terça-feira, 31 de julho de 2012

OPINIÃO DO DIA - Antônio Fernando de Souza: julgamento do mensalão

O julgamento, a gente só sabe o resultado no dia. Não posso ter expectativa. O que posso dizer, diante do período em que ofereci a denúncia, é que tinha provas contundentes lá. Sobre muitas coisas, eram provas, não eram apenas indícios, que foram corroboradas depois com laudos periciais. A instrução provou muita coisa. Diante desse quadro, a minha expectativa é que haja elementos para condenar. Não tenho conhecimento de toda a prova que foi feita.

Antônio Fernando de Souza, ex-Procurador Geral da República.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Impasse deixa Via Dutra refém de caminhoneiros
Mulher de bicheiro ameaça juiz
Secretária abriu empresa suspeita

FOLHA DE S. PAULO
Supremo se articula para evitar atraso no mensalão
Juiz acusa mulher de Cachoeira de tentar corrompê-lo
Governo quer que usinas reduzam tarifa já em 2013
Fora da boleia
Primeiro transplante de ovário do país é feito no Paraná

O ESTADO DE S. PAULO
Com apoio de Lula, Toffoli decide julgar o mensalão
Mercosul chancela entrada da Venezuela e quer mais parceiros
PF vai investigar noiva de Cachoeira
Setor automotivo fecha 5,3 mil vagas

VALOR ECONÔMICO
Mensalão leva STF a adiar definições na área tributária
Montadoras pressionam por jornada flexível
Concessão terá 5,7 mil km de rodovias
Genérico não chega ao Norte e Nordeste
Argentina vai controlar margens de petroleiras

BRASIL ECONÔMICO
Captação de fundos imobiliários dispara e sobe 57% em um ano
Mantega discute incentivos com as montadoras
Julgamento do mensalão põe em xeque o STF
Para mercado, PIB para de cair e inflação vai subir

CORREIO BRAZILIENSE
Cachoeira depõe amanhã no TJDF
De musa a chantagista?
Mais um no grampo
Defesa pede vista de memorial do mensalão
Em greve: UnB terá que refazer todo o calendário
Justiça mantém em sigilo salários da Câmara
Dilma suspende conversa com sindicalistas

ESTADO DE MINAS
Alerta no ar
Musa da CPI é acusada de chantagem
Eleitoras em BH chegam a 1 milhão
Justiça proíbe bloqueio de BRs

ZERO HORA (RS)
Obras para a Copa na Capital atrasam e estão 65% mais caras
Mulher de Cachoeira é suspeita de chantagem
Após protesto, caminhoneiros serão ouvidos
Venezuela muda mapa do Mercosul

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Redação do Enem às claras
Dívida das empresas está crescendo
Uma cidade com medo da chuva
PT se arma para o julgamento do mensalão

Ayres Britto diz que cabe a Toffoli decidir se vai julgar o mensalão

Carolina Brígido

BRASÍLIA . O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, disse ontem que o ministro Dias Toffoli tem plena capacidade para decidir se deve ou não participar do julgamento do mensalão. Segundo a legislação brasileira, um juiz deve se declarar suspeito para atuar em um caso se o réu for amigo. Antes de se tornar ministro, Toffoli era bastante próximo do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. Outro problema é sua namorada, Roberta Rangel, que foi advogada de outro réu no processo, o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP). A lei proíbe a atuação de juiz em processo que o cônjuge tenha atuado.

- O ministro Toffoli, como qualquer ministro da casa, é um ministro experiente, tarimbado e que saberá avaliar, consultando os próprios botões, se participa ou não participa do julgamento. O ministro Toffoli, como qualquer ministro da casa, é suficientemente maduro, maior, capaz, vacinado, experimentado para decidir, diante de uma eventual alegação de suspeição, se participa ou não participa do julgamento - afirmou Ayres Britto.

Toffoli participou da votação de questões de ordem na ação penal. Ayres Britto avaliou que seria um indicativo de que ele participará do julgamento.

- Não me compete opinar sobre nada, se ele vai, se ele não vai, eu não quero ser mal interpretado. Agora, isso sinaliza participação. Sem dúvida. Apenas isso - disse.

Em seguida, consertou:

- Não houve esse vínculo pelo fato de ele ter participado das questões de ordem. Não houve esse link. Não houve isso. Eu disse apenas que não me preocupa isso. Ele saberá decidir com responsabilidade, tirocínio, com independência. Foi a resposta que eu dei.

Ayres Britto disse que Toffoli não o procurou para informar sua decisão. Segundo ele, o colega pode anunciar sua decisão antes ou durante o julgamento, se a questão for suscitada por algum advogado ou pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Ontem, o advogado Paulo Magalhães Araújo enviou petição ao STF para que Toffoli seja impedido de participar do julgamento. Mas a Corte não deve considerar o documento, porque Araújo não é advogado de nenhum réu. Segundo a legislação, esse pedido deve vir da defesa ou do procurador-geral.

Às vésperas do julgamento, Gurgel passa a maior parte do tempo se dedicando ao processo. Segundo a assessoria de impressa da Procuradoria Geral da República, Gurgel está sem agenda pública desde o começo do recesso de julho.

FONTE: O GLOBO

Com apoio de Lula, Toffoli decide julgar o mensalão

O ministro do STF José Antônio Dias Toffoli vai participar do julgamento do mensalão, a partir de quinta-feira. Em conversas reservadas, ele disse não ver motivos para se declarar impedido e que a pressão para ficar fora só o estimulou a dar seu veredicto. O ex-presidente Lula o tem incentivado a não se declarar impedido. Toffoli foi advogado do PT, assessor jurídico da Casa Civil quando o ministro era José Dirceu - um dos 38 réus do mensalão - e advogado-geral da União do governo Lula. Também atuou como advogado de 2009, ele era sócio no escritório da advogada Roberta Maria Rangel, hoje sua namorada, que defendeu outros acusados de envolvimento no mensalão, como Professor Luizinho e Paulo Rocha. Não há pressão no STF para que ele não julgue o caso

Com apoio de Lula e aval de colegas do STF, Toffoli vai julgar mensalão

Presidente da Corte, Ayres Britto afirma que, como ele já tomou decisões no processo, deve participar do julgamento

Vera Rosa, Felipe Recondo e Mariângela Galucci

O ministro do Supremo Tribunal Federal José Antônio Dias Toffoli vai participar do julgamento do mensalão, que começa na quinta-feira, 2, e deve durar mais de um mês. Em conversas reservadas, Toffoli disse não ver motivos para se declarar impedido. Acrescentou que a pressão para ficar de fora só o estimulou a atuar no caso.

Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem também não há motivos de impedimento, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu – apontado pelo Ministério Público como "chefe da quadrilha" do mensalão –, Toffoli construiu sua carreira jurídica dentro do PT. Ele foi advogado do partido – destacando-se na liderança petista na Câmara dos Deputados nos anos 1990, e na consultoria de campanhas eleitorais –, assessor jurídico da Casa Civil quando o ministro era Dirceu e advogado-geral da União do governo Lula.

Antes de assumir a cadeira no Supremo, Toffoli também atuou como advogado do próprio Dirceu em algumas ocasiões. Até 2009, ele era sócio no escritório da advogada Roberta Maria Rangel, hoje sua namorada, que defendeu outros acusados de envolvimento no mensalão, como os deputados Professor Luizinho (PT-SP), então líder do governo, e Paulo Rocha (PT-PA).

Indicado para assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral em 2014, Toffoli se diz contrariado com as dúvidas lançadas sobre sua isenção – questionamentos são feitos desde que tomou posse no STF em 2009. "Eu já estou participando desse processo. Não vou sair de jeito nenhum", disse o ministro, segundo relato de um interlocutor.

Toffoli já analisou, por exemplo, recursos de advogados de defesa dos réus nessa fase anterior ao início do julgamento de fato.

Sinalização. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou na segunda-feira, 30, que a participação do colega na análise de questões relativas ao processo do mensalão indica que ele não vai se declarar impedido. "Não me compete opinar sobre nada, se ele vai ou se não vai (julgar o mensalão), e não quero ser mal interpretado. Agora, isso (participar de etapas anteriores) sinaliza participação. Sem dúvida", disse na segunda em Brasília o presidente do Supremo.

Não há pressão na Corte para que ele não julgue o caso. Nos bastidores, os comentários são de que o Supremo é movido "por espírito de corpo" e, portanto, outros integrantes da Corte, também com ligações políticas, poderiam ser alvos de suspeição e sofrer o mesmo constrangimento caso Toffoli fique fora.

Exemplos. Na tentativa de desqualificar a pressão sobre Toffoli, dirigentes petistas ressuscitaram a filiação de Ayres Britto ao PT nos anos 90. Lembraram, por exemplo, que ele foi candidato a deputado federal pelo PT de Sergipe, em 1990, e, na época, mantinha ótimo relacionamento com Dirceu. Hoje, o voto de Britto é computado pelo partido na lista dos contrários ao ex-ministro.

