Os disparos contra o candidato do PMDB a presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, trouxeram a incerteza para uma disputa que até aqui seguia amena. Embora chamuscado, ele tem, ainda, as melhores condições para vencê-la, mas precisa responder às denúncias, pelo menos em consideração ao conforto político de seus potenciais eleitores. E, depois de ter subestimado o problema que deu origem a tudo, terá que administrá-lo corretamente: a disputa na bancada pelo seu cargo de líder, que colocou em lados opostos atores que manejam bem a artilharia pesada na política. Mais chumbo é esperado para hoje.
Em momento recente, Henrique Alves recebeu o aviso, registrado por esta coluna, de que a presidente Dilma Rousseff não aceitaria o deputado Eduardo Cunha como líder da bancada. Além de não gostar de seu estilo trator de esteira, ela e Lula não o perdoam por ter sabotado, como relator, a tramitação da emenda que prorrogava a CPMF, contribuindo decisivamente para sua derrota. Henrique, que sempre teve Cunha como aliado, lavou as mãos, dizendo que não apoiaria nem um nem outro dos candidatos. Mas, na prática, isso passou a significar apoio ao postulante goiano, Sandro Mabel. Osmar Terra continuou correndo por fora. Cunha buscou o apoio do ex-deputado e hoje diretor da Caixa Econômica Federal Geddel Vieira Lima.
Diz um chiste entre os políticos baianos que é Geddel, e não o novo prefeito de Salvador, ACM Neto, do DEM, quem melhor encarna o estilo do falecido ACM em sua versão “Toninho Malvadeza”, anterior ao “Toninho Ternura”, como ele se definiu ao romper com o regime militar e apoiar a eleição de Tancredo Neves, em 1985. Geddel, como o antigo adversário, bate pesado. Embora ele negue, dentro e fora do PMDB, sua participação na difusão de denúncias contra Henrique Alves é dada como certa.
Mas por que teria ele entrado na briga, ajudando Cunha na tentativa de detonação a candidatura de Henrique Alves a presidente da Câmara? Um dos melhores conhecedores do psiquismo interno do PMDB garantia ontem: Geddel, que sempre foi um queridinho do vice-presidente Michel Temer, enciumou-se com o apoio do vice à candidatura de Henrique Alves. Embora, como diz este peemedebista, deva a Michel o cargo que tem na CEF, não tendo mandato e sendo oposição ao governador Jaques Wagner (PT) na Bahia. As emendas de Alves para obras municipais que foram executadas por empreiteira de um colaborador passam pelo ministério que ele ocupou no governo Lula. O importante, nessa denúncia, é saber se o empreiteiro ganhou as obras, de valores pouco expressivos, em licitação correta e sem vícios.
Ontem Alves estava no Rio e deve ter tido contato, direto ou indireto, com outra turma do armamento pesado. É composto pelo governador Sérgio Cabral, o vice-governador Pezão e o prefeito Eduardo Paes. Deles teria partido um aviso: ou ele faz Eduardo Cunha líder ou levará mais tiros.
Se eles vieram, resta saber se Henrique resistirá.
Os concorrentes Júlio Delgado (PSB) e Rose de Freitas (PMDB) naturalmente estão salivando ante a possibilidade de ver o principal adversário abatido na decolagem. Se isso acontecer, tudo pode ocorrer. Setores do PT já se assanhavam ontem pregando o rompimento do acordo de revezamento e o lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia.
Tucanos no galho
Júlio Delgado, que é de Minas, saiu satisfeito do encontro que teve ontem com o governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB) e a bancada federal do estado. Anastasia prometeu até fazer um telefonema de apresentação a seu colega paraense, Simão Jatene, que esta semana recebe Delgado. Mas amanhã, recebe o peemedebista Henrique Alves. O deputado Marcus Pestana resume a objetividade tucana no caso. “Temos muita simpatia pelo Delgado, mas o que nos favorece é a observância da regra da proporcionalidade, não a luta campal. A regra nos garantirá, por direito, a primeira-secretaria.”
O cargo é cobiçado pelo PSD, que tem o tamanho, mas não a antiguidade do PDSB. O atual presidente, Marco Maia, baterá o martelo, mas isso também ainda pode parar no STF.
Missão
A primeira parte do despacho de ontem entre Dilma e seu vice, Michel Temer, foi diplomática. Ele relatou suas viagens internacionais e acertaram a atuação dele no esforço para derrubar o embargo russo à carne brasileira. O premiê Dmitri Medvedev está chegando. No fim, tangenciaram o formigueiro político no PMDB.
Destino de Lobão
O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, tem conversado com seus pares do PMDB sobre a possibilidade de deixar o cargo quando a presidente Dilma deflagrar sua mini-reforma ministerial. Estaria precisando começar a preparar o terreno para a candidatura a governador do Maranhão. Para Dilma, seria mamão com açúcar. Ela poderia colocar um técnico de seus sonhos na pasta que foi dela para enfrentar a questão energética e compensar o PMDB com outro ministério.
Fonte: Correio Braziliense
Sérgio cabral e Eduardo paes estão apoiando Cunha por que é realemnte o melhor candidato ao cargo. De onde vem tanta história inventada?
ResponderExcluir