati (PDT), que tenta a reeleição e registrou 33,5% na pesquisa realizada pelo instituto Methodus e divulgada ontem pelo jornal "Correio do Povo".

A diferença pró-Manuela está 0,1 ponto percentual acima da margem de erro da pesquisa, que é de 2,5 pontos para mais ou para menos. Num eventual segundo turno entre ambos, a deputada também venceria o atual prefeito por 46,7% contra 39,3%, com 9,1% de votos brancos e nulos e 4,9% de indecisos.

Na última pesquisa feita pelo instituto, em março, Fortunati aparecia na dianteira, com 33,5%, 35,2% e 40,3% em cada um dos três cenários apresentados para o primeiro turno, contra 31,3%, 34,3% e 37,2%, respectivamente, de Manuela. Na época o prefeito registrava 44,8% no segundo turno, ante 44,5% da deputada.

Na pesquisa publicada ontem, o deputado estadual Adão Villaverde (PT) segue em terceiro, agora com 7,4% (tinha de 10% a 11,3% em março). Os demais candidatos não ultrapassam 2%. Os votos brancos e nulos somaram 7,9% e os eleitores indecisos, 8,5%.

O atual prefeito tem ainda o maior índice de rejeição (17,3%), seguido de perto por Manuela (16,6%) e Villaverde (16,4%). A pesquisa foi feita de 11 a 14 de julho com 1.600 eleitores e registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) sob o número 00035/2012.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Três candidatos iniciam campanha empatados em Manaus

Três candidatos estão empatados tecnicamente na liderança da eleição para a Prefeitura de Manaus, aponta pesquisa dos institutos UP (Unidade de Pesquisa) e DMP (Design, Marketing e Propaganda) divulgada ontem pela "Rádio CBN Manaus".

O ex-senador Arthur Virgílio (PSDB) está com 20,6%, o presidente estadual do PSB, Serafim Corrêa, tem 18,1% e a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B) está com 17,1% - todos na margem de erro, de três pontos percentuais para mais ou para menos. Não foi feita pesquisa de segundo turno.

A pesquisa mostra ainda que 81,5% dos moradores de Manaus aprovam a administração da presidente Dilma Rousseff (PT), contra 9,5% que a acham "regular" e 7,6% que a desaprovam. O governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), tem aprovação de 75,5% dos eleitores da capital, contra 13,8% de regular e 8,2% que o reprovam. Já o prefeito Amazonino Mendes (PDT) é considerado ruim por 44,6%, ante 35,4% que aprovam sua gestão.

Foram ouvidas 1257 pessoas entre 12 a 15 de julho. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) com o número 00006/2012.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Prefeito do PT lidera isolado para reeleição

O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), lidera a primeira pesquisa de intenção de votos feita desde que foram definidas as candidaturas nas convenções. De acordo com a sondagem do Instituto Serpes, divulgada ontem pelo jornal "O Popular", o petista tem 34,1% dos votos, crescimento de 7,8 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, de 18 de junho.

Outro que cresceu foi o deputado federal Jovair Arantes (PTB), que subiu 5,2 pontos percentuais desde junho e alcançou 7,7% desta vez. O petebista é o único candidato da base do governador Marconi Perillo (PSDB), beneficiado pela saída do deputado federal Sandes Júnior (PP).

Arantes está em empate técnico com a deputada estadual Isaura Lemos (PCdoB), que tem 10%, e com o deputado estadual Elias Júnior (PMN), com 7,2%. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. Nenhum dos outros candidatos alcança mais de 2%.

A pesquisa Serpes ouviu 601 eleitores entre os dias 12 a 16 de julho. A sondagem está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) com o número GO-00068/2012.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Haddad vai a redutos e Serra, a 'bairro volátil'

Petista escolhe a periferia para "esquentar motores" da campanha e tucano sai em busca do eleitor que oscila entre PT e PSDB

Bruno Lupion, Bruno Boghossian

Em sua estreia eleitoral, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, deu início à campanha com uma agenda cautelosa, concentrada em redutos petistas no extremo leste ou sul da capital. Já o veterano José Serra (PSDB) apostou na chamada "área volátil", na fronteira entre o centro expandido, tradicionalmente tucano, e a periferia, onde predomina o eleitorado petista.

A escolha dos bairros periféricos para esquentar os motores da campanha de Haddad foi deliberada pelo núcleo de sua equipe, em busca de uma recepção mais calorosa da população. O candidato é desconhecido pela maioria dos paulistanos e ainda se habitua ao corpo a corpo com eleitores.

"Escolhemos visitar as regiões onde ficam os maiores diretórios do PT, onde há mais mobilização e agitação", disse o deputado estadual Simão Pedro, coordenador da agenda do petista.

Na TV. Em todos os eventos públicos, Haddad é acompanhado por militantes e uma equipe de vídeo que grava imagens para o programa eleitoral gratuito, que vai ao ar a partir de 21 de agosto.

Desde o dia 6, quando teve início a campanha oficial, Haddad visitou quatro distritos eleitorais onde Dilma obteve mais votos do que Serra no segundo turno das eleições presidenciais de 2010: São Miguel Paulista e São Mateus, no extremo leste da capital, e Cidade Dutra e Campo Limpo, na zona sul. E esteve em apenas duas regiões que deram vitória ao tucano: Parque São Lucas, na zona leste, e Sé, no centro. Segundo Simão Pedro, nas próximas semanas o petista deverá visitar áreas mais centrais.