Para Marco Aurélio de Carvalho, coordenador jurídico do PT, há "incoerência" em relação à cobrança sobre a participação do ministro. "Os mesmos critérios levantados deveriam ser arguidos em relação ao ministro Ayres Britto", afirmou Carvalho.

Advogados ligados ao PT afirmam, ainda, que, se a pressão valesse para todos, a presença do ministro Gilmar Mendes, indicado ao Supremo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também poderia ser contestada, pois ele conversou sobre mensalão com Lula, testemunha no processo. A reunião ocorreu em abril, no escritório de Nelson Jobim, ex-titular da Defesa. Segundo relato de Mendes, o ex-presidente o teria presionado para adiar o julgamento. Lula nega.

Ontem, Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, advogados de réus, pediram para ter acesso ao documento enviado recentemente pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao STF. No texto, Gurgel faz um resumo da denúncia e diz que o mensalão foi o esquema mais "ousado" já montado no País.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

FH diz que população precisa ficar 'atenta'

STF deve considerar a opinião pública, afirma ex-presidente

Maria Lima

BRASÍLIA . A cúpula do PSDB, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à frente, iniciou ontem um contra-ataque para desmontar a versão do PT de que não houve mensalão. Em vídeos tanto do partido quanto do próprio ex-presidente, o caso é rememorado didaticamente, seguindo a linha da peça de acusação do Ministério Público. No Congresso, os tucanos também se preparam para discursar no plenário durante o julgamento.

No vídeo, Fernando Henrique pede que a população fique atenta aos resultados do "julgamento que pode marcar a História" e diz que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) devem julgar com isenção, mas sem ignorar a opinião pública:

- Há alguns críticos de que (os ministros do Supremo) estão ouvindo a opinião pública. Claro que o juiz julga pela lei. Mas a lei não é algo que não tem alguma relação com a vida. É claro que não podem substituir a lei. Mas a existência da opinião da sociedade faz parte também de um processo que é eminentemente político. O juiz vai ter que separar o joio do trigo. Tenho muita confiança que o Supremo mostrará que as instituições no Brasil valem . Não estou aqui dizendo: (o Supremo) deve condenar este ou aquele. Espero que julgue com isenção e o que for correto, absolve, o que for crime, castigo. Isso pode mudar muito a cultura política brasileira - diz Fernando Henrique.

Em outro vídeo, usando um narrador, o PSDB ataca a versão do PT de que não houve mensalão. O vídeo intitulado "Mensalão, o escândalo que ninguém esquece", começa com uma fala do então presidente Lula, em agosto de 2005, em que ele afirma que ele e o PT deveriam pedir desculpas ao Brasil. "Tudo começou com o Marcos, que obedecia ao Delúbio, que obedecia ao Silvio, que obedecia ao José (Dirceu), que obedecia a &.", diz o narrador, deixando implícito que o chefe era Lula.

A partir de quinta-feira, com o fim do recesso parlamentar, o Congresso também se tornará uma caixa de ressonância do julgamento do mensalão.

- Pretendo ir para a tribuna sistematicamente para analisar o julgamento - antecipou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

- Vamos continuar mantendo o assunto em evidência o máximo possível, de forma que isso contribua para que a população acompanhe - disse o senador tucano Álvaro Dias (PR).

Já o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), já decidiu que a bancada não reagirá de forma integrada aos ataques:

- Esse é um processo que já está construído. Por isso, uma tentativa de cobrança ao STF é inócua. É um julgamento que deve ser feito com a mais pura leitura jurídica. Cada senador tem liberdade de falar o que quiser, mas eu não falarei.

FONTE: O GLOBO

Em vídeo, FHC diz que resultado mostrará que ‘ instituições valem’

‘É um julgamento que pode marcar a história’, afirma ex-presidente em mensagem em site ligado à sua fundação

Flávia D’Angelo, Isadora Peron

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou em vídeo divulgado ontem que o julgamento do mensalão pode marcar a história e mudar a cultura política brasileira.“É um julgamento que pode marcar a história. Eu tenho muita confiança que o Supremo (Tribunal Federal) mostrará que as instituições no Brasil valem”, disse.

A gravação na qual o tucano comenta aquele que é considerado o maior escândalo político do governo do petista Luiz Inácio Lula da Silva,seu sucessor no Palácio do Planalto, foi divulgada no site Observador Político, liga-do à Fundação iFHC. De acordo com a assessoria do ex-presidente, mais duas gravações de FHC sobre o assunto devem ser divulgadas durante a semana. Segundo o ex-presidente, a Corte deve também ouvir a opinião pública para a decisão que está prestes a tomar em relação ao processo. “Alguns criticam que eles (os ministros) estão ouvindo a opinião pública,claro que o juiz julga pela lei,mas a lei não é algo que não tem alguma relação com a vida.O juiz vai ter que separar o joio do trigo”, afirmou.

Após marcarem a data do julga-mento, os ministros do Supremo negaram que a pressão da sociedade os tenha influenciado na decisão.“O Supremo não precisa de nenhuma pressão, seja de gabinete, seja de rua, para cumprir seu dever constitucional de julgar os processos que lhe são entregues”, explicou, em junho, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto.

Desdeo início do ano, a sociedade civil tem se mobilizado para que o processo do mensalão seja julgado. Em maio, diversos grupos anticorrupção entregaram ao Supremo um abaixo-assinado com 35 mil assinaturas coletadas por meio da internet e também no papel.Ao mesmo tempo, os advogados dos 38 réus do caso tentaramvárias vezes, lançando mãode recursos jurídicos, pedir o adiamentodo julgamento .

Acompanhamento.No vídeo, o ex-presidente Fernando Henrique pede ainda para que a popu-laçãoacompanheojulgamentoe fique atenta “nesses próximos dias às decisões do Supremo Tribunal Federal”. FHC elogiou também os ministros do Supremo, que, segundo ele, “nos últimos tempos têm tomado decisões corajosas”. Neste ano, processos polêmicos como a validade da Lei da Ficha Limpa para as eleições de outubro, a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos e a constitucionalidade das cotas raciais para ingresso de alunos negros em universidades públicas passaram pelo STF.

O julgamento do mensalão será o próximo desafio dos ministros e está marcado para começar na quinta-feira. A partir de então, a Corte fará sessões diárias para analisar o tema até a metade de agosto.Depois,devem ser realizadas três sessões por semana. A previsão é que o julgamento termine somente em setembro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Supremo se articula para evitar atraso no mensalão

A dois dias do início do julgamento do mensalão, o STF busca evitar que questionamentos da defesa retardem as sessões. Um grande atraso impediria o voto de Cezar Peluso, que se aposenta por idade em setembro. Amanhã, ministros definirão estratégias que impeçam ações protelatórias. Os advogados Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, que defendem ex-diretores do Banco Rural, pediram para ver os autos.

STF discute estratégia para evitar atraso no mensalão

Ministros temem que questionamentos da defesa alterem calendário previsto

Advogados devem ter acesso hoje a novos documentos que a acusação apresentou na semana passada

Felipe Seligman, Valdo Cruz e Mônica Bergamo

BRASÍLIA - Em meio a um clima de pressão, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tentam definir uma estratégia para evitar que medidas dos advogados dos réus provoquem atrasos no julgamento do mensalão, marcado para começar na quinta-feira.

Uma alteração significativa no cronograma já estabelecido pode impossibilitar a participação do ministro Cezar Peluso, que pela lei tem que se aposentar obrigatoriamente até 3 de setembro, quando completa 70 anos.

Os ministros discutirão o que fazer com possíveis questionamentos da defesa em sessão administrativa do STF amanhã, véspera do início do julgamento. Uma das decisões que os ministros devem tomar é a de que nenhum deles apresentará pedidos de vista durante o julgamento.

Ontem, os advogados e ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, que defendem ex-diretores do Banco Rural que são réus na ação, protocolaram pedido de acesso aos autos para examinar documentos entregues na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Os documentos resumem as teses da acusação e destacam as principais evidências apresentadas contra os réus. Bastos e Dias argumentam que a defesa tem direito à última palavra no processo e por isso pediram acesso aos documentos do procurador.

O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, decidiu dar acesso aos documentos a todos os advogados dos réus a partir de hoje. Em nota divulgada na tarde de ontem, Bastos e Dias disseram que seu pedido de vista "não ensejará qualquer tipo de adiamento do julgamento".

Mas existe entre os 11 ministros que compõem o STF o receio de que pedidos como esse prolonguem o julgamento ou até mesmo adiem seu desfecho para o próximo ano.

Eles avaliam que a presença de Peluso é importante porque, independentemente de sua posição sobre o caso, o ministro é um dos que mais entendem de direito penal.

Há também muita expectativa com o que pode acontecer nos primeiros dias do julgamento. A principal dúvida é sobre o voto do ministro Ricardo Lewandowski, que é o revisor do processo.

