quinta-feira, 21 de março de 2013

‘Faxinado’ volta a cargo no governo

O ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), vai reconduzir a cargo na sua pasta assessor ligado a Carlos Lupi, que deixou o governo por suspeita de corrupção

"Faxinado" retoma cargos no Trabalho

Depois de indicar ministro, Lupi é consultado para volta de seu ex-número 2 na pasta; atual titular diz que "nada foi provado" contra ele Fábio Fabrini

BRASÍLIA - O novo ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), vai reconduzir ao cargo o ex-secretário executivo da gestão Carlos Lupi, Paulo Roberto dos Santos Pinto, e não descarta a nomeação de outros quadros ligados ao ex-ministro, que deixou a pasta no fim de 2011, por suspeita de corrupção.

Já resolvida, a indicação ao posto, segundo na hierarquia da pasta, seguiria ontem para a Casa Civil, que tem de dar aval à escolha. Ligado a Lupi, Dias tomou a decisão após consultar o ex-ministro e presidente do PDT, que recupera sua influência -na Esplanada e se cacifa em negociações políticas com o Planalto. Em 2014, ele pretende se candidatar ao Senado pelo Rio.

"A única coisa que ele (Dias) me solicitou, que me perguntou, foi sobre o Paulo Pinto. Dei a minha opinião. Ele ouviu e disse que gostaria de tê-lo na sua equipe", afirmou Lupi, que vem mantendo conversas com o novo ministro sobre a formação da equipe no Trabalho.

Filiado ao PDT do Rio e integrante do Diretório Nacional do partido, Paulo Roberto é funcionário de carreira do Banco do Brasil. Levado à Esplanada por Lupi, destacou-se por sua fidelidade ao ex-ministro. Ele assumiu a pasta interinamente após a queda do padrinho político, até a nomeação do deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para o cargo.

Apesar de braço direito de Lupi, Paulo Roberto não foi abatido pelas denúncias. Em sua gestão, ONGs suspeitas de irregularidades continuaram recebendo recursos do governo.

"Experiência". Dias afirmou que, por ora, só o secretário executivo está definido. A escolha, segundo ele, se deve à "experiência" neste cargo e no de ministro interino. As nomeações para outros postos de primeiro escalão devem ser definidas até a semana que vem, após rodada de conversas com integrantes de seu partido e das centrais sindicais. "Nem sempre é possível fazer o que eu quero."

O ministro disse não se constranger em reconduzir quadros ligados ao ex-ministro. "Nenhuma dessas referências que se fez ao Lupi foram constatadas. Os órgãos de fiscalização e controle nada apresentaram", alegou. "Não entendo por que o constrangimento. Tenho de respeitar os meus companheiros, até prova em contrário."

O ministro disse que a presidente Dilma Rousseff não o mandou vetar nomes ligados a Lupi. Mas pondera que, se algum nome a desagradar, cabe a ela a palavra final. "A presidente pode, em qualquer momento, decidir." Dias afirmou que a recondução da ex-secretária de Relações do Trabalho, Zilmara Alencar, ligada a Lupi, "não foi discutida", nem a exoneração de Manoel Messias, ligado ao PT e à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A bancada do PDT na Câmara e a Força Sindical pressionam pela troca do secretário por um quadro "neutro". "Ter um ministro do PDT e, ao mesmo tempo, uma secretaria importante com o PT é inócuo", reclama um pedetista. O partido não fará, contudo, objeções à permanência de Paul Singer na Secretaria de Economia Solidária. Ele também tem ligações com o PT.

4 perguntas para... Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho e presidente do PDT

1. Como fica o ministério?

Nosso papel é ajudar o Manoel Dias a fazer • uma boa gestão. A equipe é da competência dele.

2. O sr. fez algum pleito?

Nunca. Ele só me perguntou sobre o Paulo Pinto, que foi secretário executivo meu e ministro interino. Ele ouviu e disse que gostaria de tê-lo na equipe.

3. Como o sr. vê as críticas sobre a volta de "faxinados"?

Já fiz muita faxina em casa e faço até hoje. Esse negócio é um acúmulo de incompreensões. Tenho 35 anos de vida pública. Nunca fui processado.

4. O sr. conversou com Dilma sobre a pasta?

Estive com a presidente na véspera do carnaval. Ela colocou que não estava satisfeita com a relação que o ministro (Brizola Neto) fazia com o partido. Eu disse: "Presidente, a decisão é sua. Não vim me queixar nem pedir nada". Ela me trata com distinção. Poucos ministros, mesmo saindo do ministério, estiveram tanto com ela em 2012 quanto eu.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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