quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MST culpa governo por desmobilização

Movimento atribui redução das invasões à frustração dos sem-terra com ritmo lento da reforma agrária

Evandro Éboli

BRASÍLIA - Organização que mais invadiu propriedades rurais até hoje, o Movimento dos Sem Terra (MST) diz que as invasões desaceleraram nos dez anos de governos do PT por causa da lentidão do governo federal na criação de novos assentamentos de reforma agrária. Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, o processo está tão vagaroso que as famílias dos sem-terra perderam a disposição de obter imóveis rurais com esse tipo de ação.

- A lentidão do governo para criar assentamentos é tão grande que as famílias de trabalhadores rurais perderam a perspectiva de conquistar a terra com ocupações. Muitas buscaram outras formas de sobreviver, porque é difícil esperar quatro ou cinco anos para ser assentado - disse Conceição.

Ele garantiu, porém, que ainda há nos acampamentos do MST 90 mil famílias.

- Esses trabalhadores rurais pobres querem ser assentados. Se o governo criar quatro assentamentos grandes em cada estado, aumentará novamente o número de ocupações, porque os trabalhadores pobres do campo voltarão aos acampamentos com a esperança renovada de conquistar a terra.

Como revelou ontem O GLOBO, em 2012 foram promovidas 176 invasões de terra, o segundo menor número nos dez anos de PT na Presidência da República. Para o coordenador do MST, o governo Dilma não fortalece os assentamentos existentes e favorece os grandes fazendeiros e proprietários de terra.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) também atribui a redução das invasões à falta de empenho do governo na sua política de reforma agrária.

- A baixa perspectiva de assentamentos provoca esse desestímulo. O governo criou 885 assentamentos em 2005. Em 2011, esse número caiu para 109. Foi o menor índice dos últimos 15 anos. É inconcebível. Os movimentos do campo organizam uma grande mobilização em 2013 para chamar atenção para o descaso com a reforma agrária. Não vamos deixar barato para esse governo - disse Willian Clementino, diretor de Política Agrária da Contag.

Fonte: O Globo

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