domingo, 13 de janeiro de 2013

Dilemas de cada um - Tereza Cruvinel

Faltam 20 meses para a próxima eleição presidencial, a disputa está precocemente aberta mas, neste início de 2012, todos os atores e blocos políticos têm mesmo grandes dilemas para resolver. Esses dilemas pautarão os movimentos políticos a que vamos assistir.

Começando pela presidente Dilma — candidata natural à reeleição —, seu dilema maior é recolocar o país na trilha do crescimento, assegurando o apoio do eleitorado lulista que a elegeu e convencendo o empresariado de que o modelo petista de desenvolvimento não se esgotou, tendo sofrido apenas o impacto moderado da crise externa. Ela quer resultados já no primeiro trimestre. Disso tratará nas reuniões ministeriais setoriais que fará esta semana. Esse foi o sentido dos encontros que teve, na quinta e na sexta-feira, com pesos-pesados do empresariado nacional. A pauta oficial foi o incremento dos investimentos, mas Dilma está atenta, também, à insatisfação política que o faz buscar um candidato anti-Dilma, ora em Aécio Neves, ora em Eduardo Campos. Os efeitos da contração do PIB não parecem ter abalado a clientela eleitoral de Dilma, vide a alta popularidade com que ela chegou ao fim de 2012. O PIB foi anêmico, mas o ano fechou com emprego quase pleno, salários em alta e gastos sociais preservados.

Mas surgem sinais de que esse público também começou a ser castigado. A inflação de 2012 foi de 5,7%. Ao mercado, preocupou por ter escapado do centro da meta, 4,5%, embora ficando abaixo do teto de 6%. Já para as famílias que ganham até 2,5 salários mínimos, ela foi de 6,9% segundo a FGV. Os preços dos produtos que elas mais compram, como alimentos, foram os que mais subiram. Afora isso, na política partidária, Dilma precisa manter unida sua grande coalizão, administrando o PMDB e evitando que o governador Eduardo Campos se lance candidato pelo PSB.

Dilema é a palavra exata para definir a situação de Campos, que, embora já tenha declarado que apoiará Dilma, sofre pressões enormes para se lançar vindas de seu partido e de segmentos empresariais.

Nem tudo está resolvido, também, para o provável candidato do PSDB, senador Aécio Neves. Reagindo ao pré-lançamento de sua candidatura, seu êmulo interno, José Serra, ensaiou a criação de um partido (que já desmentiu) e, até, a saída do PSDB. Para uma oposição que enfrenta o êxito do lulo-petismo há 12 anos no plano federal e não tem, ainda, um proposta alternativa e consistente para o país, nada pior que um racha nas fileiras tucanas. Para completar, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou na semana passada que é muito cedo para lançar candidaturas, embora saiba que Aécio precisa do partido unido em torno de seu nome para começar a se movimentar. Alckmin, em principio, disputará a reeleição, mas não quer, ainda, excluir-se da disputa presidencial.

Por fim, ressurge Marina Silva, articulando, também, a criação de um partido. Mas, por mais inovador e virtuoso que este seja, ela e seus seguidores terão que correr muito contra o tempo. As eleições de 2014 ocorrerão em 5 de outubro. Um ano antes, os candidatos a qualquer cargo terão que estar filiados a um partido.

Disputa na OAB nacional

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já foi um baluarte da sociedade civil. Esteve nas trincheiras da luta contra a ditadura e assinou, com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o pedido de impeachment do então presidente Fernando Collor. Depois, soprou um vento corporativista e a entidade tomou rota menos politizada. Há 15 anos, seu Conselho Nacional é escolhido em chapa única, produzida por acordos internos. Com a disputa entre duas chapas, na eleição do próximo dia 31, abre-se outro ciclo. Elas são encabeçadas por integrantes da atual diretoria, mas têm diferenças programáticas. Em comum, a busca do prestígio perdido. O atual vice-presidente do Conselho, Alberto de Paula Machado, encabeça a chapa OAB Ética e Democrática. Marcus Vinicius Furtado Coêlho, secretário-geral, lidera a OAB Independente, Advogado Valorizado.

Os eleitores serão os 81 conselheiros federais (três de cada unidade da Federação). As diretorias regionais é que são eleitas pelo voto direto dos advogados. Neste momento, os dois candidatos cruzam o pais cortejando os eleitores. Amanhã, Paula Machado divulga sua plataforma de campanha, pregando o compromisso da OAB com o aprimoramento da democracia brasileira. “O clamor popular pela efetividade da Justiça deve ser enfrentado com a discussão dos reais problemas do Judiciário, e não pelo sacrifício do direito de recorrer ou da presunção da inocência”, prega.

Campanha

Com o Congresso entregue às moscas do recesso, os candidatos a presidente da Câmara correm atrás dos colegas nos estados. Rose de Freitas tenta comer pelas beiradas o mingau peemedebista. Júlio Delgado, do PSB, promete impor e exigir respeito ao Legislativo. Henrique Eduardo Alves, do PMDB, defende a observância da proporcionalidade na qual se assenta sua candidatura. A regra respeita a maioria, mas garante a representação da minoria, tem dito. Um de seus temores é o refluxo do PSDB para a candidatura de Delgado, mirando um aliança futura. Na quarta-feira, em Belo Horizonte, ele se reunirá com o governador Antonio Anastasia e com a bancada tucana. O deputado Marcus Pestana diz que o apoio será mantido desde que ele se comprometa com três pontos: a votação do substitutivo de Aécio Neves ao projeto do senador José Sarney sobre medidas provisórias; o rodízio entre governo e oposição na distribuição de relatorias; e a votação dos vetos no prazo regimental.

Agenda

Para aumentar os comichões do PMDB, Dilma volta a se reunir com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ele está na agenda de amanhã.

Fonte: Correio Braziliense

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