quarta-feira, 13 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: esquerda democrática.

Se ele vier a ser candidato, vem como alguém que rompe a base do governo pela esquerda e pode atrair outros setores. Eu não estou esperando que ele faça oposição, mas não é um candidato do governo. É uma alternativa ao governo que aí está.

Não acredito que Eduardo não esteja buscando sua ampliação. Ele está. As coisas estão acontecendo, é um certo fenômeno que está aí. Não sei se é o cansaço com o governo, mas vários empresários, por exemplo, começam a pensar sobre Eduardo.

A abertura do debate é feita por uma conferência política, que vamos realizar em abril, para a qual foram convidados representantes do que chamamos de esquerda democrática. O que acontece é que alguns dos que chamamos, talvez pela antecipação eleitoral, sejam colocados como pré-candidatos.

Nós precisamos de um salvador da pátria. O Lula foi presidente e até hoje não sabemos o que ele realmente pensa. Temos que buscar saber o que os candidatos pensam sobre o Brasil.

O partido não é linha auxiliar nem está automaticamente aliado a quem quer que seja. Há uma tentativa de dizer que temos uma tradição de estar com o PSDB. Mas, desde 1989, eu votei mais em Lula do que no PSDB.

Eu conheci Aécio muito jovem, na juventude do MDB. Não está excluído o apoio ao Aécio, mas você tem alternativas que se aproximam do pensamento do PPS. E tem a própria Marina.

A avaliação de Dilma pode ser boa, mas a do governo é muito ruim. A população não está tendo uma boa visão das questões básicas, como saúde, educação e segurança. É tão grande a preocupação da população que a segurança passou a ser cobrada também das prefeituras e não somente do governo do estado. Se o governo estivesse muito bem, ninguém estaria falando na sua sucessão E a economia vai cobrar seu preço. Eu não vou dizer que será o desastre, mas uma economia que cresce 1% não pode sustentar nível de emprego alto. Isso vai cobrar um preço. Eu espero que não seja dramático.

As pessoas começam a tomar consciência de que aquilo não representa nenhuma mudança. O Bolsa Família tem uma funcionalidade conservadora, que não muda a realidade, mesmo melhorando o presente. A política compensatória não mudou nada no Brasil. A ditadura teve votos nos grotões e parecia que nunca iríamos derrotá-los. Lula conseguiu unificar todos os coronéis.

Nós rompemos com o governo Lula fazendo críticas à política econômica. Não rompemos por causa da corrupção, não. Até porque, na época, não havia aparecido o mensalão. Nós nem sabíamos disso.

Não é para integrar um novo partido e virar uma geleia geral. É para virar uma oportunidade de debater e formar uma esquerda democrática brasileira. Não é juntar, não. É construir uma alternativa de esquerda democrática maior do que é o PPS hoje.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS , no debate de TV, programa Roda Viva, 11/3/2013.

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