sábado, 16 de fevereiro de 2013

Rede de Marina vira barganha de 'infeliz' com próprio partido

Parlamentares confirmam presença em evento de lançamento de nova sigla de olho em disputas internas por mais espaço político

Isadora Peron

Parlamentares vão usar o encontro de criação do novo partido da ex-senadora e presidenciável Marina Silva, hoje em Brasília, para mandar um recado às próprias legendas e barganhar espaço político.

É o caso do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Apesar de ter passado a semana repetindo que não quer deixar o PT, ele confirmou presença no evento de hoje. Suplicy teria tomado essa decisão após os rumores de que a sigla pretende lançar outro nome ao Senado em São Paulo no ano que vem.

O senador disse que conversou nesta semana com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente do PT, Rui Falcão. Este, segundo Suplicy, garantiu que o seu nome não está fora da disputa. "Não acredito que o PT vai me fechar as portas", afirmou.

Com o PDT rachado entre os grupos do atual ministro do Trabalho, Brizola Neto, e o presidente, da sigla, Carlos Lupi, dois integrantes do partido também se aproximaram dá nova legenda capitaneada por Marina: o senador Cristovam Buarque (DF) e o deputado José Antônio Reguffe (DF). Mas ambos afirmam que, por enquanto, vão continuar onde estão, na seara pedetista.

"Eu vou participar do evento só para ajudar a Marina, porque eu acho que ela merece ter a chance de ser candidata à Presidência novamente", disse Reguffe.

Mesmo com uma herança de quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, Marina tem tido dificuldade para atrair nomes de peso. Até agora apenas os deputados federais Walter Feldman (PSDB-SP), Alfredo Sirkis (PV-RJ) e Domingos Dutra (PT-MA) anunciaram que farão parte da nova sigla.

Dutra, no entanto, disse que mudaria de ideia se o PT rompesse a aliança com a família Sarney no Maranhão. "Há 33 anos que eu me dedico de coração ao PT, a decisão de sair vai me custar algumas lágrimas", afirmou.

Sem pressa. O grupo que organiza a formação da legenda minimiza esse fato. Segundo Pedro Ivo, assessor político de Marina, não há pressa para que políticos entrem na sigla. "Os parlamentares que desejarem vir, virão no tempo que eles acharem necessário, E muitos deles não virão, mas irão colaborar com o processo, porque reconhecem o direito de criarmos um partido."

Além dos deputados, a ex-senadora e vereadora de Maceió Heloísa Helena (PSOL-AL) também afirmou que vai migrar para o novo partido. Heloísa passa por um isolamento dentro do PSOL desde que optou não disputar as eleições presidenciais de 2010.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse considerar um "erro" a escolha da correligionário. O senador também foi sondado por Marina, mas afirmou que, neste momento, trabalha para fortalecer o PSOL.

Já o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, diz ver com "naturalidade" o fato de Sirkis optar por mudar de partido. "Nunca tivemos a ilusão de permanecer eternamente como o único partido da causa ecológica", afirmou.

Além de atrair nomes importantes para a legenda, outro desafio da nova sigla será conseguir o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em tempo hábil. Para isso, será preciso recolher cerca de 500 mil assinaturas em ao menos nove Estados até final de setembro. De acordo com a lei, para disputar as eleições de 2014, o partido deve estar registrado até um ano antes da eleição, ou seja, até 4 de outubro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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