No limite. No QG tucano, a ordem para o início da campanha foi buscar novos eleitores nos distritos que oscilaram entre o PT e o PSDB nas eleições de 2008 e 2010. "Buscamos as áreas voláteis, nas quais podemos conquistar um novo eleitorado, e contemplamos diferentes regiões e segmentos da sociedade", resume o coordenador da campanha, Edson Aparecido.

Serra esteve em regiões como Ermelino Matarazzo, Jaraguá, Vila Sônia e Ipiranga, e deu prioridade a áreas beneficiadas por obras iniciadas ou concluídas quando ele esteve à frente do município e do governo do Estado. O objetivo é atrelar as imagens de obras a Serra e Kassab, comparando as realizações com as da gestão Marta Suplicy (PT).

Essa é a segunda fase da campanha tucana. Nos últimos meses, Serra havia restringido suas participações ao centro expandido, para consolidar a candidatura em regiões onde a votação dos tucanos é mais alta.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Apesar de boicote a candidatura, PT divulga 'apoio' de Marta a Haddad

SÃO PAULO - Ausente da campanha de Fernando Haddad, a senadora Marta Suplicy tem sido citada com frequência nos discursos de petistas para atrair votos ao candidato do partido à Prefeitura de São Paulo.

A senadora foi mencionada ontem, em caminhada na Capela do Socorro (zona sul), como alguém que "apoia" Haddad, apesar do boicote que ela tem feito à campanha.

"A última prefeita que investiu em transporte e mobilidade urbana aqui na região foi Marta Suplicy, que hoje apoia Fernando Haddad", discursou, em um carro de som, o deputado estadual Enio Tatto, um dos coordenadores da campanha.

"Ele tem o apoio da Erundina, da Marta e do Suplicy", completou. Realizações da gestão Marta foram exaltadas por vereadores petistas.

A Capela do Socorro é um tradicional reduto do PT, com as duas Zonas Eleitorais em que Marta teve suas maiores votações no passado.

Em 2004, ela teve 74% de votos válidos no Grajaú e 73% em Parelheiros no segundo turno. No total geral, foi derrotada por José Serra (PSDB) por 55% a 45%.

O PT contava com Marta justamente para apresentar Haddad na periferia, onde ele é pouco conhecido. Mas, preterida para a disputa da eleição, ela faltou aos principais eventos da campanha.

"A presença dela é questão de tempo", disse Tatto. Em junho, após uma das ausências de Marta, ele havia afirmado: "Não podemos mais parar a campanha à espera de uma ajuda que não vem".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Em BH, obras dão o tom da campanha

Lacerda vai focar realizações à frente da prefeitura nos programas de TV. Padrinho político vai aparecer somente a partir de setembro

Alice Maciel

Marcio Lacerda cumprimenta eleitores durante visita a obra de uma unidade educação infantil no Bairro Jardim Felicidade, Região Norte

Diferentemente das eleições de 2008, o candidato à reeleição em Belo Horizonte, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), vai aparecer sem seu principal padrinho político, o senador Aécio Neves (PSDB), nos programas de televisão que vão ao ar em agosto. A estratégia é usar o primeiro momento de tempo na telinha para prestar contas dos três anos e meio à frente da prefeitura da capital mineira. O tucano só deverá começar a aparecer ao lado do socialista no fim de setembro. A ideia é que ele não fique marcado como o candidato de Aécio, como aconteceu no pleito anterior, quando, além do senador, Lacerda tinha como cabo eleitoral o ministro e ex-prefeito Fernando Pimentel (PT). As informações foram repassadas por uma fonte ligada à coordenação da campanha do socialista.

"Por enquanto, a ideia é focar muito em Belo Horizonte, em Minas. Não queremos expor apoio externo, inclusive para contrapor à campanha do Patrus Ananias (PT), que vai trazer pessoas de fora", ressaltou a fonte. Conforme informações de bastidores, a coordenação da campanha de Lacerda percebeu que a estratégia usada em 2008, de intensificar a participação dos padrinhos políticos na televisão, não funcionou. Na época, os eleitores começaram a achar que Aécio ou Pimentel eram os candidatos, por isso, no segundo turno, eles reduziram a participação dos dois no programa eleitoral.

Lacerda gravou até o momento dois programas de televisão. Mas a equipe de filmagem do prefeito já está fazendo um trabalho intenso nas ruas, capturando as obras executadas durante a administração do socialista. Uma das bandeiras do programa deverá ser a implantação de Unidades Municipais de Educação Infantil (Umei). Ontem, o prefeito visitou a obra da Umei que está sendo construída no Bairro Jardim Felicidade, Região Norte. Ele informou que 35 Umeis estão prontas e 96 estão em construção. "A região está bem servida por um complexo social, de saúde e de educação. É o que a cidade precisa. As pessoas daqui são menos favorecidas do ponto de vista econômico-social, precisam de uma ação forte do poder público e, nesses três anos e meio, procuramos tratar com muito carinho dessas regiões", afirmou.

