sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Como o governo ressuscitou a inflação – Roberto Freire

Dez anos de governos do PT em nível federal, sendo os dois últimos sob o comando da presidente Dilma Rousseff, foram suficientes para que uma das maiores conquistas recentes da sociedade brasileira fosse colocada em risco.

O controle da inflação, bandeira erguida durante o governo Itamar Franco, permitiu que a população aumentasse seu poder de compra e planejasse minimamente o próprio orçamento sem se deparar com surpresas desagradáveis. Quase 20 anos após o Plano Real, que derrotou a inflação no Brasil, o país volta a sofrer com a alta nos preços e um cenário de absoluta incerteza.

De acordo com números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação subiu de 0,79% em dezembro para 0,86% em janeiro, atingindo 6,15% no índice acumulado dos últimos 12 meses.

A meta de inflação estipulada pelas autoridades brasileiras é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais. O índice atual já está, portanto, beirando o teto da meta, de 6,5%.

Trata-se da maior alta de preços em oito anos, desde abril de 2005, e da sexta maior inflação de toda a América Latina, inferior apenas às taxas ostentadas por Venezuela, Argentina, Haiti, Uruguai e Nicarágua. Para se ter uma ideia da grave situação em que se encontra o Brasil, em 2006 o indicador do país era o 15º entre 18 nações latino-americanas.

Seis anos depois, o México, segunda maior economia da região e concorrente brasileiro na busca por investimentos externos, tem uma inflação de 3,6%. O Chile, de apenas 1,5%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, exímio na arte de dourar a pílula, insiste em negar o óbvio, mas o bolso do trabalhador já sente há tempos o efeito perverso da incompetência da equipe econômica do governo do PT.

O preço dos alimentos, por exemplo, subiu 9,86% em 2012 e 1,63% em janeiro deste ano. Os números também mostram que a alta é difusa, o que deixa a inflação mais espalhada. Em janeiro, essa elevação atingiu 75,1% dos itens da cesta do custo de vida, o maior avanço desde maio de 2003.

Outro exemplo trágico da inabilidade da atual administração, que mais atrapalha do que ajuda quando resolve se mexer, é o controle de preços praticado sobre os combustíveis.

No ano passado, simplesmente ignorando a diferença entre os preços do Brasil e do exterior, o governo não autorizou nenhum reajuste para evitar uma pressão inflacionária. A emenda saiu pior que o soneto, e o resultado foi a assustadora queda no lucro líquido da Petrobras, 36% menor em 2012 do que em 2011, alcançando o índice mais baixo desde 2004.

Como se vê, várias decisões equivocadas do governo agravaram uma situação que já era delicada. Para infortúnio de milhões de brasileiros, o que se tem hoje no país é quase uma proeza da administração petista: os preços estão nas alturas, por um lado, e a economia segue empacada, por outro, com pouco investimento e baixa atividade industrial.

A "estagflação", termo utilizado por economistas para caracterizar um quadro de inflação em alta combinada com estagnação econômica, é a grande marca do governo Dilma. E o retrato mais bem acabado de sua inépcia administrativa.

Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário