quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Para Campos, PSB se diferenciou dos partidos

Governador festeja excelente votação de Júlio Delgado

Maria Lima

BRASÍLIA - O PSB perdeu ganhando. Com essa avaliação, o presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não para de comemorar o desempenho surpreendente do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que, por apenas 22 votos deixou de levar a disputa pela presidência da Câmara ao segundo turno. Ele obteve 165 votos, quando a previsão inicial de sua campanha era de que teria cerca de 70. Nas contas do PSB, Delgado só não terminou com 175 porque o "PSDB amarelou" e decidiu não ajudar numa vitória que viesse a fortalecer o projeto socialista em 2014 contra o tucano Aécio Neves (PSDB-MG). E também porque Campos não foi ostensivo na campanha.

Com participação subterrânea desde o início - entre outros motivos, por desconhecer os efeitos de uma primeira derrota depois de duas grandes vitórias, na eleição municipal e na eleição da mãe, Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da União (TCU) -, Eduardo Campos colhe agora os louros do resultado, marcando posição sobre o que chama de "velho PMDB", sobre o PT da presidente Dilma Rousseff e principalmente, contra o PSDB, que teve atuação muito criticada tanto na eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL), no Senado, quanto na de Henrique Alves (PMDB-RN), na Câmara.

- O PSB marcou posição e ganhou um novo discurso contra o PMDB, o PT e o PSDB. A presença do PMDB no imaginário popular, da dupla Renan e Sarney, e agora o Henrique, é o do envelhecimento da forma de fazer política. O projeto de poder do PSDB se resumiu a uma primeira secretaria na Mesa. E o discurso do PT, da transferência de renda já incorporada, também já está vencido - avaliou Eduardo Campos na noite desta segunda-feira, em conversas com aliados e auxiliares.

Aécio não controlou tucanos

Logo após o resultado, segundo aliados, Campos ligou para Júlio Delgado e disse:

- Saia daí sorrindo!

O desempenho do PSB na eleição da Câmara é apenas mais um ingrediente no grande caldeirão da disputa presidencial de 2014, que comporta todo tipo de especulação. Neste momento, no PSB e até em setores do PT, a avaliação é que Eduardo Campos saiu fortalecido.

- Independentemente da minha vitória, o resultado fortalece qualquer projeto de Eduardo Campos para 2014. O Aécio teve problemas quando quis marcar posição no Senado, mas seu partido não o seguiu. O PSDB preferiu buscar uma primeira secretaria, o que é muito pouco para quem quer dirigir o país - disse ontem Júlio Delgado.

Aécio fez o discurso público de ataque a Renan Calheiros, mas não controlou sua bancada e na Câmara o PSDB apoiou oficialmente Henrique Alves.

- Quando eu terminei meu discurso, o Sérgio Guerra (presidente do PSDB) me cumprimentou e disse: me orgulho de você, quem tinha que fazer esse discurso era o PSDB - contou Delgado.

- Por que o PSDB iria colocar azeitona na empada de Eduardo Campos? - comentava com amigos ontem o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Fonte: O Globo

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