Lacerda também comentou a decisão da Justiça Eleitoral que segunda-feira suspendeu a intervenção da Executiva Nacional no PSD de Belo Horizonte. "Sempre disse que devemos acatar e respeitar as decisões da Justiça. E eu entendo que foi uma decisão justa, embora preliminar", afirmou o prefeito, acrescentando que a intervenção da direção nacional "foi intempestiva, e ilegal". "Portanto, a Justiça está funcionando." O segundo ato de campanha do prefeito nas ruas – o primeiro foi no Mercado Central, sábado – está marcado para hoje, ao meio-dia, no Barreiro. Quinta-feira está prevista uma caminhada no Centro da cidade.

CRESCIMENTO. A Executiva Estadual do PSB se reuniu ontem pela manhã para discutir o quadro eleitoral no estado. O partido vai lançar 111 candidatos a prefeito, 98 a vice, 3 mil a vereador. "Temos condições reais de eleger pelo menos 50 prefeitos, fortalecendo o PSB em Minas", afirmou o presidente estadual da legenda, Walfrido Mares Guia.

Estiveram presentes na reunião, além de Walfrido, o prefeito Marcio Lacerda, o secretário-geral Mário Assad, o vice-presidente estadual e deputado federal, Júlio Delgado, o deputado estadual Antônio Lerin, o prefeito de Ribeirão das Neves, Walace Ventura, o prefeito de Santa Bárbara, Toninho Timbira, o secretário do PSB, Joédis Marques, e os candidatos a prefeito de Governador Valadares, Ruy Moreira, e de Funilândia, Hamilton Moura.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Cabral já avisou a Dilma que deve sair em 2013

Manobra beneficiaria Pezão, Paes e filho do governador

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA. O governador Sérgio Cabral está decidido a deixar o Palácio Guanabara em dezembro do próximo ano. A ideia está em estágio tão avançado que Cabral já conversou sobre o assunto com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Lula. A saída antecipada beneficiaria três de seus principais aliados em uma só tacada: o vice-governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes e o filho do governador Marco Antônio Cabral.

Com a saída de Cabral em dezembro de 2013, Pezão teria dez meses até as eleições, se apresentando à população como governador, inaugurando obras, gerindo a máquina e participando de eventos de governo. Esse foi justamente o argumento apresentado por Cabral a Dilma.

Em uma conversa com Dilma no Palácio Guanabara no fim de abril, quando se comemorou a marca de 1 milhão de beneficiários do programa Renda Melhor, o governador falou com a presidente sobre o plano de deixar o cargo. Segundo Cabral, Pezão tinha de "ganhar musculatura" e não haveria melhor forma de fazê-lo do que "no cargo".

Ao mesmo tempo, essa estratégia atende outro compromisso de Cabral: pavimentar o caminho de Eduardo Paes para ser governador do Rio em 2018. Concorrendo ao governo no exercício do mandato, Pezão ficaria impossibilitado de disputar a reeleição em 2018, beneficiando, então, o prefeito do Rio.

Caso consiga se reeleger em outubro, Paes ficaria na prefeitura até 2016 - aproveitando a Copa e as Olimpíadas - e seria candidato do PMDB a governador, com apoio de Pezão e Cabral, em 2018. Em contrapartida, isso garantiria também a dedicação integral do atual prefeito na campanha de Pezão em 2014.

A estratégia de Cabral foi confirmada por três interlocutores do governador. Segundo eles, essa teria sido a forma encontrada por ele para dar força na eleição de Pezão e manter o partido pacificado.

- Ninguém vai admitir isso publicamente hoje, até porque ele só conversou sobre o assunto com os aliados mais próximos - justificou um peemedebista.

Além de resolver as situações de Paes e Pezão, a saída de Cabral do governo em dezembro de 2013 permitiria ao governador construir a carreira de seu legítimo herdeiro: o filho Marco Antônio Cabral. Assessor de Paes na prefeitura do Rio, Marco Antônio já conquistou aliados no círculo político, mas não poderia concorrer em 2014 caso Cabral continuasse no governo. A Constituição proíbe que parentes de até segundo grau de presidentes, governadores e prefeitos sejam candidatos na mesma jurisdição.

FONTE: O GLOBO

Garotinho entrega contratos do Rio com Delta

Folhapress

BRASÍLIA - O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) entregou à CPI do Cachoeira documentos reunidos pelo parlamentar nos últimos dois anos que comprovariam irregularidades de contratos firmados pelo governo do Rio com a construtora Delta. Garotinho disse que os documentos mostram indícios de pagamentos efetuados à empresa em obras não realizadas pelo governo estadual, obras superfaturadas e aditivos contratuais além dos valores necessários à sua execução.

"É uma documentação muito forte, tudo oficial. Há um consórcio entre o Carlos Cachoeira e o Cavendish [presidente da Delta]. Só não sei porque um foi preso e o outro não foi", disse Garotinho.

O deputado citou como exemplo um contrato firmado com a Cedae (Companhia de Água e Esgoto do Rio) com a Delta para a instalação de hidrômetros que custou R$ 256 milhões. "Onde já se viu um valor desses para se instalar hidrômetros. São vários contratos superfaturados", afirmou.

