segunda-feira, 18 de março de 2013

Os movimentos de um senador

Juliana Colares, Paulo Tarso Lyra

Com o peso de ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o senador Armando Monteiro (PTB-PE) atua nos bastidores como interlocutor de Eduardo Campos, provável candidato do PSB à Presidência, junto a empresários. Aliados do socialista não consideram o petebista figura fundamental quando o assunto é capitalizar para uma possível campanha ao Planalto. Mas afirmam que o apoio de Monteiro, personagem conhecido na política e na economia pernambucana, tem importância. Em troca, o senador espera ser ungido na disputa pelo governo do estado, em 2014.

“Eduardo hoje já tem um trânsito muito grande no empresariado. Ele prescinde de apresentação. Mas eu já fiz muito contato, pude divulgar e enaltecer o perfil de gestor dele”, diz Monteiro. O senador diz que, além de ter ajudado no diálogo de Campos com o parlamento e o empresariado, foi ele quem apresentou ao socialista uma consultoria que teve importante papel na implantação de novo modelo de gestão no estado. “Eu fiz a ponte, no início do governo dele, em 2006. Depois, o modelo se desenvolveu, se transformou. Hoje ele é um dos governadores que têm mais perfil de gestão. Eu ajudei a levar esse processo lá atrás para Pernambuco, mas o mérito é dele. O papel central é dele”, pondera.

Na última quarta, dia do encontro dos governadores no Congresso, Campos chegou mais cedo e foi ao gabinete de Armando Monteiro. Conversaram a portas fechadas e dizem ter tratado apenas do que estava na pauta do dia, o pacto federativo. Ao falar sobre a visita, Monteiro disse que não conversou sobre sucessão e que Campos tem o costume de visitar a bancada do estado quando no Congresso.

Financiamento

Naquela tarde, antes de ir à reunião, o socialista também foi à sala do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). No dia seguinte, Eduardo viajou para o Rio, onde assinou um termo de compromisso ambiental com a Petrobras. Na quinta, jantou na casa do presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo e do grupo Riachuelo, Flávio Rocha, em São Paulo, com cerca de 60 empresários. Na ocasião, disse que o Brasil não começou com partido A, B ou C e que “dá para fazer muito mais”. Na sexta, deu uma palestra a empresários varejistas, em que afirmou que para posicionar o Brasil no mercado global, é preciso fazer as reformas política e tributária.

“Uma candidatura primeiro se viabiliza do ponto de vista político. Não vejo, a priori, problemas no quesito financeiro”, disse Armando, quando perguntado sobre necessidade de Campos capitalizar recursos para conseguir entrar na disputa pela presidência. “Com a dimensão política que ele (Campos) adquiriu, essa questão será tratada. Nunca fui tesoureiro de campanha de ninguém. Pelas inserções que ele tem, isso será equacionado a seu tempo”, complementa o senador, enfatizando que os resultados da gestão do governador são termômetros para o empresariado. O Palácio do Campo das Princesas nega que tenha sido delegado a Monteiro o papel de interlocutor de Campos com o empresariado.

Ciente de que o PT local também discute o apoio a seu nome quando trata da disputa pelo governo estadual em 2014, Monteiro diz que tem bom trânsito com o PT. Mas não esconde que prefere ser o candidato de Campos e rebate os que apostam que o socialista prefira alguém da “cozinha” do governo a um político de outra legenda. “Eduardo recebe todos na sala”, brinca. “A aliança é pluripartidária. Na composição da chapa em 2010, Eduardo revelou um espírito aliancista. Não tem ninguém excluído. Nunca escondi que tenho esse desejo (de ser governador), mas entre o desejo e a viabilização do projeto, existe um caminho em que é preciso somar.”

Entre os nomes apontados por políticos locais como possíveis candidatos de Eduardo Campos, estão o secretário da Casa Civil do governo de Pernambuco, Tadeu Alencar, o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, e o secretário de Saúde, Antônio Figueira. “O governador é o natural coordenador do processo decisório. Em algum momento, ele vai discutir critérios, ver quem soma mais. Eu estou na fila. Em que posição da fila, eu não sei”, complementou Monteiro. Eduardo Campos não comenta sobre o assunto com a imprensa. Prefere manter o discurso de que só se fala de 2014 em 2014.

Fonte: Correio Braziliense

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