quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Porto Alegre: Divergências na esquerda esvaziam o Fórum Social

Organizadores tradicionais do evento discordam de influência da prefeitura e de central sindical.

Disputa política racha Fórum Social

Nos bastidores, entidades tradicionais estão descontentes com a influência da prefeitura e da Força Sindical na programação

Juliana Bublitz

A nove dias da abertura, o Fórum Social Temático de Porto Alegre vive uma crise nos bastidores, marcada por uma divisão sindical e partidária. Descontentes com a perda de espaço na organização, entidades como CUT, Marcha Mundial das Mulheres e Associação Brasileira de ONGs (Abong) decidiram abandonar o evento, previsto ocorrer na última semana do mês.

Os dissidentes não aceitam que grupos ligados à maçonaria e a setores empresariais participem das discussões. Além disso, questionam a influência da Força Sindical e a apropriação do Fórum pela administração municipal. Em novembro, o prefeito José Fortunati (PDT) sancionou uma lei transformando a iniciativa em data fixa no calendário da cidade.

– Quando sentamos para conversar, percebemos que o evento já estava completamente descaracterizado, então optamos por sair. Essa institucionalização não tem nada a ver. O Fórum não é uma articulação de governo – afirma Mauri Cruz, dirigente nacional da Abong.

Historicamente vinculada ao Fórum e ao PT, a CUT seguiu o mesmo caminho ao se dar conta de que perdia terreno para a Força Sindical. A Força, presidida no RS pelo vereador Cláudio Janta, do mesmo partido de Fortunati, era minoritária e agora é uma das líderes.

– Estranhamos a atitude da CUT. Eles fizeram parte de todas as reuniões e concordaram com tudo. Agora, aos 45 minutos do segundo tempo, resolvem tirar o time de campo. Não dá para entender – diz Janta.

No Paço, a ruptura é atribuída a diferenças partidárias.

– Se a prefeitura estivesse na mão do PT, duvido que haveria tantas críticas. Estaria tudo em paz – avalia um integrante da gestão Fortunati.

O secretário de Governança Local, Cézar Busatto (PMDB), ressalta que a Semana do Fórum Social Mundial foi instituída "com apoio dos movimentos sociais". Segundo ele, não se trata de "apropriação", mas de garantir "que não faltem recursos orçamentários para o encontro". Na terça-feira, a prefeitura assegurou a presença do Conselho do Orçamento Participativo (OP) no evento.

– Entendemos que o Fórum é uma marca de Porto Alegre. Esperamos que essas divergências sejam resolvidas – resume Busatto.

O evento

FÓRUM TEMÁTICO - Até agora, o Fórum Social Temático ocorria apenas em anos pares, quando não há Fórum Social Mundial. A ideia original era de que fosse uma preparação para o grande evento e que ocorresse de forma descentralizada, em diferentes locais ao mesmo tempo. O Fórum Social Mundial 2013 será na Tunísia, entre 26 e 30 de março.

EM PORTO ALEGRE - O Fórum Temático vai ocorrer de 26 a 31 de janeiro, em diferentes pontos da Capital, com o tema democracia, cidades e desenvolvimento sustentável. A programação ainda está em elaboração, mas um dos destaques será o Programa Cidades Sustentáveis, com atividades previstas para os dias 29 e 30.

Fonte: Zero Hora (RS)

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