Garotinho chegou à sala da CPI com um carrinho lotado com cópias dos contratos. O deputado disse tê-los obtido judicialmente, à medida que suspeitava de irregularidades em obras firmadas pelo governo Sérgio Cabral (PMDB). "Eu ia pedindo, eles não me davam. Aí eu entrava na Justiça e conseguia as cópias. Está tudo aqui."

Garotinho cobrou a convocação de Cabral para explicar as irregularidades à CPI, mas disse que há uma blindagem que impede a presença do governador. "Aquele torpedo do deputado Cândido Vaccarezza [PT-SP] com o governador diz tudo: você é meu e eu sou teu."

FONTE: VALOR ECONÔMICO

PMDB diz que estuda fusão com 6 partidos

BRASÍLIA - O PMDB discute a fusão do partido com seis legendas que temem perder força política depois das eleições municipais de outubro.

Os peemedebistas miram, entre outras siglas, o PP, o PR e o DEM -com quem mantém as conversas mais avançadas.

O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse ontem que as conversas serão "aceleradas" ao fim da eleição para que já valham em 2013.

"A possibilidade de fusão é praticamente real. Estamos conversando com meia dúzia de partidos. Isso não quer dizer que a fusão será com os seis. Talvez sejam dois, três", afirmou Raupp.

O presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), admite que vem mantendo conversas com o PMDB sobre a fusão. Mas afirma que só vai aprofundá-las se o desempenho do partido não for positivo nas eleições de outubro.

Depois do esvaziamento com a criação do PSD e a consequente perda de governos estaduais e prefeituras, o DEM aposta suas fichas em cidades como Salvador e Aracaju.

O presidente do PMDB disse que há uma "insatisfação generalizada" com o número de partidos no país. "Hoje são 30 partidos. Esse número é excessivo", argumentou ele.

A meta do PMDB é eleger 1.200 prefeitos na disputa de outubro para manter o posto de maior partido do Brasil.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Melhor de três:: Dora Kramer

São Paulo não reinará como protagonista absoluta das eleições nas grandes capitais, conforme inicialmente indicava o desenho das disputas municipais. Dividirá as atenções com Belo Horizonte e Recife, onde as movimentações têm fortes conexões nacionais.

Não significa que o resultado em qualquer uma delas condicione diretamente as posições de partidos e personagens envolvidos nas presidenciais de 2014. Em dois anos, os rios correm em diferentes direções e tanto podem desaguar em oceanos conhecidos quanto em mares nunca dantes navegados.

O que se observa em cada uma das três cidades são as apostas no mercado futuro. A mais conhecida, do PT paulista, tenta "quebrar" o PSDB em sua mais importante trincheira, a fim de consolidar a hegemonia nacional do partido há dez anos na presidência da República.

Plano que acaba de encontrar obstáculos nos gestos de autonomia do senador Aécio Neves em Belo Horizonte e do governador Eduardo Campos em Recife.

A fim de se posicionar a distância adequada do adversário que pode vir a tentar tirar da presidência em 2014, o senador Aécio pôs fim a uma aliança tão inusitada quanto desconfortável para o PT mineiro e o PSDB nacional.

Com isso, Aécio também enterra a tese antes defendida por ele de que Minas seria um laboratório para a aproximação entre os dois partidos. A experiência obviamente esbarrou na realidade do antagonismo entre duas forças que almejam a ocupação de um espaço no Planalto central onde só há espaço para uma delas.

Os interesses são excludentes e a ruptura na eleição municipal de certa forma restabelece a "normalidade" da relação. O PT tentará desalojar e Aécio preservar o lugar do rei de Minas, o segundo colégio eleitoral do País.

Na capital pernambucana, Eduardo Campos lançou candidato do PSB para não ficar a reboque das confusões internas do PT, provocando no aliado a suspeita de que assim apresentava credenciais para 2014.

Chamado por Dilma Rousseff, Campos assegurou que em Recife a eleição municipal limita-se às circunstâncias locais. Só que as críticas feitas por ele ao PT não se circunscrevem a Pernambuco nem implicam promessa de recuo, mesmo depois da conversa com a presidente.

Mantém o tom e afirma que "em princípio" não é candidato porque disputaria espaço já ocupado por Dilma, mas avisa que neto criado na referência de Miguel Arraes não se intimida com "cara feia" de José Dirceu.

Vara de marmelo. As explicações do governador Marconi Perillo explicam cada vez menos o que Carlos Augusto Ramos estava fazendo no dia em que foi preso na casa pela qual o tucano recebeu três cheques de empresa controlada pelo sobrinho do bicheiro, sem se dar ao trabalho de verificar que o dinheiro passara antes por duas contas fantasmas usadas pelas organizações Cachoeira e abastecidas com recursos da construtora Delta.

Ao mesmo tempo, vai ficando cada vez mais difícil acreditar que uma empreiteira daquele porte, com sede no Rio de Janeiro, negócios com a maioria dos governos estaduais, contratada pelo governo federal para executar boa parte das obras do PAC, tenha crescido como cresceu em dez anos aplicando seus métodos exclusivamente em Goiás.

Se não aprofundar e ampliar as investigações e acabar, como já dá mostras o PT, fazendo de Perillo o Judas de plantão, a CPI terá sido uma grande marmelada.

