segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Egressos de PT, PV e PSOL formam linha de frente de partido de Marina

Cristian Klein

SÃO PAULO - Em processo de construção, o partido da presidenciável e ex-ministra Marina Silva está ganhando forma país afora. A maioria dos coordenadores nos Estados já está definida. O perfil é essencialmente de egressos do PT e do PV, com mais um tanto de dissidentes do PSOL, como a ex-senadora e hoje vereadora de Maceió, Heloisa Helena, e, em menor proporção, de outras siglas como PDT e PPS. Até agora, não há indícios de que a legenda de Marina fará um estrago como o que o PSD do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, causou ao DEM. Há oriundos do Movimento por uma Nova Política (criado após a saída de Marina do PV em 2011) - e sem filiação partidária prévia - e sobretudo políticos sem mandato.

É o caso do ex-deputado federal pelo PV José Fernando Aparecido de Oliveira, que deixou de concorrer à reeleição à Câmara, em 2010, e criou palanque para a campanha presidencial de Marina em Minas Gerais ao disputar o governo do Estado. O político, filiado ao PPS, é filho do ex-ministro, embaixador e governador do Distrito Federal, José Aparecido de Oliveira (1929-2007).

No Paraná, a articulação do partido está a cargo da ex-deputada federal pelo PT Drª Clair, que também passou pelo PV. No Amazonas, quem encabeça a legenda é Marcus Barros, ex-presidente do Ibama durante a gestão de Marina no Ministério do Meio Ambiente.

Entre os que detêm funções públicas se destacam o diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), João Guerino Balestrassi, e o secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, Sérgio Xavier, que também foi candidato a governador em 2010. Neste Estado, há outro petista de origem entre os coordenadores: o ex-deputado estadual Roberto Leandro, que ainda consta como integrante da Executiva do PV pernambucano.

Em Goiás, Marina Silva desfalca o PSOL. Ali, o articulador é o presidente do diretório estadual, Martiniano Cavalcante, também membro da Executiva nacional da sigla. Em outubro, Cavalcante foi afastado pelo PSOL por ter tomado dinheiro emprestado do bicheiro Carlos Cachoeira, investigado em CPI no Congresso. Em dezembro, no entanto, a direção do PSOL reintegrou o dirigente às suas funções partidárias e justificou ter feito um "pré-julgamento do filiado" que causou "óbvios prejuízos à sua trajetória política de destacado dirigente da esquerda brasileira".

No Piauí, o partido de Marina nasce das costelas de um PT dilacerado, que viu a debandada de 312 militantes depois das eleições municipais. O grupo é encabeçado por um dos fundadores do PT no Estado, o ex-vereador Luter Gonçalves.

A liderança no Rio de Janeiro vem do movimento ambientalista: é Carlos Henrique Painel, que foi um dos coordenadores da Cúpula dos Povos, durante a Rio+20, no ano passado, e pertence ao Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (Fboms).

Em São Paulo, o ex-presidente do Ibama Bazileu Margarido, e um dos colaboradores mais próximos de Marina, representa um grupo com várias lideranças, entre os quais o deputado federal Walter Feldman, que deve se transferir do PSDB para a nova sigla; o ex-deputado federal Luciano Zica, com passagem pelo PT e PV, e o vereador da capital Ricardo Young (PPS).

A tendência à oligarquização, como mostra a história dos partidos, não só os brasileiros, é quase inevitável. Mas um dos objetivos dos marineiros é construir uma estrutura menos hierarquizada. "O PV sueco, por exemplo, não tem presidente, mas dois porta-vozes, um homem e uma mulher", afirma Pedro Ivo Batista, assessor político de Marina e responsável pela articulação nacional do partido.

O grupo está em processo acelerado de mobilização nos Estados. Reuniões prévias estão sendo feitas para a plenária que ocorrerá no dia 16, em Brasília, onde se definirá oficialmente pela criação da sigla.

No Maranhão, por exemplo, o encontro foi no dia 25. Ali, o comando do processo está com o deputado federal Domingos Dutra, que, conforme antecipou o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, anunciou que sairá do PT, em razão da aliança da legenda no Estado com a família Sarney.

Outra dissidente do PT e depois do PV, como Marina, está na linha de frente da organização na Bahia: é Rose Bassuma, mulher do ex-deputado federal Luiz Carlos Bassuma, que montou palanque do PV em 2010 e concorreu a governador. Também um dos líderes baianos é o secretário de formação do diretório estadual e integrante do diretório nacional do PSOL Ícaro Argolo.

No Ceará, o apoio de Marina Silva ao candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza, Heitor Férrer, no ano passado, lhe rendeu algumas adesões como a do dentista e professor Galba Gomes - pedetista histórico - e de Paulo Lima, o Polô, que hoje está na sigla, mas concorreu ao Senado em 2010 pelo PV e foi filiado ao PT.

Fonte: Valor Econômico

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