quarta-feira, 27 de março de 2013

Briga entre PMDB e PT no Rio ameaça vitrines eleitorais

Paola de Moura

RIO - A disputa entre o PMDB e o PT do Rio de Janeiro sobre a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Estado nas eleições de 2014 vai além do palanque com dois candidatos, da antecipação da campanha ou dos números de pesquisas eleitorais. Desde o início de março, Lindbergh vem percorrendo o interior do Rio gravando imagens e postando em sua página do Twitter e do Facebook problemas como falta de hospitais públicos e de saneamento básico. Mas, em um Estado onde as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades de Polícia Pacificador (UPPs) são, para os pemedebista, sinônimo de sucesso incontestável e exemplo para o país do que aliança com o PT ajuda a desenvolver, o fogo amigo é um tiro no pé. Principalmente para quem desenhou um projeto de governar o Estado até pelo menos 2026, com apoio do governo federal. Os sucessores do governador Sérgio Cabral (PMDB) seriam seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o atual prefeito da capital, Eduardo Paes (PMDB).

No fim de semana, enquanto a revista "Época" publicava um dossiê supostamente produzido pelo PMDB mostrando ações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador, Lindbergh visitava o noroeste fluminense. A pré-campanha, batizada de "Caravana do PT pela Cidadania", esteve em pequenos municípios da região, como Bom Jesus de Itabapoana e Santo Antônio de Pádua, território político também do deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) outro pré-candidato a 2014. "A Caravana do PT segue ouvindo moradores do noroeste do RJ, que não tem hospital público. Jovens querem emprego para ficar na região", postou o senador no Twitter. "Em Varre-e-Sai, Caravana do PT depara com falta de hospitais e condições precárias dos produtores rurais, que são 80% da população", comentou no microblog.

"Quando ele ataca o Estado, ele ataca o governo Dilma", afirma o presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani. "Ele está atacando a aliança, está provocando a ruptura de uma aliança que é muito importante para o governo federal. Somos o terceiro colégio eleitoral e o PT não tem nem o primeiro e nem segundo", lembra Picciani referindo-se a São Paulo e a Minas Gerais.

Lindbergh afirma não estar fazendo campanha, nem atacando. "Eu apenas mostro o que posso fazer além. Sou o candidato da aliança com mais chances de vencer", afirma o senador.

Ontem, pesquisa do Instituto GPP, divulgado pelo vereador Cesar Maia (DEM) em seu blog, mostra que, se as eleições fossem hoje, o deputado Anthony Garotinho (PR) teria 17,6% dos votos, Lindbergh estaria praticamente empatado com 17,4%, o próprio Cesar Maia viria em terceiro com 15,3%, o vice-governador Pezão com 11,6%, e o deputado federal Alfredo Sirkis (Rede), com 2,3%.

A pesquisa aponta um crescimento do vice-governador em relação aos últimos dados divulgados. Pezão, em pesquisas anteriores, beirava os 5%. O crescimento deve acirrar ainda mais os ânimos. "Ainda é muito cedo para ler pesquisas. As pessoas hoje estão preocupadas com as escolas, com o reajuste do plano de saúde, ou ainda com a inflação e a crise da economia mundial", minimiza Picciani. "Mas é nítido que o Pezão, o menos conhecido, vai aos poucos se tornar mais conhecido e se eleger como sucessor do governador Sérgio Cabral", afirma Picciani.

"A questão política se resolverá. O fato é que a aliança está cada vez mais fortalecida, a presidente Dilma vem ao Rio toda semana e mostra o apoio e o apreço ao Pezão", lembra Picciani referindo-se à visita que Dilma fez a Petrópolis na segunda-feira; e à viagem, há duas semanas, para conhecer as obras do submarino em Itaguaí, inaugurar um hospital na Ilha do Governador e visitar o Museu de Artes do Rio, no Porto Maravilha.

O senador segue em campanha e diz que o PMDB tem direito de decidir quem será seu candidato. Lindbergh não acredita que a exigência do partido dará resultado. "Quanto à ameaça do PMDB, entra por um ouvido e sai pelo outro", finaliza o senador.

Fonte: Valor Econômico

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