Toalha. Nas internas do PMDB o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, é dado como fora do jogo. A fatura é espetada na conta do perfil dele: ameno demais para a brutalidade do embate entre petistas e tucanos.

Mas o que os pemedebistas não dizem é que Fernando Haddad tampouco faz o gênero brigador, mas tem o PT e Lula para fazer o serviço por ele, enquanto o PMDB fica na encolha a fim de não se indispor com o Planalto.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

2014 só em 2014 :: Fernando Rodrigues

A cada eleição municipal, jornalistas gastamos hectolitros de tinta e toneladas de papel escre vendo sobre a influência dessas disputas locais na futura sucessão presidencial. Algum impacto haverá, é claro. Mas 2014 continuará um bom tempo com mais pontos de interrogação do que certezas.

A imprevisibilidade é historicamente grande. Em 1987, dois anos antes da eleição presidencial de 1989, o nome mais forte para o Planalto era o de Ulysses Guimarães (1916-1992), do PMDB. Ficou num humilhante sétimo lugar. Em 1992, Fernando Henrique Cardoso não tinha a menor ideia de seu possível sucesso em 1994. O tucano achava que não se reelegeria nem senador.

Esses dois exemplos ilustram a dificuldade quase intransponível de vaticinar hoje como se dará a sucessão presidencial de 2014.

Em eleições não tão antigas, o peso da cidade de São Paulo também foi superestimado. Em 1996, o candidato a prefeito pelo PSDB era o então ministro do Planejamento,

José Serra. Ele não passou ao segundo turno. Ainda assim, os tucanos ganharam em 1998 mais quatro anos para FHC no Planalto.

Deu-se algo semelhante em 2004. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um revés paulistano. A prefeita da cidade era a petista Marta Suplicy, que tentava se reeleger. Perdeu para o tucano José Serra. Dois anos depois, o efeito dessa disputa no plano nacional foi pequeno. O PT ganhou em 2006 mais um mandato para Lula no Planalto.

É evidente que, se o petista Fernando Haddad vencer em São Paulo, será ótimo para a presidente Dilma Rousseff tentar a reeleição em 2014. Mas mesmo que venha uma derrota, o impacto é limitado.

Em Belo Horizonte, se o tucano Aécio Neves emplacar a reeleição do prefeito Márcio Lacerda, também será bom para o PSDB. Só que um fracasso não será o fim do mundo.

Tudo somado, 2014 só em 2014.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O PT se antecipa aos fatos e aos boatos:: Rosângela Bittar

Pelo comportamento da presidente Dilma Rousseff até agora, a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e das Medidas Provisórias do Brasil Maior mostraram isso, ontem, à exaustão, ela estica a corda da intransigência até quando der, antes de entregar, conceder, atender às aspirações parlamentares. Mostrou, em vários momentos, que não se constrange em fazer negociação de verbas e cargos. Como todos os governos brasileiros dos últimos anos, este passou meses dizendo que não faria a troca de mercadorias no Congresso e sucumbiu na última hora. Não faz em torno do que não interessa, mostraram as mudanças ministeriais. Teria pago mais barato se tivesse feito antes o diálogo em torno do que lhe interessa, na fase de negociação política?

É provável, portanto, que o jogo de resistência e concessão se repita na distribuição de novas capitanias aos partidos, quando estiver recompondo seu governo após as eleições municipais e as eleições das mesas da Câmara e do Senado.

Desde logo, porém, afirma-se que o PT dificilmente mudará seu desenho interno de forças a partir da ocupação de novas cidadelas, e é só disso que se trata internamente no partido.

Há um jogo de resistência, de início e doação, no fim

Os ministros filiados ao PT que integram o governo Dilma não devem temer por seus cargos. Na Casa Civil, Gleisi Hoffmann, nas Comunicações, Paulo Bernardo, na Saúde, Alexandre Padilha, na Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, na Educação, Aloizio Mercadante, na Justiça, José Eduardo Cardozo, no Planejamento, Miriam Belchior, marcados estão como do PT da Dilma, os principais auxiliares neste primeiro mandato.

São ministros da linha de frente, dirigindo setores prioritários e de grande visibilidade. Mas há também Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário, e tantos outros, sobre os quais ainda não vazou qualquer sinal de desgosto da presidente. Aparentemente, Dilma já trocou as heranças indesejáveis do governo Lula e seguiu em frente. Mas fará mudanças.

E é sobre elas que se discute internamente no PT. Há um grande grupo de petistas que temem sua relação futura com o governo Dilma.

Com a aproximação do julgamento do mensalão, a decisão de entregar a presidência da Câmara e do Senado ao PMDB, e a possibilidade, para muitos remota mas para alguns petistas mais próximos muito real, de o presidente Lula não ter motivação para concorrer em 2014, temem ficar na chuva e querem se precaver.

Segundo a argumentação que bate e rebate no grupo, Dilma teria que fazer um rearranjo nas forças do PT representadas no Ministério. Isto significa, na linguagem subentendida por todos, trocar alguns desses nomes hoje considerados o PT da Dilma por outros "quadros mais partidários".

