sábado, 16 de março de 2013

IDH: ainda estamos mal – Editorial / Estado de Minas

País melhora, mas ainda é só o 85º do mundo

A divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem duas vantagens. De um lado, apresenta o estado de bem-estar da população não só em relação aos avanços internos, mas também em comparação com os indicadores das 187 nações que participam da pesquisa. De outro, constitui importante parâmetro para avaliar as políticas adotadas nos setores considerados — renda, educação e saúde.

Anunciado esta semana pela ONU, o IDH informa que mantemos, há seis anos, a 85ª posição no ranking, mas progredimos em vários índices. Em escala que vai de 0 a 1, o país alcançou 0,728. Ao tomar conhecimento da classificação, o governo protestou. Alegou defasagem de dados da análise. Usadas as estatísticas mais recentes, o IDH nacional chegaria a 0,74. A ONU afirmou tratar-se de exigências da metodologia, que impõe isonomia dos países pesquisados.

O indicador brasileiro, porém, registrou melhoras: passou de 0,728 em 2011 para 0,73 em 2012. De 1990 até hoje, saltou 24% — de 0,59 para 0,728. Há que aplaudir os passos à frente. Mas impõe-se lembrar que não caminhamos sozinhos. O mundo também avança. Nenhum país em 2012 teve o IDH menor que o de 2000. Vivemos num planeta melhor, menos injusto, mas com desigualdades que precisam ser reduzidas.

Para diminuir o hiato que separa o Brasil da Noruega, 1ª colocada no ranking do bem-estar com média de 0,955, necessitamos de mais, muito mais. Necessitamos de mais também se quisermos nos aproximar de vizinhos latino-americanos. Chile, Argentina e Uruguai, para citar três exemplos, estão bem na dianteira. A média da escolaridade responde por parcela do nosso atraso. Vale a comparação: 7,2 anos no Brasil, 9,35 anos na Argentina.

A falta de excelência da educação constitui o calcanhar de aquiles nacional. Em consequência, amargamos atraso na inovação, que compromete a competitividade da indústria e dos serviços. Na lista de produtividade dos países latino-americanos elaborada pela agência norte-americana de pesquisa Conference Board, o Brasil aparece em 15º lugar — à frente apenas da Bolívia e do Equador.

Vale lembrar que subdesenvolvimento não se improvisa. Cultiva-se ao longo dos anos. Entre 2005 e 2010, o Brasil investiu 1,1% do PIB em tecnologia. É pouco. Os Estados Unidos aplicaram 2,8%. A China, 1,5%. O resultado não poderia ser outro. Brasília tem 695,7 pesquisadores por milhão de habitantes. Washington, 4.674. Pequim, 1.198. O recado é claro: acumular e distribuir riqueza exige algo mais que palavras.

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