Desde que ele prometeu fazer um "contraponto" ao relatório de Barbosa, colegas de Lewandowski temem que ele use seu voto para rebater as conclusões do relator do processo, acirrando as posições no início da votação.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Pedido para adiar julgamento é arquivado no TSE

SÃO PAULO - A presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Cármen Lúcia, mandou arquivar pedido feito por advogados ligados ao PT para adiar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

No pedido, advogados de réus do mensalão afirmaram ser "inoportuno" a ocorrência do julgamento no período eleitoral e pediam à ministra que ponderasse a possibilidade de adiamento com os demais ministros do Supremo.

Ao arquivar a petição, a ministra afirma não ser competência do TSE fazer este tipo de pedido ao STF.

"Além de serem vagos e imprecisos os argumentos apresentados, (...) é de primário conhecimento não caber a este Tribunal Superior Eleitoral representar junto ao Supremo Tribunal Federal preocupações e interesses de réus em qualquer ação penal ali em tramitação", afirma a ministra.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

STF recebe mais de 50 petições do mensalão

 Maíra Magro e Juliano Basile

BRASÍLIA - A três dias do julgamento do mensalão, advogados de réus do processo entraram ontem com mais de 50 petições no Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma delas, os advogados Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, que defendem ex-diretores do Banco Rural, pedem para ter acesso ao memorial apresentado na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela acusação, assim como a diversos documentos mencionados na peça.

Outra petição, protocolada por um advogado que não atua na causa, pede a declaração de suspeição do ministro do STF Antonio Dias Toffoli, que foi advogado do PT. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, defendeu ontem que Toffoli é experiente, vivido e tem parcimônia para decidir se julgará os 38 réus do mensalão. "A participação depende dele, ele é soberano", disse Britto, após sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O pedido de Bastos e Dias, ex-ministros da Justiça dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, foi o que mais chamou a atenção. "A gente quer ver o documento. Como vamos entrar em um julgamento sem saber o que o Ministério Público diz?", justificou Bastos ao Valor.

"Pedimos para ter vista do memorial apresentado pelo Ministério Público", explicou. Segundo o advogado, não há demanda específica de prazo para avaliar o memorial. "O prazo será o que nos derem, para a gente olhar [o documento]."

O MPF informou que o memorial se limita a fazer um resumo da argumentação, sem trazer fatos novos. Na petição, os advogados argumentam que "é e haverá de ser sempre da defesa, na estrutura dialética do processo, a prerrogativa de falar por último, seja por escrito, seja verbalmente." E concluem defendendo que seria "indeclinável, sob pena de rotunda ofensa ao contraditório e à amplitude do direito de defesa, franquear-se, antes do julgamento, vista dessa seródia manifestação acusatória e, especialmente, dos documentos que a instruem, aos defensores."

A petição chegou a ser interpretada como tentativa de adiamento do mensalão. Bastos e Dias divulgaram nota ontem negando que se trate de manobra protelatória. "Caso seja aceito pelo STF, o pedido de vista não ensejará qualquer tipo de adiamento do julgamento. O requerimento apenas reafirma uma prerrogativa da defesa de se pronunciar após a acusação, em atendimento aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório", diz a nota. No mensalão, Bastos defende José Roberto Salgado e Dias representa Vinícius Samarane, ambos ex-diretores do Banco Rural.

Se o julgamento do mensalão atrasar, há o risco de o ministro Cezar Peluso não votar. Peluso completa 70 anos em 3 de setembro, data em que deve se aposentar.

Entre as mais de 50 petições apresentadas ontem, há diversos requerimentos de juntada de procuração, o que, na prática, tem o objetivo de permitir que outro advogado possa acessar documentos ou atuar no processo em defesa dos réus.

O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, deve analisar as petições uma a uma. A tendência é de conceder o acesso requerido por Bastos e Dias, mas negar eventuais pedidos que possam atrasar o julgamento. Advogados também apresentaram petições solicitando o uso de recursos audiovisuais durante a defesa na tribuna, como o programa Power Point. Esse pedido deve ser analisado pelos ministros do Supremo amanhã, em sessão administrativa.

O mensalão começará a ser julgado na quinta. Antes dos votos dos ministros, Bastos apresentará uma questão de ordem pedindo mais uma vez que o processo seja desmembrado, para que réus sem foro privilegiado, como os vinculados ao Banco Rural, sejam julgados pela primeira instância.

Colaborou Bárbara Pombo

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Ao encontrar Lula, candidatos admitem temor com mensalão

Petistas e aliados estão preocupados com efeitos na campanha

Tatiana Farah, Maria Lima e Amanda Almeida

SÃO PAULO, BRASÍLIA e BELO HORIZONTE . Na sessão de fotos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 118 candidatos petistas e de partidos aliados a prefeito, o PT se preocupou ontem em prepará-los para os possíveis efeitos do julgamento do mensalão na campanha eleitoral. O presidente do partido, deputado Rui Falcão, pediu solidariedade com os réus. No entanto, a maioria dos candidatos se mostrou incomodada com perguntas sobre o julgamento, que começa quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), e defendeu que o debate priorize questões municipais.

Ex-ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias foi um dos que pediu tranquilidade. Disse esperar que os adversários não façam uso eleitoral do mensalão. Marqueteiro de Patrus, João Santana decidiu deixar de lado a "onda vermelha" e levar para as ruas uma campanha menos vinculada ao PT, para minimizar os efeitos do julgamento.

Uma das estratégias de Santana é dar mais suavidade ao vermelho e adotar uma tonalidade de rosa. Em eventos, Patrus e seus apoiadores do alto escalão do PT mineiro, como o ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel, não têm usado as tradicionais camisas vermelhas. No último fim de semana, usaram camisas azuis.

No evento de ontem em São Paulo, Falcão repetiu o discurso adotado em vídeos divulgados no site do PT. Reforçou a tese de que o dinheiro do mensalão era fruto de caixa dois.

Lula não discursou, só posou para as fotos e conversou rapidamente com alguns candidatos. Com bursite e ainda sob os efeitos do tratamento contra o câncer na garganta, o ex-presidente estava incomodado com uma dor no braço e o inchaço do pescoço, consequência de uma inflamação persistente na garganta.

- Rui pediu tranquilidade e disse que todos devem partir para o embate político tendo a clareza de que quem está sendo julgado não é o PT. Disse que os réus merecem solidariedade, que cada um vai responder de acordo com suas responsabilidades - contou o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação do partido.

Falcão confirmou ao GLOBO que orientou os candidatos, mas negou ter comentado que o julgamento é de pessoas, e não do PT.

Um dos réus do mensalão, o deputado João Paulo Cunha, candidato a prefeito de Osasco (SP), faltou ao encontro para evitar impacto negativo no noticiário. Sua assessoria informou que ele será recebido por Lula.

Candidato a prefeito de Recife, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse acreditar que o caso poderá se tornar um "julgamento" do partido:

- Obviamente que a oposição e a grande imprensa vão tentar transformar isso num julgamento do PT, mas a população brasileira saberá fazer a distinção- afirmou Costa.

O ex-ministro da Educação e candidato a prefeito em São Paulo, Fernando Haddad, disse acreditar que, mais do que candidatos, será a imprensa que poderá dar ênfase ao mensalão durante a campanha eleitoral.

FONTE: O GLOBO

Pressões - Merval Pereira

Nos últimos dias têm sido feitas tantas tentativas de adiar o julgamento do mensalão que fica claro que o que querem os réus é mesmo não serem julgados, contando com a prescrição de seus crimes.

Éum sinal de que fez bem o Supremo Tribunal Federal em não desmembrar o processo, pois, sendo a última instância de nosso sistema judiciário, a decisão que sair de seu plenário é irrecorrível.

Se, com todos os cuidados tomados pelo relator Joaquim Barbosa para não atrasar o processo, ele levou cinco anos para chegar ao julgamento, imagine se a maioria dos processos estivesse tramitando a começar pela primeira instância do Judiciário.

Isso sem falar da tentativa rasteira de colocar sob suspeição o ministro Gilmar Mendes, incluindo-o em uma lista forjada de beneficiários do mensalão mineiro. Manobra tão primária que o suposto autor da lista, o empresário Marcos Valério, negou sua autenticidade em nota oficial.

A mais recente manobra da defesa é o pedido de vista do processo pelos advogados Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, sob a alegação de que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou na última semana um documento aos 11 ministros do Supremo ao qual a defesa dos réus não teve acesso.

Os advogados usam a justificativa de que a defesa tem a última palavra e precisam tomar conhecimento do que diz Gurgel para apresentar o contraditório.

Vários advogados consultados, no entanto, consideraram a manobra meramente procrastinadora, com pouquíssimas chances de ser acolhida.

O memorial que o procurador-geral Roberto Gurgel enviou aos ministros não é anexado aos autos e, portanto, não é um "novo documento" que precise ser analisado.

É comum os advogados fazerem tais memoriais às vésperas dos julgamentos, para facilitar o trabalho dos juízes, razão também alegada por Gurgel.

Um advogado lembra que todos os réus do mensalão fizeram seus memoriais e os distribuíram não apenas aos juízes do Supremo, mas também a diversos advogados e formadores de opinião.