A presidente Dilma, avaliam petistas do "quadro partidário", precisa de alguém que a auxilie nas avaliações políticas. Acreditam, por exemplo, que ministros como Padilha e Mercadante, que têm a característica de mergulhar em seus assuntos, profundos, abrangentes, complicados, teriam que ser deslocados. Um dos cenários em debate mostram Padilha e Pimentel movidos de seus atuais postos para atuar mais diretamente em política, junto à presidente. Que reforçaria Transportes, Cidades e Integração Nacional com nomes de consistência política.

O PT mantém-se alerta e antecipa-se aos fatos porque teme que, na ausência de Lula, a sucessão saia da costela do governo do PT, não do PT.

Adecisão da Justiça Eleitoral que suspendeu a intervenção determinada pelo presidente do partido, Gilberto Kassab, no diretório municipal do PSD de Minas Gerais, foi o primeiro ato dessa disputa interna no novo partido a favorecer a senadora Kátia Abreu que declarou-se em dissidência. Como é notório, o diretório decidiu apoiar Márcio Lacerda (PSB) e, num golpe definido pela senadora como "autocrático" e pela justiça eleitoral como "despótico", Kassab atropelou a Executiva para levar o partido à candidatura oposta, de Patrus Ananias, do PT.

Já se disse que foi uma briga entre a CNA (agricultura), de Kátia, e a CBIC (construção civil), de Paulo Safady, presidente do PSD mineiro e muito próximo ao governo Dilma. Ou que Kassab evitou apoiar Aécio, preferindo Dilma, enquanto Kátia fez o movimento oposto, contraditório com o que vinha demonstrando.

Kassab vinha conseguindo vencer a batalha da comunicação e fazer prevalecer suas razões. A Justiça devolveu à senadora Kátia Abreu os motivos para dissidência e revolta que vem apresentando desde o início. O ato de intervenção foi ilegal e autocrático, sem consultas à Executiva do partido, numa rasteira política contra o segundo vice-presidente, o mineiro Roberto Brant, que deixou o cargo e o partido.

Se o Senado Federal quisesse realmente recuperar-se do desgaste que lhe parece insuperável, uma sina em que Demóstenes Torres foi apenas a última fatalidade e que a candidatura de Renan Calheiros à presidência é o indício da próxima, já teria feito algo para acabar com a figura do senador biônico, que não tem voto mas muitos casos tem participação preponderante no financiamento do eleito. Uma indústria.

Além do suplente Wilder Morais que assumiu no lugar do senador goiano cassado semana passada, outros cinco devem assumir os lugares de senadores que estão se candidatando a prefeito e, se tiverem êxito, darão lugar a outros a quem o eleitor não foi apresentado nem neles votou.

São candidatos nas eleições municipais os senadores Inácio Arruda (PCdoB), em Fortaleza; Vanessa Graziotin (PCdoB), em Manaus; Humberto Costa (PT), em Recife; Wellington Dias (PT), em Teresina. Seus suplentes são Raimundo Noronha Filho, Francisco Garcia, Joaquim Francisco, Maria Regina Sousa, respectivamente. Já existem 19 suplentes biônicos em ação, substituindo os escolhidos pelos eleitores.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Por que fracassam os pacotes econômicos? :: Paulo Haddad

Ao longo dos últimos meses o governo federal tem promulgado diferentes pacotes econômicos visando a estimular a retomada do crescimento da economia brasileira. Os últimos trimestres têm sinalizado que a desaceleração da economia tende a se aprofundar ao longo do segundo semestre de 2012 e do primeiro semestre de 2013. Por que é difícil promover um novo ciclo de expansão econômica, mesmo considerando que os diferentes pacotes têm por escopo o uso de instrumentos fiscais e monetários para reanimar os setores-chave da nossa economia?

Não é simples responder a essa pergunta. Inúmeras respostas vêm sendo formuladas por diferentes analistas, muitas vezes de forma tecnicamente contraditórias e permeadas de forte conteúdo de ideologias primárias. Prefiro colocar a questão, pelo menos no curto prazo, em termos do sequenciamento, da intensidade e da cadência das políticas econômicas tal como vêm sendo formuladas e executadas, num ambiente macroeconômico global muito adverso.

A reduzida intensidade com que se utiliza um instrumento pode ser uma das razões do fracasso da eficácia desse determinado instrumento. Intensidades diferentes de execução de políticas, em função das condicionalidades de recursos públicos ou do grau de mobilização dos protagonistas privados, podem provocar efeitos não esperados. Considere-se o limitado impacto dos investimentos programados pelo PAC que vão se realizando atualmente em intensidade extremamente tímida, justamente quando é mais do que indispensável que sejam acelerados e magnificados.

A intensidade do uso dos instrumentos de investimentos para propulsionar a economia depende, entre outros fatores, do volume do excedente econômico disponível na economia e, principalmente, na alocação eficiente (sem estrangulamentos burocráticos, sem corrupção administrativa, etc.) e eficaz (com orientação para cadeias produtivas poderosas) do próprio excedente.

Lamentavelmente, o excedente econômico potencial da economia brasileira vem sendo queimado de diferentes formas, dentro de uma perspectiva de curto prazo das políticas governamentais. Por exemplo: a prática de congelamento dos preços internos de produtos de origem mineral afeta os valores dos lucros brutos setoriais. Estima-se, por exemplo, que o congelamento ou a defasagem dos preços dos derivados do petróleo, desde setembro de 2005, pode ter reduzido em mais de dezenas de bilhões de reais a capacidade de autofinanciamento dos investimentos da Petrobrás em termos dos projetos do pré-sal.

