sábado, 2 de março de 2013

Campos critica governo e Lula vê aliança em risco

Governador reprova precipitação do debate eleitoral por petistas num momento em que a economia está frágil

Virtual candidato do PSB diz que não será 'atropelado'; 'Quem quiser romper que rompa', afirma Lula

Daniel Carvalho e Bruno Pontes

RECIFE, FORTALEZA - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), criticou ontem a presidente Dilma Rousseff por antecipar o lançamento de sua candidatura à reeleição num momento em que tem dificuldades para fazer a economia voltar a crescer com vigor.

"Nunca vi quem está no governo, sobretudo quem está no governo numa situação de dificuldade, antecipar calendário eleitoral", disse o governador, após cerimônia no Recife. "Nunca vi isso dar certo."

Dilma foi lançada candidata à reeleição há uma semana pelo seu antecessor e padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo uma temporada de provocações entre petistas e outros políticos interessados na corrida presidencial.

Campos, que deseja entrar na disputa pela Presidência, tem sido pressionado por aliados a lançar logo sua candidatura, mas prefere deixar o anúncio para mais tarde para não ficar exposto a ataques dos adversários tão cedo, um ano e meio antes da eleição.

Num sinal do incômodo que os petistas criaram para ele, o governador apontou pela primeira vez a presidente ao criticar a precipitação do debate eleitoral e afirmou que o PSB não aceitará ser "atropelado" por outros partidos.

"O relógio do PSB trabalha no fuso horário do PSB", disse Campos. "Não vamos trabalhar com o relógio dos outros, com o tempo dos outros, nem fazer o jogo dos outros."

Perguntado sobre as ambições presidenciais de Campos em Fortaleza, onde participou ontem de uma reunião do diretório nacional do PT, o ex-presidente Lula disse que a "aliança histórica" com o PSB foi posta em risco.

"Eu defendo a liberdade incondicional de cada partido fazer o que achar melhor", afirmou Lula. "Eu jamais tomaria qualquer atitude para impedir que algum companheiro fosse candidato."

Em seguida, acrescentou: "O que temos que ver é se estrategicamente é importante a gente colocar em questão uma coisa que tem dado tão certo para o país, a aliança histórica entre PT e PSB."

A portas fechadas, ao se dirigir à cúpula do partido na reunião do diretório nacional, Lula foi mais duro. "Quem quiser romper que rompa [com o governo]", afirmou, de acordo com relatos de participantes da reunião.

Lula quer manter unida em torno de Dilma a coalizão de dez partidos políticos que sustenta o governo petista e acha que a melhor maneira de vencer a eleição será transformá-la em um novo confronto com o PSDB, derrotado pelos petistas nas últimas três eleições presidenciais.

O PSB aliou-se ao PT em quatro das seis eleições presidenciais realizadas após a redemocratização do país. O partido controla atualmente dois ministérios, o da Integração Nacional e a Secretaria Especial de Portos.

A exemplo de Lula e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o provável candidato dos tucanos em 2014, Campos planeja iniciar em breve uma série de viagens pelo país para participar de seminários. A primeira parada será Porto Alegre, em abril.

Fonte: Folha de S. Paulo

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