O do ex-tesoureiro Delúbio Soares foi feito pelo advogado Arnaldo Malheiros. Já o ex-ministro José Dirceu, acusado pela Procuradoria Geral da República de ser o "chefe da quadrilha", tem 16 páginas em papel cuchê.

Antes da tentativa dos advogados dos réus, outros cinco advogados de São Paulo, ligados ao PT, mas sem atuação direta no caso, haviam enviado à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, um manifesto no qual defendem que é inoportuno julgar a ação do mensalão durante o período eleitoral, alegando "desequilíbrio, em desfavor dos partidos envolvidos", pelo fato de que as sessões do Supremo serão televisionadas, e o assunto será tema dos meios de comunicação justamente durante a campanha eleitoral.

Como o assunto já foi, por óbvio, devidamente analisado pelo plenário do Supremo, que não viu impedimento para marcar o julgamento a começar nesta quinta-feira, dia 2, esse é outro movimento que se destina mais a pressionar o Tribunal do que a ter efeito prático.

Outra pressão externa sobre o Supremo veio nada menos que do Tribunal de Contas da União. Surpreendentemente, com base em uma lei aprovada em 2010 e às vésperas do início do julgamento do mensalão, a ministra do TCU Ana Arraes (ex-deputada federal e mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos) reverteu uma decisão anterior do próprio TCU e considerou legais os contratos da agência de publicidade DNA, empresa de Marcos Valério, com o Banco do Brasil, mesmo não tendo o empresário mineiro devolvido os "bônus de volume" como previsto.

Para o advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, a nova decisão do TCU, atestando a legalidade da apropriação do bônus, deve ser analisada pelos ministros do STF.

O TCU havia constatado anteriormente que a agência de Marcos Valério não fazia o repasse dos "bônus" ao Banco do Brasil, embora essa obrigação estivesse estipulada em contrato, dando prejuízo aos cofres públicos de mais de R$ 106 milhões.

Esse dinheiro era uma das fontes do valerioduto que financiou o mensalão. O objetivo da lei aprovada cinco anos depois do fato acontecido é justamente legalizar a posse desse dinheiro pela agência de publicidade e tentar descaracterizar o uso do dinheiro público no esquema do mensalão.

A manobra é tão acintosa que o próprio procurador do TCU está recorrendo contra a decisão. Como o TCU é um órgão auxiliar do Congresso, e não um membro do Poder Judiciário, essa manobra caracteriza-se como uma jogada político-partidária e provavelmente não terá efeito direto na decisão dos juízes do Supremo.

FONTE: O GLOBO

Sorrisos amarelos - Eliane Cantanhêde

Não se sabe se é para rir ou para chorar, mas o que os candidatos e os principais líderes e candidatos do PT vão fazer durante todo o mês de agosto, enquanto o julgamento do mensalão vai expor ao país os podres do partido? Aliás, quando se fala dos principais líderes, fala-se dos atuais. Os antigos encabeçam a lista de 38 réus.

Lula saiu da toca ontem, a três dias do início do julgamento, como quem não quer nada: não viu, não ouviu, não soube nem quer saber. Num hotel em São Paulo, tirou fotos com mais de cem candidatos de cidades consideradas prioritárias pelo PT. Depois do clique coletivo, os individuais -de 30 segundos a um minuto para cada um.

Enquanto isso, Dilma cuidava dos preparativos finais da cerimônia da entrada triunfal da Venezuela no Mercosul, que será hoje, em Brasília, com Hugo Chávez estrelando e com participações especiais de Cristina Kirchner e José Mujica. Foto para as primeiras páginas nos jornais da véspera do julgamento histórico. Aliás, como seria mensalão em espanhol? El mensalón? Chávez vai dizer que el mensalón nunca existiu?

E os candidatos, como é que vão se virar? Fernando Haddad, em São Paulo, precisa muito aparecer, para poder crescer e sair dos atuais 7% das pesquisas antes do início do horário eleitoral gratuito -que é sua grande chance, ou grande esperança.

Mas como vai aparecer, com o noticiário tomado por entrevistas e documentos de procuradores, advogados, réus? Difícil alguém se interessar por programa fajuto de candidato com um filmaço desses na TV, dia e noite. O mensalão é como um fantasma que paira não só sobre o governo Lula, mas, especialmente agora, sobre a foto de Lula com candidatos, das gentilezas de Dilma com Chávez, das pedaladas de Haddad, às voltas com "um chopes e dois pastel" num bairro onde ele nunca pisara antes.

Agosto começa com Lula, Dilma e Haddad se esforçando para sorrir. Mas sorrindo amarelo.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O dia seguinte ao julgamento do PT - Raymundo Costa

Governo e PT ficaram impressionados com o impacto do noticiário de fim de semana sobre o mensalão, especialmente na televisão. Em close, a reprise dos melhores momentos de 2005, nas CPIs e nas manifestações do presidente da República, recupera a dimensão exata daqueles dias. Uma coisa é ouvir Lula hoje dizer que o mensalão foi uma farsa, tendo-se apenas uma vaga referência do que ocorreu há sete anos. Outra é ver e ouvir o ex-presidente afirmar que o PT fez caixa 2 e devia um pedido de desculpas à sociedade.

"Eu não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas", disse Lula, num dos momentos mais críticos da crise, rodeado de ministros, entre os quais a presidente atual, Dilma Rousseff. É bem verdade que Lula também disse que determinara, desde o início, "que ninguém fosse poupado", pertencessem ou não ao PT, até que os culpados fossem "responsabilizados".

Foram dias tensos, durante os quais se chegou a falar em "refundação do PT", expressão criada pelo atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, transferido às pressas do Ministério da Justiça para a presidência de um partido em crise profunda.

Aliados de Dirceu falam em volta triunfante em 2014

Depois disso, Lula e o PT enfrentaram duas eleições presidenciais, obtendo sucesso em ambas. Inclusive na de 2006, ainda no calor da denúncia sobre o suposto esquema de compra de votos no Congresso, o mensalão. Lula e o PT ganharam nas urnas.

Chegou a hora do veredito da Justiça, como prometia Lula nos idos de 2005.

Seria um exagero dizer que o PT joga sua sorte no julgamento que começa depois de amanhã no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas a decisão dos 11 ministros terá sim consequências diretas no futuro do partido que há dez anos comanda o país.

Até agora, o PT fez o jogo de 2014 nas eleições municipais deste ano. É provável que o partido nunca tenha cedido tanto na confecção de alianças, como fez em 2012 tendo em vista as parcerias que planeja fazer na eleição presidencial. É jogo jogado. Inclusive com a participação de José Dirceu, na prática, ainda hoje, um dos mais influentes líderes do PT.

A absolvição de Dirceu devolverá esse papel ao ex-ministro. À luz do dia. Dirceu e o PT disfarçam, mas, na prática, o ex-chefe da Casa Civil de Lula mantém influência no partido e no governo. O atual presidente da sigla, Rui Falcão, integrante de uma corrente minoritária do PT, somente assegurou sua confirmação no cargo depois de se entender com Dirceu (vice-presidente, Falcão assumiu no lugar de José Dutra, que se afastou por motivos médicos).

O ex-ministro emite sinais confusos sobre o que pensa fazer no futuro, na hipótese de ser absolvido de chefiar a "quadrilha" do mensalão. Há ocasiões em que parece determinado a recuperar o mandato na Câmara. Em outras, avalia que para voltar à política partidária terá de deixar de fazer consultorias, seu meio de vida desde que a Câmara decretou a perda de seu mandato.

A aposta no PT é que ele será candidato a deputado federal em 2014, tendo como meta um milhão de votos, e então tecer seu futuro político a partir de uma posição mais forte.

Além da eventual volta ou não de Dirceu, a novidade no PT é a movimentação da presidente Dilma Rousseff para ocupar o próprio espaço não só dentro do partido, mas dentro da coalizão governista. Já com vistas em 2014, a presidente se esforça para deixar o governo o mais distante possível do mensalão, empreitada na qual tem conseguido êxito sem causar contrariedade entre os petistas que são réus na Ação Penal 470 do STF. A avaliação nesse grupo é que Dilma atua, sem confrontos, dentro das regras não escritas do bom embate político.

Independentemente do resultado do julgamento, essa é a questão que terá de ser resolvida pelo PT. Dirceu tem influência, Lula é quem manda e Dilma avança e aos poucos consolida uma liderança própria. A volta de Dirceu repõe o PT de São Paulo no jogo de poder partidário. O que nada muda em relação à recandidatura de Dilma. Aos menos por enquanto.

Às vésperas do julgamento do mensalão, a Arko Advice, empresa de consultoria política de Brasília, fez uma pesquisa entre os deputados sobre foro privilegiado e o duplo grau de jurisdição, que é o direito de todo cidadão acusado da prática de delito de ser julgado em pelo menos duas instâncias. O resultado é contraditório. A maioria concorda com o foro privilegiado para as autoridades, mas 92% dos entrevistados consideram o duplo grau de jurisdição é um direito fundamental da cidadania.