É preciso estar atento, pois, ao contexto em que o País está crescendo pouco porque sua taxa de acumulação de capital físico é baixa, pois seu excedente potencial não se transforma em excedente efetivo, porque, entre outros motivos, o governo queima parcela significativa dessa diferença em políticas sociais compensatórias e assistencialistas, em práticas de controle artificial da inflação e em apropriação dos resultados financeiros das empresas que comanda para financiar suas despesas correntes em permanente expansão.

Da mesma forma, a ausência de uma unidade programática doutrinariamente consistente e não casuística gera um sequenciamento de pacotes econômicos que têm a capacidade de minar as expectativas dos investidores e desestruturar suas expectativas por disseminar incertezas. Programas econômicos para serem bem-sucedidos exigem cuidado extremo no seu sequenciamento, a ordem por meio da qual os programas ocorrem.

É também relevante a cadência desses programas. Não se deve, por exemplo, avançar a desregulamentação financeira antes que sólidas instituições financeiras estejam consolidadas e com capacidade competitiva em escala global. Como afirma Stiglitz, erros no sequenciamento e no cadenciamento de políticas e programas podem levá-los ao insucesso, ao desemprego crescente e à maior pobreza.

Paulo Haddad, professor do IBMEC/MG, foi ministro do Planejamento, da Fazenda no Governo Itamar Franco

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Todavia, cresce:: Míriam Leitão

Uma informação importante a se ter em mente: 2012 não é 2009. O PIB mundial não está encolhendo. Está havendo menos crescimento do que se previa, mas a economia mundial terminará o ano maior do que em 2011. Mesmo assim, os efeitos são fortes. O Brasil venderá US$ 10 bilhões a menos em minério de ferro por redução de preço e volume. O saldo comercial será 73% menor, segundo previsão da AEB, Associação do Comércio Exterior.

A crise está concentrada na Europa, mas Estados Unidos, América Latina, Ásia e África estão crescendo em 2012. Em geral, o ano está frustrando as projeções de crescimento, mas é diferente de 2009. A previsão do FMI para a expansão do PIB global este ano é de 3,5%. Em 2009, houve encolhimento de 0,6%. Numa entrevista que fiz com o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, naquele ano, ele chamou a atenção para uma tabela com o desempenho dos países. Era um mar vermelho. Algumas das poucas exceções eram China e Índia. Em 2012, não é assim. Aquele quadro agudo de crise internacional passou.

Mas não está bom. A economia americana frustrou todas as previsões de que retomaria rapidamente o crescimento pelo dinamismo das suas empresas e flexibilidade do seu mercado de trabalho. Os Estados Unidos conseguiram derrubar a taxa de desemprego de 11% para 8%, mas em parte porque há o desemprego por desalento, nome que se dá para aquela parcela dos desocupados que desistiu de procurar trabalho.

Neste aspecto, o Brasil está bem, porque mesmo na crise consegue manter três boas notícias: desemprego baixo, redução da informalidade e diminuição da economia subterrânea. Por outro lado, os dados divulgados ontem pela AEB preocupam, porque mostram que a dependência excessiva do Brasil de commodities faz com que as oscilações mundiais nos afetem mais rapidamente.

Segundo a AEB, nove dos dez maiores produtos de exportação e 18 dos 20 são commodities. O minério de ferro continua sendo o principal produto de exportação, mas teve queda forte pela redução de 22% no preço e de 5% no volume comercializado por causa da crise internacional. Doze dos 20 produtos que o Brasil mais exporta enfrentam queda nas vendas, ou por preço, ou por volume, ou ambos. O Brasil barra produtos manufaturados e os incentiva, mas nem há aumento de importação desses produtos, nem eles ganham espaço no mercado internacional.

O mundo crescerá menos do que o previsto, mas não encolherá como em 2009. Agora, o centro dos tremores continua sendo a Europa. Durante muito tempo o mundo ainda sentirá os efeitos da crise global. O FMI estudou 310 crises bancárias e cambiais durante 40 anos e cinco grandes crises globais, como a de 1907. Verificou que sete anos depois da sua eclosão, 75% dos países estavam com uma queda da sua possibilidade de crescimento. Alguns ativos desaparecem para sempre com a destruição do capital físico. Nem sempre há possibilidade de realocação de mão de obra, porque não se pode improvisar um funcionário qualificado para uma função em outra totalmente diferente. Se o mesmo padrão se verificar, e a gente considerar que a crise começou em 2007/2008, o mundo tem pela frente dois a três anos de crescimento abaixo do que crescia antes da eclosão de todos os problemas com as hipotecas e bancos americanos.

Levando-se em conta que a crise tem efeitos duráveis e que o Brasil está muito exposto ao mundo por ter 70% das suas exportações concentradas em commodities, está mais do que na hora de fazer um plano mais permanente de proteção contra esses abalos. Não há de ser a política econômica "matrioska" que vai resolver tudo.

