domingo, 3 de março de 2013

Expansão do PIB cai quase à metade no pós-crise global

Na média dos 4 anos, país ficou no meio entre os mais e menos afetados

Apesar da quase estagnação de 2012, desemprego baixo e programas sociais suavizam impactos

Gustavo Patu

BRASÍLIA - Completado um quadriênio sob efeitos de crises no mundo desenvolvido, o crescimento econômico do Brasil sofreu uma perda de 41% na comparação com os quatro anos anteriores.

Com a recém-divulgada expansão de apenas 0,9% em 2012, o Produto Interno Bruto contabiliza um avanço médio de 2,7% anuais desde 2009, modesto para os padrões e necessidades das economias emergentes.

Já entre 2005 e 2008, vivia-se o período de maior bonança nacional em tempos de inflação sob controle, com crescimento médio de 4,6% ao ano -vigoroso o bastante para que o governo considerasse o país imune às turbulências externas.

No final daquele período, quando a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers precipitava o início de uma recessão mundial, a administração petista minimizava o impacto doméstico do novo cenário global.

Na metáfora do então presidente Lula, o tsunami enfrentado pelos Estados Unidos chegaria ao Brasil como uma "marolinha". Para a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, seria uma "pequenininha gripe".

Mas, se de fato não passou por uma retração econômica dramática, o Brasil esteve longe de ser, como divulgava a propaganda oficial, o último país a entrar e o primeiro a sair da crise.

Levantamento feito pela Folha mostra que o país ocupa uma posição intermediária entre os mais e menos afetados pela conjuntura internacional adversa -que, do estouro de uma bolha imobiliária nos EUA, desaguou em um impasse de endividamento público na zona do euro.

Consideradas as principais economias do mundo, reunidas no G-20, nove países e a União Europeia passaram por perdas de crescimento econômico mais agudas que a brasileira; nessa lista, o PIB encolheu na Itália, no Reino Unido e na UE no geral.

Outros nove países sofreram menos que o Brasil, na comparação entre o quadriênio da crise e os quatro anos anteriores. No entanto, apenas dois, Arábia Saudita e Indonésia, não experimentaram uma desaceleração de um período para o outro.

Previsivelmente, o mundo desenvolvido foi mais abalado, incluindo europeus, EUA e Japão. Os mais resistentes são os emergentes asiáticos, que englobam ainda a China e a Índia, além da Coreia do Sul -que, para parte dos analistas, já está entre as economias avançadas.

Para o Brasil, a consequência negativa mais palpável da nova conjuntura global foi a interrupção da escalada dos preços das commodities, ou seja, dos produtos primários de exportação como soja e minério de ferro.

Antes de marolinhas ou tsunamis, o país surfava no boom das commodities, que sustentava recordes sucessivos das exportações e dava impulso ao crescimento da produção e da renda.

Apesar da quase estagnação do último ano, a economia brasileira mantém taxas de desemprego em patamares historicamente baixos, que, com a ajuda de programas sociais, suavizam os impactos adversos.

Fonte: Folha de S. Paulo

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