A empresa entrevistou 52 deputados de 13 partidos. Todos são advogados. Foram ouvidos representantes de todas as regiões, do governo e da oposição. É nítida a divisão sobre fim do foro privilegiado para autoridades: 44,23% afirmaram ser a favor do fim do privilégio, contra 48% que acham que ele deve ser mantido. Mas mesmo entre os que concordam com o fim do foro especial, 68% acham que ele deve ser mantido para crimes decorrentes do exercício da atividade pública.

Do total de entrevistados, 92,30% dos entrevistados afirmaram concordar que o duplo grau de jurisdição é um direito fundamental do cidadão. "Apesar de considerar que o duplo grau de jurisdição é um direito fundamental do cidadão, 55,76% não consideram que o julgamento de autoridade em foro privilegiado possa ser considerado uma limitação ao direito de defesa", diz o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice.

A questão do foro privilegiado e do duplo grau de jurisdição deve permear os primeiros embates do mensalão. O advogado Márcio Thomaz Bastos voltará a insistir na tese de que os réus sem foro privilegiado (todos, à exceção de três deputados no exercício do mandato) devem ser julgados na primeira instância e não pelo Supremo Tribunal Federal. Em caso de condenação, eles não teriam assegurado o direito fundamental de ser julgados em pelo menos duas instâncias.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

A musa abusou - Dora Kramer

Como se viu pela chamada aos costumes dada pela Polícia Federal em Andressa Mendonça, a mulher de Carlos Augusto Ramos não é só a bonitinha apaixonada e choramingas a quem o marido faz declarações públicas de amor no lugar de prestar esclarecimentos à Justiça sobre as ilegalidades de seus negócios.

Na posse plena de credenciais para fazer jus à anexação da alcunha Cachoeira ao nome de batismo, Andressa Mendonça revela-se integrante da quadrilha alvo de processo na Justiça de Goiás e de investigação em comissão parlamentar de inquérito no Congresso Nacional da qual vinha sendo apontada como "musa".

Perdeu a prerrogativa conferida pela idiotia construtora de simbologias simplistas, ao tentar chantagear o juiz federal Alderico da Rocha Santos ameaçando-o com a divulgação de um dossiê caso não tomasse decisões favoráveis ao principal acusado no processo em curso na 11.ª Vara da Justiça em Goiás e sob a responsabilidade do magistrado.

De inocente, a moça que tanto lamentou o envolvimento do marido com os políticos que o teriam tirado da zona de conforto de figura proeminente na sociedade de Goiás para a cadeia não tem nada.

A não ser presumivelmente a ilusão de que poderia levar o juiz na conversa mal ajambrada sobre a existência de um dossiê a ser publicado com acusações contra ele, sugerindo um conluio entre a revista Veja e as organizações Cachoeira de armações ilimitadas

Um blefe tão óbvio quanto a impossibilidade de um veículo de comunicação que vive de credibilidade jogar esse ativo no lixo para servir deliberadamente como instrumento de chantagem e, consequentemente, de repasto à mesa dos detratores de plantão sempre ávidos de uma oportunidade.

A malfadada manobra da senhora Cachoeira, entre outros fatores, altera a situação dela em relação à CPI para qual foi convocada a dar depoimento no próximo dia 7.

Chamada inicialmente pela expectativa de que pudesse servir como mensageira de "recados" de Carlos Cachoeira, Andressa agora necessariamente será vista sob um prisma menos ingênuo.

Tratada até então como uma espécie de adorno a serviço da face "light" do escândalo, ela passa agora a figurar como agente ativa do esquema objeto da CPI e, nessa condição, precisará ser questionada com rigor aplicado a qualquer dos outros investigados.

Isso se não arrumar um pretexto para não ir ou até mesmo se a comissão resolver reavaliar a utilidade de uma convocação de depoente que pela faceta agora revelada provavelmente recorrerá ao direito de calar tornando-se, na prática, uma presença inútil

Gênese. A tese do advogado de José Dirceu de que Roberto Jefferson "inventou" o mensalão não se sustenta nos fatos.

A primeira referência a um sistema de cooptação de parlamentares e partidos para a base de sustentação do primeiro governo Lula foi feita pela revista Veja em setembro de 2004, ainda sem o apelido pelo qual seria conhecido.

Na segunda vez que o assunto apareceu na imprensa, dias depois em reportagem do Jornal do Brasil, já foi usado o termo "mensalão" para definir pagamentos relatados por deputados ao então líder do governo na Câmara, Miro Teixeira.

Miro os incentivou a transformar o disse-me-disse de corredores em denúncia formal ao presidente da República, mas ressalvou à época que não subscrevia as acusações.

Os mensageiros não se animaram a ir a Lula nem ao Ministério Público e o caso morreu.

Até junho do ano seguinte quando Jefferson, irritado com o que identificou como um plano do PT para fazer do PTB o bode expiatório da corrupção na base governista, em entrevista à Folha de S. Paulo deu autoria, publicidade e compreensão à narrativa que viria a assumir a dimensão de 50 mil páginas em processo de 38 réus.

O nome, ação penal 470 ou mensalão, não faz a menor diferença, pois é do substancioso conteúdo que o Supremo Tribunal Federal cuidará a partir desta quinta-feira.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

O julgamento na imprensa - Jânio de Freitas

Se há contra os réus indução de animosidade, a resposta prevista só pode ser a expectativa de condenações

O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes.

Os trabalhos jornalísticos com esforço de equilíbrio estão em minoria quase comovente.

Na hipótese mais complacente com a imprensa, aí considerados também o rádio e a TV, o sentido e a massa de reportagens e comentários resulta em pressão forte, com duas direções.

Uma, sobre o Supremo. Sobre a liberdade dos magistrados de exercerem sua concepção de justiça, sem influências, inconscientes mesmo, de fatores externos ao julgamento, qualquer que seja.

Essa é a condição que os regimes autoritários negam aos magistrados e a democracia lhes oferece.

Dicotomia que permite pesar e medir o quanto há de apego à democracia em determinados modos de tratar o julgamento do mensalão, seus réus e até o papel da defesa.

O outro rumo da pressão é, claro, a opinião pública que se forma sob as influências do que lhe ofereçam os meios de comunicação.

Se há indução de animosidade contra os réus e os advogados, na hora de um julgamento, a resposta prevista só pode ser a expectativa de condenações a granel e, no resultado alternativo, decepção exaltada. Com a consequência de louvação ou de repulsa à instituição judicial.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reforça o sentido das reportagens e dos comentários mais numerosos, ao achar que "o mensalão é o maior escândalo da história" -do Brasil, subentende-se.

O procurador-geral há de ter lido, ao menos isso, sobre o escândalo arquitetado pelo brilho agitador de Carlos Lacerda em 1954, que levou à República do Galeão, constituída por oficiais da FAB, e ao golpe iniciado contra Getúlio Vargas e interrompido à custa da vida do presidente.

Foi um escândalo de alegada corrupção que pôs multidões na rua contra Getúlio vivo e as fez retornar à rua, em lágrimas, por Getúlio morto.

Como desdobramento, uma série de tentativas de golpes militares e dois golpes consumados em 1955.

O procurador Roberto Gurgel não precisou ler sobre o escândalo de corrupção que levou multidões à rua contra Fernando Collor e, caso único na República, ao impeachment de um presidente. Nem esse episódio de corrupção foi escândalo maior?

E atenção, para não dizer, depois, que não recebemos a advertência de um certo e incerto historiador, em artigo publicado no Rio: "Vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana".

Dois inícios de guerra civil em 1930 e 1932, insurreição militar- comunista em 1935, golpe integralista abortado em 1937, levante gaúcho de defesa da legalidade em 1961, dezenas de tentativas e de golpes militares desde a década de 1920.

E agora, à espera do julgamento do mensalão, é que "vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Hora da acusação - Tereza Cruvinel

A diferença entre o processo de Collor e o mensalão estaria, segundo boa parte dos especialistas, na qualidade da peça acusatória

Sobem as taxas de excitação e de estresse, a depender do interesse e da posição de cada um, na contagem das horas que faltam para o início do julgamento do caso "mensalão" pelo STF, a partir de quinta-feira. Antes que o espetáculo comece, convém recordar a diferença entre o processo judicial e o processo político em si, neste como em qualquer caso de grande repercussão, envolvendo poder e política, e crimes complexos como os que foram apontados pela acusação. Convém recordar o caso Collor. Depois de uma CPI que também escandalizou o país com suas revelações, Collor foi politicamente condenado. Mesmo tendo renunciado pouco antes do início da votação de seu impeachment, já havia perdido qualquer condição de continuar governando. Dois anos depois, em dezembro de 1994, o STF o absolveu das acusações que sustentaram a proposta de impeachment. E muito se louvou, na época, o fato de o STF não ter se curvado às pressões da opinião pública e condenado sem provas. Os jornais daqueles dias contêm declarações de notáveis juristas e acadêmicos do direito neste sentido.