Matrioska é aquela bonequinha russa que você abre e tem outra igual, depois outra e assim sucessivamente. Os pacotes são sempre os mesmos, mas seus efeitos são cada vez menores para sustentar o crescimento. E o país tem crescido cada vez menos.

Pode-se ficar aguardando a próxima onda do mundo, mas a julgar pelos estudos, nessa espera o risco é perder meia década ou mais com taxas mínimas de crescimento.

Não há possibilidade de se ter uma conversa hoje com algum empresário que não reclame das mesmas coisas: falta de infraestrutura física e de comunicação; o cipoal dos impostos drena as forças da empresa; os tributos são altos demais em alguns insumos, como energia e comunicação; a demora da resposta a qualquer pedido ao setor público é irracional.

Uma empresa me contou que para um encontro feito aqui, entre seu principal executivo mundial com um grupo de brasileiros, foram enviados alguns kits com canecas com logo da empresa e outras coisas assim. Isso há quatro meses. Ficaram presos na Anvisa, porque continham também uns chocolates. Tudo bem, é a legislação do país. Mas nesses quatro meses, o encontro já ocorreu, o executivo foi embora e deve estar falando muito mal do Brasil a essa altura.

Dado que 2012 não é 2009, ou seja, o mundo não está no agudo da crise tentando evitar o pior, o Brasil poderia aproveitar a oportunidade e começar a enfrentar os gargalos. Não há de ser com a "matrioska" dos favores setoriais que se vai preparar o novo salto da economia brasileira.

FONTE: O GLOBO

À procura de uma estratégia:: Celso Ming

Toda a política anticíclica para enfrentar a paradeira atual se concentra em estímulo ao consumo e à indústria de bens finais. O consumo é empurrado graças a bons reajustes salariais e ao forte avanço do crédito. E as principais indústrias de bens finais favorecidas são montadoras de veículos, produtoras de aparelhos domésticos (linha branca) e têxteis. A rigor, ainda não há incentivos à indústria de base nem às produtoras de matérias-primas e bens intermediários.

O encarecimento da produção, sobretudo da mão de obra, sufoca a indústria, dilapidada pelo custo Brasil: impostos demais, energia cara, infraestrutura precária, etc. O setor produtivo já enfrentava a derrubada de seu poder de competição e a crise agravou o problema. A concorrência externa, pressionada por excesso de estoques e estimulada pelos governos, passou a empurrar produtos no mercado internacional mais agressivamente. E a indústria nacional enfrenta a adversidade elevando importações de componentes, peças, conjuntos e capital de giro. É a maior razão para que o impulso do consumo interno seja suprido por importações.

A deterioração do saldo comercial mostra isso. A dependência das importações por parte da indústria é o grande motivo pelo qual a desvalorização do real (alta do dólar) não ajuda, como queria o governo e pleiteava a indústria, e contribui para novo aumento de custos. O avanço do câmbio para R$ 2,50 ou R$ 2,60 por dólar (para reestimular exportações e conter importações) baquearia ainda mais a competitividade.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, alerta para que o foco da política econômica se volte para o investimento. Essa ideia se espraia por toda a equipe econômica do governo Dilma. Nesta terça-feira a Câmara dos Deputados aprovou a segunda Medida Provisória do Plano Brasil Maior, prevendo, entre outros incentivos, a elevação de R$ 209 bilhões para R$ 227 bilhões em financiamentos do BNDES para modernização da indústria. Mas só isso não basta.

São três os principais obstáculos para essa virada. Primeiro, o empresário reluta em embarcar em projetos de crescimento, por temer a crise e o impacto em seus negócios. O próprio governo não perde a chance de avisar que não há garantias de que os grandes problemas globais sejam resolvidos a médio prazo. Em segundo lugar, a administração federal tem graves problemas de gestão, não cumpre cronogramas de projetos com verbas já liberadas e enfrenta enorme lentidão na expedição de licenciamento ambiental. (Os problemas enfrentados pela Petrobrás são o melhor exemplo disso.) E, em terceiro lugar, o governo segue excessivamente contaminado por uma mentalidade de aversão à distribuição de concessões ao setor privado. Confunde isso com privatização de atividades que entende essencialmente estatais e chama essa possibilidade de privataria.

Ainda há tempo para enfrentar essas inércias. Mas é preciso decisiva mudança de postura da administração federal, ainda fortemente influenciada pelo ativismo e pela visão de curto prazo. Hoje, o governo perdeu a iniciativa. Está encurralado pela crise e pela prostração do empresário nacional. Por sua vez, o empresariado não pede outra coisa ao governo senão câmbio. Se fosse atendido, não haveria o que chegasse e a economia se veria prostrada em novos aumentos de custos.

CONFIRA

No gráfico, a escalada do dólar no câmbio interno (desvalorização do real) neste ano, de 8,45% até esta terça-feira.

Batata quente. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, pressionado nesta terça-feira em seu testemunho semestral no Comitê de Bancos do Senado, jogou de volta a bomba: “O Congresso está no comando aqui, não o Fed”. Bernanke chamou os parlamentares às falas. E, embora tenha defendido a flexibilização das rígidas regras fiscais americanas, não deve realizar nova rodada de afrouxamento quantitativo antes da reunião de política monetária de setembro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO