quarta-feira, 13 de março de 2013

Dilma sinaliza disputa acirrada por Nordeste

Murillo Camarotto

ÁGUA BRANCA (AL) - O PT sabe que a possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República, põe em risco a hegemonia do partido em eleições presidenciais no Nordeste. Com o debate eleitoral antecipado, a presidente Dilma Rousseff está em excursão pela região. Ontem, ela acenou com obras e ações de combate à seca no Nordeste, tendo ao lado o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, do PSB.

"Nós vamos ser capazes de enfrentar a seca e garantir ao Nordeste as mesmas oportunidades que há no Sul e no Sudeste. As mesmas oportunidades nas áreas de educação universitária, formação técnica e acesso a tudo o que há de mais moderno na área da agricultura", prometeu a presidente, sob aplausos.

Ao lado de caciques da política alagoana, como os senadores Renan Calheiros (PMDB), Fernando Collor de Mello (PTB), e do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), a quem chamou de "grande parceiro", Dilma anunciou investimentos no Estado.

A retribuição veio na forma de flores e elogios ao PT. O governador tucano ofereceu flores à presidente e elogiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Meu pai dizia que se os amigos não mandarem flores, os inimigos não enviam nunca", disse o governador, antes de entregar a Dilma um buquê. "A senhora é uma grande amiga de Alagoas e do sertão. A senhora vem ao sertão fazer história", disse o tucano.

Vaiado no início de sua fala, o governador citou o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao projeto Canal do Sertão, parcialmente inaugurado ontem. Disse, no entanto, que foi Lula quem fez a obra "desembestar".

Presente ao evento, o ex-presidente da República e hoje senador alagoano Fernando Collor de Mello (PTB) reivindicou parte dos créditos pelo projeto, orçado em R$ 3 bilhões e que visa levar água ao semiárido alagoano.

Durante o evento, foi distribuído um panfleto no qual Collor diz ter iniciado a obra, em 1991. "Infelizmente, o governo tucano não priorizou o projeto alagoano em Brasília. Resultado: o canteiro de obras ficou parado por nove anos", diz o ex-presidente no panfleto. O material também traz fotos de Collor abraçando Dilma e Lula, a quem também atribuiu a retomada da obra.

Os projetos contemplados envolvem a pavimentação de rodovias, a construção de um viaduto e a ampliação do Canal do Sertão. A presidente também prometeu recompor os rebanhos perdidos para a seca e a elaboração de programas de silagem e de sementes.

"Temos o interesse de fazer obras como essa. Obras que permitem enfrentar a seca. Não temos como impedir que a seca ocorra, mas temos como impedir que nos atinja. Essa obra vai durar anos e anos, e vai permitir enfrentar de forma eficiente a estiagem", afirmou Dilma. Nos últimos meses a presidente já visitou Maranhão, Piauí, Sergipe, Paraíba e Alagoas. Na semana que vem, vai ao Ceará.

Apesar do pacote de bondades, a presidente foi alvo de protestos de um pequeno grupo, que preferiu não se identificar. De acordo com os manifestantes, Dilma teria "deixado a luta e se abraçado ao capital", além de ter se aliado a políticos que "contribuíram para a morte de jovens durante a ditadura militar". O principal alvo dos manifestantes era Renan Calheiros. Mais cedo, agricultores que pedem perdão de suas dívidas bloquearam a BR-423.

Dilma ressaltou a política econômica posta em prática por sua gestão. Ela afirmou que o governo nadou contra a corrente internacional e foi "muito feliz" ao reduzir os juros e atingir as menores taxas de desemprego da história.

A presidente afirmou que o governo está empenhado em melhorar as condições de produção e garantiu que "o país vai crescer": "Vai crescer para que os jovens tenham um futuro melhor que o nosso."

De acordo com Dilma, a desoneração dos itens da cesta básica, anunciada na semana passada, é boa pois irá ajudar no combate à inflação e elevará a renda dos assalariados. Sobre a necessidade de investimentos em educação e infraestrutura, Dilma afirmou que "tendo escolas, estradas, rodovias, portos, nós somos um país invencível".

Fonte: Valor Econômico

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