A absolvição de Collor deu-se fundamentalmente em função da má qualidade da peça acusatória produzida pelo então procurador-geral da República, Aristides Junqueira. Dez entre dez advogados que conhecem o assunto concordam nesse ponto. Na Polícia Federal, houve um grande descontentamento com Junqueira, pelo fato de ele ter concluído e apresentado sua denúncia ao STF antes que a PF terminasse de instruir o inquérito do caso PC Farias. Ou seja, sem dispor de indícios e provas objetivas, baseou-se muito no relatório da CPI do PC para sustentar que Collor era conhecedor e beneficiário das estripulias financeiras que PC Farias realizava com o baita caixa dois que operava. Um caixa dois composto pelas sobras da campanha eleitoral de 1989, quando o baronato do capital nacional, temendo a eleição de Lula, despejou dinheiro a rodo na campanha de Collor. Segundo os petistas, as relações com Marcos Valério decorreram de situação oposta: o partido saíra endividado da campanha de 2002 e aceitaram a ajuda de Valério, amigo dos bancos Rural e BMG, que se dispuseram a ajudar, esperando serem recompensados com certas facilidades para seus negócios. Veio a eleição de 2004 e foi preciso ajudar no financiamento das campanhas aliadas ou coligadas.

A diferença entre o processo de Collor e o mensalão estaria, segundo boa parte dos especialistas, na qualidade da peça acusatória. A de Antonio Fernando de Souza, apresentada ao STF em 2006, seria muito mais consistente na demonstração dos delitos. O ex-procurador foi sucedido, em 2009, pelo atual, Roberto Gurgel, que desposou inteiramente a acusação nas alegações finais que apresentou ao STF em 2011, bem como no "memorial" que encaminhou agora aos ministros, recordando os pontos mais contundentes da acusação.

Depois de amanhã, o dia será dele. O ministro-relator, Joaquim Barbosa, falará por apenas 15 minutos sobre seu relatório de mais de mil páginas, supostamente já examinado por quem interessa: réus, advogados de defesa, procurador e ministros. Aliás, aqui está outra diferença em relação ao caso Collor: o relator, ex-ministro Ilmar Galvão, rejeitou a denúncia de Junqueira, diferentemente de Barbosa, que a subscreveu quase que inteiramente.

Mas, voltando a Gurgel, no primeiro ato o foco estará nele, na leitura que fará de seu libelo acusatório ao longo de cinco horas. Não se sabe se, nessa nova peça, que acabou de redigir, ele incluirá fatos ou provas novas. Pois embora a acusação original de Antonio Fernando seja considerada muito mais consistente que a de Junqueira, não só entre os advogados de defesa ouve-se que faltam provas técnicas para duas das mais graves acusações.

Uma, a de formação de quadrilha, que na definição clássica exigiria uma organicidade que os operadores e beneficiários do valerioduto não teriam entre si. Outra, e mais importante, do ponto de vista político, a de que o mensalão foi um esquema montado para o aliciamento de deputados que receberiam pagamentos periódicos para votar a favor do governo. A denúncia e as alegações finais são ricas em detalhes sobre o funcionamento do esquema, colhidos tanto pela CPI como pela PF, esmiuça os mecanismos adotados pelo operador do valerioduto, mas não avança em um ponto: a revelação de todos os deputados que receberiam para votar com o governo. Na lista dos 38 réus, apenas 11 eram deputados em 2005, dos quais quatro eram da bancada petista: João Paulo Cunha, Paulo Rocha, Professor Luizinho e João Magno. Quem conhece o Congresso sabe que a compra de 11 deputados não garante a maioria. Os sete não-petistas com certeza repassaram o dinheiro a seus colegas de partido, é o argumento corrente, baseado na lógica dedutiva. Mas, para um juiz, talvez não baste a dedução. Talvez eles sintam falta de deputados em número compatível com a compra da maioria pelo PT.

Os nichos mais exaltados da opinião pública, dizem os advogados que apontam estas duas falhas na peça de Antonio Fernando, devem levar em conta estes aspectos técnicos da denúncia, antes de apostarem no seu inteiro acolhimento pelo STF. O julgamento responderá a tudo isso.

Fracasso. Agosto chegou e dentro de duas semanas começa o horário eleitoral. A não ser que o TSE entre no assunto, o tempo de tevê do PSD, em Minas, ficará para Marcio Lacerda, do PSB, apesar da intervenção do prefeito Gilberto Kassab, impondo o apoio do PSD ao PT. O PSDB fatura: "Houve a intervenção da Dilma no PT, impondo a candidatura do Patrus, no PMDB, para tirar Leonardo Quintão da disputa; e a do Kassab no PSD, que fracassou. Sempre que um paulista se mete em Minas, aprende uma lição", diz o deputado tucano Marcus Pestana.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Muito mais que descortês - Míriam Leitão

As declarações do ministro Aldo Rebelo sobre o fato de a ex-ministra Marina Silva ter carregado a bandeira olímpica poderiam ser apenas mais uma exibição dos maus modos do ministro, ou de suas esquisitices. Mas foi pior do que isso. Sua fala pública e a de outros nos bastidores mostram que eles confundem país com governo, o que é comum apenas em regimes autoritários.

O mal estar gerado por algo que deveria ser visto como um motivo de orgulho foi mais significativo do que pode parecer. É autoritarismo o que está implícito na ideia de que só governistas podem representar o país, suas causas, suas lutas. Era comum no regime militar essa mistura entre o permanente e o transitório, essa apropriação do simbolismo da pátria pelos governantes. É também falta de compreensão do que é o espírito olímpico: a boa vontade que prevalece sobre as diferenças. Foi por isso que os escolhidos representavam o combate à pobreza, a luta por justiça, os pacificadores, o esforço de convivência entre povos, a preservação da Terra.

Quem o ministro gostaria que fosse o símbolo da proteção da floresta? Ele e seu projeto de Código Florestal que permitia mais desmatamento? Marina dedicou a vida a essa causa, desde o início de sua militância com Chico Mendes. Esse é um fato da vida.

"A Marina sempre teve boas relações com a aristocracia europeia. Não podemos determinar quem a Casa Real vai convidar, fazer o quê?", disse o ministro dos Esportes. Nisso revelou que desconhecia os fatos, as regras de etiqueta, a lógica da festa, o simbolismo da bandeira olímpica, o que o governo inglês pretendia com a abertura e até quem é responsável por organizar a festa. Obviamente, não é a Casa Real.

Isso é mais espantoso, porque o Brasil é o próximo país a receber uma Olimpíada e a preparação já está em andamento. Se essa pequenez exibida na declaração do ministro tiver seguidores, o Brasil fará uma festa governamental. Outro integrante do governo comparou a escolha de Marina ao desfile de um trabalhista na frente de um governo conservador. A espantosa confusão não é exclusividade do ministro, é feita por outros graduados funcionários. Outros concordaram com essa canhestra interpretação. A demonstração de desagrado do governo brasileiro foi tão evidente que o representante inglês se sentiu obrigado a lembrar aos jornalistas o óbvio: a escolha não foi política, porque este não é o momento.

O governo poderia interpretar os fatos como os fatos são. O Brasil é detentor da maior fatia da floresta com maior biodiversidade do planeta. É o segundo país em cobertura florestal do mundo. O primeiro é a Rússia, que não tem a mesma riqueza de espécies. Nem de longe. A escolha de uma brasileira demonstra esse reconhecimento de que, numa causa estratégica para o século XXI, o Brasil tem destaque.

Marina mostrou que tinha entendido exatamente o que tudo aquilo representou. Fez declarações delicadas e com noção da grandeza do momento. O incidente não é apenas uma descortesia à Marina, mas uma demonstração de falta de capacidade de compreensão do espírito olímpico por parte dos governantes do país que organizará a próxima Olimpíada.

Autoridades que falaram aos jornalistas, com o compromisso de não divulgação de seus nomes, explicaram por que estavam amuadas: não foram avisadas. Como a ex-ministra disse, os organizadores pediram que não divulgasse a informação. Ela fez isso. Até a presidente Dilma deu uma nota fora do tom ao dizer que "o Brasil fará melhor" na festa de abertura. "Vai levar uma escola de samba e abafar". A hora era de elogiar a festa de Londres e entender a complexidade da preparação da abertura de uma Olimpíada. Não basta chamar uma escola de samba.

FONTE: O GLOBO

Em BH, ataque a discurso atrasado

Lacerda afirma que sua administração continuará parceria com o governo Dilma, mesmo ela pertencendo ao partido do adversário

Marcelo da Fonseca

Marcio Lacerda aproveitou a hora do almoço para fazer campanha no Bairro Padre Eustáquio, onde pediu votos e fez promessas para a região

O prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição Marcio Lacerda (PSB) disse ontem que não considera um problema ter como adversário um candidato que recebe apoio da presidente Dilma Rousseff (PT). Ontem, durante caminhada no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste, Lacerda criticou o discurso de opositores, de que a cidade receberá mais repasses do Palácio do Planalto se a administração municipal for do mesmo partido do governo federal. Segundo ele, a presença de 16 partidos em sua coligação que no cenário nacional integram a base de apoio ao governo Dilma deixa clara a boa relação entre os Executivos municipal e federal.

"Não dá para aceitar esse discurso atrasado, que lembra um tipo de política que era feito no interior há muito tempo. Conseguimos nos últimos anos parcerias importantes com os governos federal e estadual que trouxeram muitos benefícios para a nossa cidade. Espero manter essa boa relação", disse Lacerda. Com a aprovação pessoal de Dilma chegando a 77% em pesquisa de opinião feita no mês passado, Lacerda destacou o bom diálogo com o Planalto durante seu primeiro mandato e garantiu que a relação republicana se manterá nos próximos anos.

Ontem, o prefeito andou pela Rua Padre Eustáquio cumprimentando comerciantes e moradores, tomou café em uma padaria tradicional da região e falou sobre os desafios da Regional Noroeste. "Ainda temos muitas demandas nesta área, mas já estamos com muitos projetos em andamento. Principalmente por meio do Orçamento Participativo temos conseguido atender parte delas e várias obras estão sendo feitas", explicou. Ao pedir apoio para a continuidade de sua gestão, o socialista destacou a importância que as 300 obras que estão em andamento terão para a cidade.

Os pontos de compra e venda de drogas, principalmente de usuários de crack, foram apontados por Lacerda como um dos problemas da Região Noroeste, principalmente no Bairro Lagoinha, onde estão as principais cracolândias da cidade, e destacou ações da prefeitura que estão em andamento para resolver o problema, além de assumir compromissos para ampliar os investimentos para os dependentes de drogas. "Este é um problema de vários bairros e comunidades no país todo. Temos um conjunto de ações, com investimentos de aproximadamente R$ 15 milhões. Vamos aumentar o número de consultórios de rua. Estamos ampliando também os ambulatórios especializados no tratamento de pessoas com esse tipo de problema e vamos aumentar também o número de vagas em comunidades terapêuticas", prometeu Lacerda.

Exonerações Sobre a possibilidade de o PT denunciar a prefeitura ao Ministério Público por causa das exonerações feitas nas últimas semanas, Marcio Lacerda preferiu deixar o candidato a vice-prefeito Délio Malheiros (PV), que é advogado, comentar o assunto. "O prefeito foi muito tolerante em relação às exonerações na prefeitura. Do ponto de vista jurídico, ele está com toda a razão, uma vez que existem justificativas para essa readequação e por se tratar de exonerações em cargos de confiança", afirmou Malheiros. Desde a semana passada, quando foram exonerados 119 servidores municipais em cargos de assessoria e gerência, integrantes da coligação que apoiam a candidatura de Patrus Ananias (PT) fizeram duras críticas a Lacerda e prometeram denunciar ao MP um assédio moral contra petistas que participavam da administração. Na noite de ontem, o prefeito participou de um evento de campanha na quadra do Vilarinho, na região de Venda Nova.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Em Recife, Raul Jungmann na corrida pelo voto

Paulo Augusto

O “mistério” chegou ao fim: o ex-deputado federal e ex-ministro da Reforma Agrária Raul Jungmann (PPS) anunciou ontem que será candidato a vereador do Recife no pleito deste ano. As aspas que cercam a palavra mistério são necessárias porque apenas o agora postulante à Câmara Municipal insistia em protelar uma decisão que já era dada como certa por praticamente todos que o cercam – e que foi antecipada semana passada pelo JC. Agora, surge o verdadeiro desafio para o pós-comunista: conquistar “votos de opinião” suficientes para chegar à Casa de José Mariano.

Para angariar pelo menos um pequeno percentual dos 207 mil votos que conquistou no Recife em sua campanha para senador, em 2010 – quando terminou em quarto lugar –, Jungmann promete inovar em sua campanha, que já vai começar com um mês de atraso: investir pesado nas redes sociais e criar a chamada “tribuna eletrônica” – a transmissão ao vivo, online, dos discursos que deve realizar sob seu tradicional banquinho.

“Vamos entrar diariamente na campanha de Daniel (Coelho, candidato do PSDB a prefeito). Terei uma campanha feita na rua, mas também utilizando muita rede social, especialmente para a tribuna eletrônica, os minicomícios online que realizaremos”, enfatiza ele.

Jungmann diz que demorou para tomar uma posição porque precisava saber “como seria mais útil” para a campanha no Recife. “Eu vivia um dilema. Estava em dúvida se contribuiria mais na coordenação da campanha ou na tentativa de renovar a Câmara”, disse, citando nomes que não são de sua coligação como importantes para mudar a cara da Câmara Municipal. “Existem candidatos que seriam muito importantes para o debate no Legislativo, como Edilson Silva (PSOL), Jayme Asfora (PMDB), Priscila Krause (DEM).” Por fim, o pós-comunista sabe que não terá vida fácil para ser eleito. “Eu não tenho política de clientelismo, não sou dono de líder comunitário. Será um teste de fogo”.

Guia

Ontem, Daniel Coelho teve uma agenda bem agitada, que começou com gravação para o guia eleitoral, passou por uma apresentação de seu programa de governo no Conselho Regional de Odontologia e terminou com uma caminhada em Sítio dos Pintos (Zona Norte). Nos eventos, críticas ao alto número de comissionados na PCR – uma de suas promessas é reduzi-los em cerca de 50%.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Campanha de Serra vai para a balada

Bruno Boghossian

Um grupo de jovens e modelos vai pedir votos para o candidato José Serra (PSDB) nos arredores de colégios, bares, restaurantes e baladas de São Paulo, durante a campanha pela Prefeitura da capital paulista. O foco da ação é o eleitorado com idade entre 16 e 30 anos. Pesquisas de intenção de voto mostram que, atualmente, o tucano tem melhor desempenho entre os idosos.

A equipe de homens e mulheres começou a distribuir material gráfico da campanha de Serra na sexta-feira. Uniformizados com camisas amarelas estampadas com o número do PSDB na urna eletrônica, os jovens entregaram adesivos para os eleitores em um parque, durante a tarde, e em regiões que concentram bares, à noite.

Os pontos de ação da equipe serão as áreas que concentram grande quantidade de jovens na cidade. Além de bares e restaurantes de regiões como Moema, na zona sul, e Vila Madalena, na oeste, também estão previstos atos em shoppings, ruas comerciais do centro, faculdades e colégios.

"Serretes". A estratégia é inspirada na campanha criada em 2008 pela equipe do então candidato à reeleição, Gilberto Kassab (PSD). Na ocasião, as modelos foram apelidadas de "kassabetes". Agora, integrantes da campanha de Serra brincam que as mulheres da equipe de jovens seriam as "serretes".

O grupo foi orientado a não responder a provocações durante as ações com os eleitores. O objetivo é estimular o debate sobre as propostas apresentadas por Serra.

Segundo a equipe de campanha, os jovens selecionados já são simpáticos à candidatura do tucano. Eles trabalham durante o dia como modelos, funcionários de restaurantes e vendedores de lojas da capital paulista.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Petista define tática para tentar conter desgaste

Catia Seabra

BRASÍLIA - O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, tem traçada a estratégia para minimizar desgastes à campanha durante o julgamento do mensalão: apresentar-se como um dos escalados, ao lado da hoje presidente Dilma Rousseff, a resgatar o governo Lula após explosão do escândalo, em junho de 2005.

Questionado sobre o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), Haddad vai associar sua imagem à entrada da presidente Dilma Rousseff na chefia da Casa Civil, em substituição ao então ministro José Dirceu.

Haddad disse a aliados que lembrará o fato de ter assumido o Ministério da Educação um mês após Dilma ir para a Casa Civil.

Sua orientação é firmar sua identidade com a ascensão de Dilma e a retomada da popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva no período pós-mensalão.

O candidato, porém, evitará manifestações sobre o processo no Supremo.

Receio

No comitê, o medo é que o julgamento monopolize o noticiário político num momento em que o candidato precisa de visibilidade para alcançar 15% das intenções de voto antes do início da propaganda eleitoral na TV.

Haddad contará com a presença do ex-presidente Lula na campanha logo após liberação dos médicos, prevista para o dia 6. A expectativa é que o ex-presidente participe de ao menos três atividades em agosto.

Ontem, durante sessão de fotos com candidatos a prefeito, o ex-presidente consultou assessores sobre a oportunidade de conceder uma entrevista, mas foi aconselhado a preservar a laringe.

Além da participação de Lula, Haddad deverá anunciar seu programa de governo no dia 13, já com o julgamento no STF em curso.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Dilma suspende conversa com sindicalistas

Dilma suspende as negociações

Presidente avisa às lideranças que propostas agendadas para hoje só devem ser feitas depois do dia 13. Grevistas prometem resistência

Ana Carolina Dinardo

No primeiro dia de despachos após a viagem a Londres, para a abertura da Olimpíada 2012, a presidente Dilma Rousseff, mais uma vez, endureceu com os servidores públicos federais que estão em greve. Ela mandou que os responsáveis por receber as lideranças do movimento suspendessem todas as negociações até a segunda quinzena de agosto. O Palácio do Planalto tinha hoje como data-limite para apresentar uma resposta às reivindicações levadas ao Ministério do Planejamento durante os mais de 40 dias de paralisação. Em comunicado enviado aos sindicatos, prorrogou a divulgação de propostas para o período entre 13 e 17 de agosto.

No ofício do Planejamento, no entanto, não há qualquer justificativa para a decisão. Procurada pelo Correio, a assessoria de imprensa da Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do órgão explicou que não haverá, por ora, reuniões para que as autoridades tenham condições de trabalhar, já que, ultimamente, toda a jornada de trabalho delas estava sendo tomada pelas negociações.

A determinação da presidente causou indignação entre os grevistas. Os líderes sindicais anunciaram que vão reforçar as manifestações ao longo das próximas semanas. "Foi o próprio governo que estipulou essa data e, agora, está descumprindo com o prometido. Isso nos leva a pensar que o Palácio do Planalto acha interessante que a greve continue no serviço público ou está fazendo de conta que a paralisação não existe", reclamou o presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo.

A entidade, que representa 80% dos trabalhadores do Executivo, diz que o Dia Nacional de Lutas, marcado para hoje, com manifestações em todo o país, será intensificado com a revolta dos servidores devido ao novo prazo marcado pelo governo. A prorrogação aumentou o ceticismo entre os servidores. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), Pedro Delarue, não espera grandes novidades no dia 13, e tacha o adiamento estipulado pela Presidência de previsível. "Nós já havíamos adiantado isso: o governo tem apresentado essa forma pouco honesta de negociar desde o ano passado", afirmou.

Para Delarue, a proposta não sairá em duas semanas, e o prazo será protelado novamente até o fim do mês. Ele acredita que, em 31 de agosto, o governo não vai acatar nenhuma das reivindicações (veja arte) da categoria ou, no máximo, vai aceitar a reposição da inflação de 2012 em 2013. Caso o Executivo opte por essa alternativa, diz Delarue, a paralisação será mantida, mesmo após o fim do prazo para encaixe no orçamento. "Nossa greve não tem data para acabar. O governo que mude a lei", protestou.

Plafletagem

Servidores públicos federais de 13 órgãos, em greve há 43 dias, fizeram na tarde de ontem uma panfletagem na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, em prol da campanha salarial de 2012. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o objetivo do ato foi conscientizar a população em relação aos motivos que levaram as categorias a interromper as atividades. E as lideranças prometeram que devem permanecer de braços cruzados até 31 de agosto, prazo-limite para o Ministério do Planejamento fechar o orçamento para 2013.

Se até lá o Executivo não apresentar nenhuma proposta aos trabalhadores, os sindicatos terão que decidir se retornam ou não ao trabalho. "Após essa data, não terá mais nada a fazer para 2013. Cabe aos sindicatos decidirem se vamos voltar ao trabalho ou continuar em greve e iniciar a campanha salarial para (o orçamento de) 2014", ironizou o diretor da Condsef Carlos Henrique Ferreira.

Porém os sindicalistas se mostraram otimistas e afirmaram que a distribuição do material informativo garantiu a transparência do serviço público diante da sociedade. "O evento de hoje (ontem) foi importante para que possamos esclarecer as dúvidas das pessoas em relação ao movimento e explicar que a culpa de estarmos protestando é do governo", ressaltou Ferreira.

Ato de repúdio

Em Brasília, os servidores devem se reunir às 9h de hoje, na Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral. De acordo com a Condsef, não há um roteiro definido, mas os manifestantes devem manter a caminhada usual, até o bloco C, que abriga o Ministério do Planejamento. A caminhada deve prejudicar o trânsito no local. A última marcha organizada pelos servidores públicos federais, em 17 de julho, chegou a reunir cerca de 10 mil manifestantes. O trânsito nas seis faixas do Eixo Monumental teve de ser interrompido.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Ministro diz que GM pode acabar demitindo trabalhadores

Para Brizola Neto, mais importante é saldo entre contratações e demissões

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O ministro do Trabalho, Brizola Neto, admitiu ontem que a General Motors (GM) em São José dos Campos pode acabar demitindo trabalhadores. Cuidadoso, ele minimizou o problema dizendo que o mais importante é o "saldo positivo" entre contratações e cortes na montadora e no setor. A GM tem afirmado que já abriu vagas em outras unidades do país. As declarações do ministro foram feitas três dias após a presidente Dilma Rousseff ameaçoar retirar o desconto do IPI dos automóveis, caso as empresas não mantivessem o emprego no setor.

- Estamos acompanhando atentamente a questão. Por enquanto, o número de admissões é maior que o de demissões - afirmou o ministro.

Segundo o sindicato local, caso seja confirmada a dispensa de 1.500 funcionários da fábrica, outros 4 mil serão demitidos na cadeia. A GM apresenta hoje ao Ministério da Fazenda o quadro geral de empregos e demissões. A renovação da redução do IPI para automóveis, que vence em 31 de agosto, pode estar condicionada a uma solução para o impasse.

Na avaliação do governo, a empresa está descumprindo o compromisso firmado pelo setor automotivo de manter empregos no país em troca dos benefícios O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, Manoel Messias, afirmou que a GM assumiu o compromisso de não demitir antes de finalizar a negociação com o governo.

FONTE: O GLOBO

Setor automotivo fecha 5,3 mil vagas

A indústria automotiva, que reúne montadoras, fabricantes de peças e componentes eletrônicos, fechou 5,3 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre

Montadoras contratam no 1º semestre, mas cadeia automotiva fecha 5.300 vagas

Representantes da entidade que congrega o setor reúnem-se hoje no Ministério da Fazenda para discutir demissões, como as previstas na GM

Célia Froufe

BRASÍLIA - A indústria automotiva fechou 5,3 mil postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre de 2012. O número se refere aos diversos segmentos que compõem a cadeia, como montadoras, fabricantes de peças e componentes eletrônicos. O grande vilão foi o setor de autopeças, responsável pelo enxugamento de 7,8 mil vagas. Esse desempenho negativo foi parcialmente compensado pela maior contratação nas unidades de fabricação de veículos e utilitários.

Mesmo levando em consideração os empregos abertos no comércio e em serviços relacionados, a capacidade de geração de empregos ainda foi 70% menor que no mesmo período de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram 19,3 mil vagas este ano, ante 64,3 mil em 2011.

Esse raio X do mercado nos primeiros seis meses do ano revela bem a fase pela qual passa o setor. Ajudadas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), crédito via compulsório e outros benefícios do programa Brasil Maior, todos de maio, as montadoras ainda conseguem apresentar números positivos. O mesmo não ocorre com o mercado de autopeças, já que vêm sendo substituídas por itens estrangeiros.

Representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) vão tratar desse assunto nesta terça-feira, 31, em reunião no Ministério da Fazenda. Utilizarão os números para mostrar que não estão cortando empregos, o que estaria na contramão do compromisso assumido com o governo quando o IPI foi reduzido.

O encontro foi convocado por causa da intenção da General Motors de demitir 1,5 mil funcionários de sua fábrica em São José dos Campos (SP), anunciada na semana passada. Em reação, a presidente Dilma Rousseff, que estava em Londres, ameaçou suspender o corte do IPI, o que atingiria todas as montadoras. O governo pretende reafirmar sua preocupação com o emprego, mas tudo indica que o tom da conversa não será de cobrança. O encontro servirá para uma avaliação sobre os efeitos do IPI menor sobre o setor.

Na segunda-feira, 30, o ministro do Trabalho, Brizola Neto, tratou de pôr panos quentes na situação. Ele disse que as demissões da GM são uma "decisão empresarial" e que a montadora tem sido sensível aos apelos do governo para diluir os desligamentos. Além disso, ressaltou, o saldo de empregos nas montadoras ainda é positivo. Fez essas declarações após participar de evento promovido pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, em São Paulo.

Na pauta da reunião desta terça-feira, está também a continuação das negociações para regulamentação do regime automotivo, que vale de 2013 a 2017. O governo ofereceu desoneração ao setor, mas em troca quer mais investimentos em inovação e tecnologia, além de ampliação de uso de componentes nacionais nos veículos e eficiência energética.

O risco de demissões na GM veio bem no momento em que o segmento volta a mostrar recuperação de mercado, inclusive o de trabalho. Apenas em junho, foram criadas 6,5 mil vagas formais em todo o setor. Na fabricação de veículos, foram abertas 3,6 mil vagas, das quais 2,4 mil só no mês passado.

Por outro lado, a indústria de caminhões fechou 2,7 mil vagas. "A situação do segmento de caminhões preocupa. Ninguém gosta de demitir e, para nós, a situação da GM é uma coisa pontual", disse o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti.

Colaboraram Lu Aiko Otta e Bianca Ribeiro

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO