terça-feira, 26 de março de 2013

Conflito entre Lindbergh e Cabral no Rio preocupa direção do PT

Temor é que disputa cause prejuízo à aliança nacional com o PMDB

Sérgio Roxo

SÃO PAULO - Apesar de considerar normais os embates entre integrantes de partidos da base nos estados, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, revelou preocupação com a troca de acusações entre o senador Lindbergh Farias (PT) e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que pode afetar a aliança nacional entre as duas legendas.

- A nossa intenção é que a disputa no Rio não provoque nenhuma sequela ou fragmentação com o partido que tem a Vice-Presidência da República e tende a continuar como nosso aliado mais potencial, que é o PMDB - disse Falcão.

No domingo, o senador petista, pré-candidato a governador em 2014, acusou o PMDB de estar por trás das denúncias publicadas pela revista "Época" de irregularidades em sua gestão à frente da prefeitura de Nova Iguaçu. Cabral defende a candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão. Lindbergh ainda disse que o governo do Rio não usou recursos repassados pela presidente Dilma Rousseff para reconstrução de cidades da Região Serrana castigadas pelas chuvas de 2011. O governador afirmou desaprovar dossiês contra adversários.

Apesar da preocupação demonstrada em sua declaração, o presidente nacional do PT negou a intenção de intervir no duelo para acalmar os ânimos da antecipada disputa eleitoral pelo governo do Rio.

- O Lindbergh tem noção que a disputa vai se dar em termos políticos, com debate de ideias. Imagino que o PMDB também tem a mesma convicção.

Falcão considera que os duelos são normais e esperados.

- Quando você tem uma polarização muito grande de lideranças essas disputas costumam ocorrer - disse o presidente do PT, que se reuniu ontem com dirigentes estaduais da legenda para iniciar os debates sobre a eleição do próximo ano.

Presente ao encontro, o presidente do PT do Rio, Jorge Florêncio, tenta colocar panos no quentes no embate, considerando a "tensão natural". Ele anunciou a intenção de procurar Lindbergh e Cabral para conversar.

- Tem dois candidatos à frente, não dá pra dizer que vai ficar tudo na santidade.

Florêncio classificou as denúncias contra o pré-candidato petista de "requentadas". E ainda tratou de minimizar as acusações de Lindbergh de que o PMDB é autor do dossiê que resultou na reportagem da "Época".

- A gente tem de ter cuidado para saber se o governador teve algo a ver com isso. Não há comprovação - disse o presidente estadual do PT, que considera a candidatura de Lindbergh "irreversível".

No encontro de dirigentes petistas em São Paulo, uma das principais preocupações foi colher informações sobre a movimentação de Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) em busca de alianças nos estados para a eleição presidencial do próximo ano.

Apesar da preocupação, Rui Falcão revelou que ainda não dá como certa a entrada de Campos na disputa.

- O PSB integra a base da presidente Dilma. A nossa expectativa é que isso possa continuar sendo assim.

A candidatura de Campos pode causar constrangimentos em estados em que o PSB é aliado do PT no governo local. É o caso do Rio Grande do Sul em que o governador petista Tarso Genro tem como vice o socialista Beto Grill.

- A candidatura do Eduardo Campos é inoportuna - classificou o presidente do PT gaúcho, Raul Pont.

Para as eleições estaduais, a ordem no PT é buscar alianças com as legendas da base a partir de acordos que sejam feitos no plano nacional em torno da candidatura de Dilma. Todas as decisões dos diretórios nos estados sobre candidaturas locais passarão pelo crivo da direção nacional.

Não há ainda um prognóstico de quantos candidatos petistas encabeçarão chapas. Em São Paulo, tida como disputa chave, a ideia é antecipar a escolhe do nome petista. O presidente estadual do PT, Edinho Silva, descarta a possibilidade de realizar prévias, mas afirmou que a escolha se dará até a metade do ano.

Silva citou quatro potenciais candidatos, todos ministros: Alexandre Padilha (Saúde), Aloizio Mercadante (Educação), Guido Mantega (Fazenda) e José Eduardo Cardozo (Justiça). O presidente do PT paulista pretende consultá-los para saber quem tem interesse em concorrer.

- No segundo semestre, o nosso candidato vai começar a correr o estado.

Fonte: O Globo

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