Vera Rosa
BRASÍLIA - O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, avalia que o cenário do ano que vem não terá o "céu de brigadeiro" da eleição de 2010 para a presidente Dilma Rous-seff porque a estabilidade econômica está "ameaçada". Apesar das dificuldades enfrentadas para unir os tucanos, Aécio diz confiar no crescimento de seu potencial de votos.
"Tem muita gente apressada, achando que a eleição é uma corrida de 100 metros, quando, na realidade, é uma maratona", afirmou o senador mineiro. "O governo tem muitos problemas em várias áreas, a começar pela economia. A gestão vai mal, a infraestrutura está empacada, a inflação de alimentos ultrapassa 30% e a safra não consegue ser escoada."
Aécio recebeu nesta semana o apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para comandar o PSDB. Alckmin cedeu depois de ouvir apelos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas busca manter a neutralidade na disputa entre Aécio e o ex-governador José Serra, que ameaça deixar o PSDB para ser novamente candidato ao Palácio do Planalto.
Para o senador, porém, todos os problemas no PSDB são menores do que as divisões na seara petista. "O PT sabe que a economia, em 2014, não estará como na eleição da Dilma, em 2010. Hoje temos inflação alta e um crescimento baixíssimo", disse Aécio, numa referência ao Produto interno Bruto (PIB) de 2012, que ficou em 0,9%. "E claro que Dilma tem um mote de campanha, assim como eu construirei um, mas é muito cedo para pensar nisso", desconversou. O PSDB tenta importar um dos conselheiros políticos das campanhas de Barack Obama nos Estados Unidos para ajudar o senador.
"Fracassos". Em fevereiro, Aécio ocupou a tribuna do Senado para listar o que chamou de "13 fracassos" do PT no governo. O discurso foi feito no mesmo dia em que o PT comemorava 10 anos à frente do Palácio do Planalto. De lá para cá, porém, sua popularidade não aumentou e as divergências no PSDB foram escancaradas. Além disso, uma ala do DEM flerta com a provável candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Na última pesquisa Ibope, em parceria com o Estado, Aécio aparece em terceiro lugar, com 9% das intenções de voto, atrás de Dilma (58%) é de Marina (sem partido), com 12%. Nesse cenário, Campos tem 3%.
No diagnóstico do presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), a oposição pode se recuperar, se souber mostrar as fragilidades do governo Dilma. Agripino disse que o tripé da campanha de Dilma à reeleição -"traduzido" pelo Palácio do Planalto como "energia/comida/juros" começa a desmoronar.
"A queda da tarifa de energia elétrica já produziu a primeira baixa: a Eletrobrás registrou o pior resultado de sua história", afirmou o presidente do DEM, numa referência ao prejuízo de R$ 6,9 bilhões no ano passado, anunciado pela companhia. "Nem tudo o que é bom (para a população) é sustentado. Tem ser bom e permanente. A atitude tomada pelo governo é vulnerável. Vamos ver o que vai acontecer com os apagões."
Agripino avaliou como "positiva" a desoneração da cesta básica, outro mote da campanha de Dilma, mas enxergou na medida um viés eleitoral. "Por que isso acontece só agora? Por que não houve a desoneração do kit do material escolar?", perguntou, em alusão a um projeto de sua autoria, que tramita há dois anos no Congresso.
A redução dos juros no governo Dilma não é mérito do PT, na opinião de Agripino. "Se depois de dez anos de bonança econômica o governo não enfrentasse os juros na estratosfera, não haveria governo", reagiu o senador.
Em crescentes dificuldades desde que o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab abriu uma dissidência no partido e criou o PSD, o DEM está hoje dividido sobre o apoio a Aécio ou a Campos. A tendência é a dobradinha com o tucano, mas uma ala do DEM defende a aliança com o governador de Pernambuco, caso ele seja candidato.
Nas reuniões do partido, o tema sempre provoca discussões acaloradas. Há quem avalie que, se a oposição não se unir em torno de Aécio, Dilma pode vencer no primeiro turno. "O próximo governo precisa ser de salvação nacional, para pôr o Brasil no rumo da competitividade, porque o PT, por convicção ideológica, não faz as concessões como deveria, mas faz uma faxina para inglês ver", criticou Agripino.
Sigla antecipou candidatura
A candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República foi lançada em dezembro do ano passado - faltando 1 ano e dez meses para as eleições -pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Naquele mesmo dia, o presidente nacional da sigla, Sérgio Guerra, afirmou que Aécio era, sem dúvida, o nome da "grande maioria do PSDB".
Essa foi a primeira vez que o partido lançou, com tanta antecedência, um candidato ao Palácio do Planalto. Em função de disputas internas, desde a sucessão de Fernando Henrique, em i 2002, o PSDB deixava essa escolha para o ano da eleição presidencial.
Neste momento, a situação não é muito diferente. Incomodado com a ascendên- cia do mineiro, que deve assumir também a presidência da sigla, José Serra chegou a ameaçar sair do PSDB. A cúpula do partido espera agora o apoio de Serra para selar a candidatura de Aécio.
Em procissão, tucano critica criação do 39º ministério
O senador Aécio Neves (PSDB- MG) disse ontem que a recém- criada Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério, servirá apenas para oferecer cargos à “paquidérmica base de sustentação do governo” e, com isso, “garantir alguns segundos a mais de propaganda eleitoral para a atual presidente”. A criação do 39º ministério foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff na quinta-feira. “Reformas ministeriais, em qualquer democracia mais avançada, pressupõe a melhoria da qualidade da prestação do serviço público e até mesmo o enxugamento da máquina. No Brasil, reforma ministerial serve para aumentar os custos do governo”, afirmou. Para o tucano, a nova pasta não resolverá o problema da pequena e micro empresa. “Elas precisam de apoio, sim, mas precisam de verbas, de um BNDES que não privilegie apenas os grandes conglomerados.” Aécio participou na noite de ontem da Procissão do Enterro em São João del Rei (MG), seguindo tradição do avô Tancredo Neves.
(Marcelo Portela, enviado especial)
Fonte: O Estado de S. Paulo
E mesmo com toda essa dificuldade em estabilizar a economia, os congressistas ainda querem aumento de mais de 60%. Só rindo com esse Brasil!
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